• Decisões impensadas

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Maya

Caminhei com a avó de Lucca até encontrar uma porta que aparentemente era um estoque, e entramos para conversar. A tensão no ar era palpável, e eu sabia que precisava manter a calma para lidar com aquela situação.

— Eu já sei o que você vai dizer - a avó de Lucca falou, sua voz carregada de desdém. - Vai vir com aquela história de que eu abandonei o meu neto nos escombros.

— E eu não estaria mentindo - respondi, mantendo minha voz firme apesar da raiva que sentia.

— É a palavra de vocês contra a minha. Eu estava passando por um momento de desespero e tudo aquilo me ocorreu! Estava preocupada com mais de 100 crianças - ela justificou, tentando se explicar.

— E decidiu agora simplesmente ir embora do estado e deixar essas crianças pra trás? - perguntei, buscando entender sua lógica por trás da decisão.

— Não estou entendendo onde você quer chegar, Capitã Bishop - ela retrucou, me encarando com desconfiança.

— Estou querendo dizer que é no mínimo muito estranho a senhora dizer ser tão preocupada com os seus órfãos que agora estão distribuídos em hospitais, decidir que vai se mudar - expliquei, lutando para conter a raiva que pulsava dentro de mim. - É muito contraditório, sabe? Principalmente quando parece que você quer fugir de uma acusação de abandono de incapaz.

— Você realmente não me conhece - ela disse, seus olhos faiscando de raiva e desdém.

— E nem quero conhecer - respondi, mantendo minha postura. - Só me importo que o Lucca esteja bem, e sinto que com você isso não vai acontecer, principalmente por você querer movê-lo num avião menos de 24 horas depois dele passar por cirurgias sérias.

— Eu não posso parar minha vida por conta de um bastardo que foi jogado na minha vida há uma semana - ela esbravejou, deixando escapar um comentário cruel, e logo percebeu seu erro ao ver a expressão de choque em meu rosto.

— Parece que eu estou certa, não é? - sorri ironicamente, confrontando-a com a verdade que ela queria esconder.

— O que você quer, Bishop? - Ela perguntou, sua voz carregada de desespero e raiva.

— Quero que você deixe ele aqui no hospital por mais no mínimo uma semana, e que depois permita que ele seja colocado na fila de adoção para uma família que realmente o ame - declarei, com um tom firme.

— Você só pode estar maluca achando que eu vou abrir mão dessa criança - ela riu alto, sua arrogância ainda presente.

— É o dinheiro, não é? - falei, ligando os pontos diante das evidências que começavam a se revelar.

— Eu não vou mais falar desse assunto com você - ela disse, se aproximando da porta para sair, ignorando minhas acusações.

— Tudo bem, mas eu posso fuçar nessa história e abrir uma investigação - ameacei, sabendo que minha autoridade poderia ser um recurso poderoso nesse momento.

— Pode tentar a sorte - ela disse, desafiadora, e eu me desesperei, sabendo que precisava encontrar uma solução para Lucca o mais rápido possível.

— Uma semana - pedi, minha voz suavizando, apelando para qualquer traço de compaixão que ainda pudesse existir nela. - Para ele se recuperar perfeitamente, e você poderá buscá-lo depois.

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