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Após quase 16 horas exaustivas, finalmente pousamos em solo italiano, e nesse ponto, minha gratidão pelo jatinho da Carina atingiu níveis gigantescos, duvidava que aguentaria a toda essa jornada em um voo comercial

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Após quase 16 horas exaustivas, finalmente pousamos em solo italiano, e nesse ponto, minha gratidão pelo jatinho da Carina atingiu níveis gigantescos, duvidava que aguentaria a toda essa jornada em um voo comercial.

— Ei, bambino - Carina disse, pegando o capitão em seus braços. - Você está prestes a conhecer sua outra casa, sabia? - Seu tom era repleto de ternura, e sorri ao observar o carinho dela com o cachorro.

— Que delícia de sol - comentei, observando a porta da aeronave se abrir, revelando um dia iluminado lá fora.

— Bem-vinda ao paraíso, bella - ela sussurrou, abraçando-me por trás e depositando um beijo suave em meu pescoço.

Signorina DeLuca - um rapaz surgiu diante da escada. - Le valigie sono già in macchina.

Grazie, Giacomo - ela agradeceu com um sorriso, e então dirigiu o olhar para mim. - Ele disse que as malas já estão no carro, vamos?

Enquanto ela descia com o capitão nos braços, o copiloto me auxiliava a sair da aeronave. Ajustei as muletas agradecendo, e nos dirigimos a uma Range Rover estacionada.

— Ué - comentei. - Você não disse que tinha uma Porsche aqui na Itália?

— Também - ela sorriu timidamente.

— Quantos carros você tem? - perguntei.

— Contando com o de Seattle, 4 - ela respondeu.

— Caralho - soltei uma exclamação. - Eu nunca vou me acostumar com isso.

— Eu não gosto de ostentar com muitas coisas, então carros são meu ponto fraco - ela se justificou.

— Pois eu ostentaria com tudo - falei, entrando no carro, e ela riu.

O trajeto até a casa de Carina foi uma experiência fascinante. A cidade deslumbrante, e ela me guiava pelos cantos, compartilhando histórias e curiosidades. Me peguei sorrindo ao ver como ela combinava perfeitamente com o local. Entramos em um condomínio fechado, e enquanto passávamos por cada casa, eu imaginava qual seria a dela. Quando avistei uma de paredes brancas, com janelas e portas azuis, como a arquitetura de Santorini, soube instantaneamente que era ali.

— Estamos chegando - ela anunciou.

— Aquela é a sua, certo? - apontei.

— Como você sabia? - ela perguntou, curiosa.

— Você mencionou uma vez que, se não fosse italiana, gostaria de morar na Grécia.

— E você realmente prestou atenção - ela afirmou, seu sorriso contagiante revelando alegria.

— Eu presto atenção em cada detalhe sobre você - Sorri, selando nossos lábios, até o latido animado do Capitão nos interromper, pulando entre nós duas.

— Parece que alguém está com ciúmes - Carina comentou, segurando o pequeno.

— Resta saber de quem é a culpa, não é mesmo? - Eu disse, rindo da cena.

— Bem-vinda ao meu lar - ela falou, destravando elegantemente o carro em frente à majestosa casa.

— Mais à sua cara impossível - brinquei, apreciando o lugar.

Ao desembarcarmos do carro, três pessoas nos aguardavam. Uma senhora de aparência simpática foi até Carina, abraçando-a e conversando em italiano.

— Maria - Carina sorriu para a senhora, segurando minha mão. - Essa é a Maya, minha namorada; ela é americana, então nós falamos em inglês com ela, tá bom?

— Claro que é sua namorada, minha filha. Acha que eu não estou acompanhando você de pertinho? - Maria falou, rindo, e veio me abraçar. - Prazer, Senhorita Bishop, eu trabalho com a senhorita DeLuca há anos; ela é quase como minha filha.

— Pode me chamar só de Maya - respondi com um sorriso.

— Já cansei de falar isso para ela - Carina disse. - Vem, vamos entrar.

A simplicidade de Carina nos fazia esquecer de sua riqueza. Esta viagem, porém, trouxe à tona a discrepância entre nossas realidades e eu me lembrava o quanto era pobre.

Ela colocou o capitão no chão que saiu  correndo alegremente e explorando cada canto.

— Ele vai fazer xixi em toda parte - comentei.

— Não tem problema - Carina respondeu com serenidade.

A casa, imponente e acolhedora, nos envolvia com seu charme. Após uma breve tour, Carina insistiu que a gente fosse pro quarto porque eu tinha andado demais e precisava descansar

— Este lugar é maravilhoso - declarei, me sentando na cama.

Carina, em seguida, dirigiu-se às grandes portas de vidro da varanda, abrindo-as.

— É um dos meus lugares favoritos no mundo - ela compartilhou, seu olhar perdido na vista espetacular.

— Qual é o outro? - perguntei, curiosa.

— Não é exatamente um lugar - ela sorriu. - É uma pessoa.

— Mesmo? - me aproximei dela, nossos olhares se encontrando antes de um beijo carregado de emoção.

Abraçadas, contemplamos em silêncio a paisagem deslumbrante. Carina suspirou, seus pensamentos se tornando um mistério que eu ansiava desvendar.

— Consigo imaginar tantas coisas aqui com você - ela compartilhou, seus olhos expressando sonhos e esperanças.

— Tipo o quê? - indaguei, intrigada.

— Você pode achar meio maluco - ela hesitou.

— Nada é mais maluco quando se trata de nós duas - eu brinquei. - Pode falar.

— Imagino a gente passando férias aqui - ela sorriu, fechando os olhos e descansando a cabeça no meu ombro. - Com crianças e cachorros.

— Consigo visualizar isso perfeitamente - comentei, admirando o cenário e antecipando o futuro - Posso imaginar os nossos cachorros ali na piscina - apontei. - Enquanto eu e Lucca corremos ao redor e você gritando que vamos escorregar no chão molhado enquanto está sentado naquele balanço com o nosso bebê no colo.

— Este é um dos meus lugares favoritos do mundo - ela admitiu.

— E qual seria o outro? - insisti, curiosa sobre a pessoa mencionada anteriormente.

— Não é um lugar, é uma pessoa - ela respondeu, seus olhos brilhantes de lágrimas  encontrando os meus — Eu te amo, Maya Bishop

— Eu te amo mais, Carina DeLuca - respondi.

Safe Place - Marina Onde histórias criam vida. Descubra agora