Cheguei hoje na estação cerca de 2 horas antes do início do turno, pronta para enfrentar mais um dia. Comecei a mexer na papelada insuportável que parecia se multiplicar todos os dias quando Dixon, o chefe dos bombeiros, entrou em minha sala.
— Capitã Bishop - ele disse com um tom sério.
— Chefe Dixon - respondi, tentando manter minha voz firme apesar da tensão no ar.
— Acredito que tenha recebido a nossa advertência - ele continuou, seu olhar penetrante em mim.
— Recebi sim, chefe, e desde já digo que isso não voltará a acontecer - afirmei, tentando transmitir confiança.
Ele se sentou à minha frente, sua expressão séria revelando que essa conversa seria difícil.
— Você quebrou muitas regras nos últimos tempos, Bishop. Saídas durante o turno, colocando sua equipe em risco num desabamento, carregando civis na ambulância... Isso fica complicado, sabe - ele disse, escolhendo cuidadosamente suas palavras.
— Entendo, chefe, mas foram situações isoladas. Em uma delas, salvei a vida de uma criança - respondi, defendendo minhas ações com determinação. - Fora isso meus relatórios são impecáveis, a taxa de sucesso de 92% maior dos últimos 15 anos.
— As pessoas não estão felizes com isso. Vamos ter que te acompanhar de perto - ele falou, seu olhar crítico fixo em mim.
— O que isso significa? - perguntei, sentindo um aperto no peito.
— Significa que você está em observação a partir de agora. Espero que não me decepcione, Bishop - ele disse antes de sair da minha sala.
Assim que ele saiu, a frustração e a raiva tomaram conta de mim. Derrubei tudo que havia na minha mesa no chão, deixando escapar um grito de frustração. Esse cargo era minha vida, minha identidade, e a possibilidade de perdê-lo dessa forma era devastadora. Eu sabia que precisava provar a todos, especialmente a mim mesma, que ainda era digna da confiança que um dia me foi concedida. Determinada a superar esse obstáculo, respirei fundo e comecei a recolher os papéis espalhados pelo chão, pronta para enfrentar mais um desafio em minha carreira.
Mais tarde, estávamos voltando de um chamado quando Andy me olhou com preocupação estampada em seu rosto.
— Maya, aconteceu alguma coisa? - ela perguntou, sua voz carregada de apreensão.
— Por quê? - respondi, tentando disfarçar a tensão que sentia.
— Você gritou com todos hoje no chamado, foi extremamente rígida nos comandos - ela observou, seu olhar perspicaz fixo em mim.
— Só estou fazendo o meu trabalho corretamente, Tenente Herrera - falei, tentando manter minha voz estável, embora soubesse que minha frustração transparecia.
— Herrera - ela repetiu o seu sobrenome. - Entendi, Capitã Bishop.
Assim que chegamos na estação, subi para a minha sala, sentindo uma dor chata surgir na minha cabeça. Ao abrir a porta, dei de cara com Carina, sentada na minha cadeira.
— O que você está fazendo aqui? - perguntei, tentando não deixar minha irritação transparecer, embora fosse difícil controlar minhas emoções naquele momento.
— Oi, meu amor, tudo bem sim e você? Eu também estou muito feliz em te ver - ela falou irônica pela minha falta de recepção
— Estou feliz sim - disse, dando um selinho rápido nela, mas minha voz ainda soava fria. - Mas você não pode vir aqui sem avisar.
— Bom, eu já devia ter notado pelas mensagens que você não estava para papo hoje - ela disse, levantando-se e dando um passo para trás.
— A gente conversa em casa - falei, tentando amansar minha voz, embora minha irritação continuasse presente.
— Tudo bem, Maya - ela falou, sua expressão magoada. - Eu entendo. E se você falasse direito comigo, eu iria compreender o que está acontecendo.
Me apoiei na mesa e esfreguei minha testa em círculos, sentindo o peso da responsabilidade e da frustração pesarem sobre mim.
— Não estou num dia bom - falei, finalmente deixando minha guarda baixa, mostrando minha vulnerabilidade.
— Dá para perceber - ela disse. - Enfim, eu vim aqui na estação porque o Ben me chamou para um projeto de uma clínica. Não vou mais te incomodar - ela falou, saindo da sala, deixando-me com uma sensação de vazio e arrependimento por não ter sido mais compreensiva com ela.
Cheguei na cozinha e todos estavam almoçando, puxei a cadeira com força e me sentei, irritada.
— Se sobrou até para Carina, a coisa não tá boa mesmo não - Travis falou, sua voz cheia de tensão.
— O que? - perguntei, minha mente ainda tentando processar a situação.
— A Maya voltou ao mood treinado por Lane Bishop - Andy explicou né olhando.
— O que aconteceu? - perguntei, tentando entender o que tinha mudado. - Ela saiu bem de casa.
— Não sabemos ao certo - Vic disse, sua expressão séria. - Mas quando chegamos à estação, o Chefe Dixon estava aqui, então provavelmente tem algo a ver com ele.
— Dixon, igual a você? - perguntei a Emmet.
— Infelizmente, sim - ele respondeu. - Ele é meu pai, mas eu sou o lado bom da família.
— Depois você conversa com ela, Carina. Precisamos voltar aos bons tempos aqui na estação - Dean disse, tentando manter o ânimo da equipe.
— Não vou falar com ela enquanto estiver assim - falei, minha voz firme. - Eu a trato com todo amor do mundo para receber grosseria? Já lidei muito com isso e realmente não preciso disso.
— Ela fica assim quando está frustrada. Jajá melhora - Jack tentou acalmar os ânimos.
Olhei fixamente para ele, tentando entender por que ele parecia tão preocupado em defender Maya, mas decidi deixar essa questão para depois.
— Warren está na ambulância? - perguntei, buscando uma desculpa para sair dali.
— Sim - eles responderam em uníssono.
— Vou procurá-lo para falar sobre o tal projeto - falei, me levantando abruptamente. - Beijo para vocês.
Enquanto saía da cozinha, ouvi Vic comentar:
— Se nem a Carina, com o chá milagroso dela, consegue resolver o mau humor da Maya, estamos ferrados.
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Safe Place - Marina
FanfictionQuando a atriz Carina DeLuca foge do mundo glamoroso de Hollywood após a morte do irmão, ela encontra abrigo nos braços da destemida bombeira Maya Bishop