Capítulo Vinte e Sete | Preta (Rara).

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G A E L

- Patrão! - Ouço a voz de Chefin, quando piso no camarote desse grande baile e aperto a mão da minha mulher, que percebo que está olhando o ambiente ao redor. Tudo é extremamente novo para Starr, as pessoas, as roupas, as atitudes e até o ar, já que a minha mulher foi criada dentro de uma caixa pelo próprio pai.

- 'Fala ae - O cumprimento sem emoção e ele vira o grande copo goela abaixo.

- Servidos? - Xamã estende um corpo de plástico grande vazio, com uma garrafa de gin nas mãos. Bebida de boyzinho.

- Não vou beber - Trago Starr até um sofá grande, confortável e vermelho, me sentando no mesmo e a coloco no meu colo, arrumando o seu vestido para que essa porra não suba ou marque. Tudo meu.

- Você? Não vai beber? - Chefin questiona - Olha, acho que a maconha está fazendo efeito.

Depois de toda a porra que eu já passei, ainda assim coloco álcool e maconha na boca, por uma questão de necessidade. Não sou mais o caralho de um viciado, mas eu ainda preciso das drogas, é como se fosse uma parte de mim. Eu preciso para me acalmar e relaxar.

Claro, antes de conhecer a Starr.

A minha mulher precisa de um homem, um noivo, que esteja em total capacidade física e mental para a proteger de qualquer coisa que vier a acontecer. Eu sou um homem com inimigos, mais do que amigos e agora, estou com o pior de todos: meus próprios pais. Não sou burro, sei que essa porra de baile seria a oportunidade perfeita para que eles armassem algo, por esse motivo, estou totalmente sã para me colocar enfrente a minha mulher para qualquer coisa.

Eu não exagerei e aumentei as minhas palavras, quando disse que faria tudo pela proteção dela. Me entrego totalmente a minha preta, sou tudo que ela precisa e se caso, ela precisar que eu seja a porra de uma muralha em sua frente, eu serei, mesmo não sendo indestrutível.

- Você já é 'maconhado por natureza, então eu não teria tanta certeza assim - Cabelinho diz, subindo as escadas do camarote completamente particular.

- Preta... - A chamo, por notá-la muito quieta e a mesma vira o rosto, para me olhar - Quer fazer alguma coisa? Você está muito quieta.

- Não, amor - Adoro quando ela me chama assim - Apenas pensando em algo que aconteceu mais cedo.

- E o que aconteceu?

- Gabriella.

Meus olhos ficam atentos e eu ajeito a minha postura, deixando os meus braços em Starr em um claro sinal de proteção.

- Estava justamente na mesma loja que eu e acabamos discutindo - A escuto com total atenção - Isso não me afetou, pois eu sabia que poderia acontecer, mas teve algo antes da nossa discussão, que parece que grudou na minha cabeça e eu não consigo esquecer.

- O que?

- Primeiro ela me ameaçou, dizendo que a sua família estava esperando por você - Gabriella é uma mulher morta - E segundo, aparentemente estava conversando com alguém sobre o Sr. Barbosa - Me olha.

- O policial? - Minha cabeça guarda as principais informações e as monta na minha cabeça como um quebra-cabeça.

- Provavelmente, mas o Sr. Barbosa parecia ser um homem tão bom, não acredito que ele esteja entrando nessa família, por dinheiro e muito menos tendo algo com a sua irmã - Eu reviro os olhos com o "irmã", aquela família e eu não temos nada em comum, além da porra do sobrenome.

- Preta, os Garcías são extremamente manipuladores, não acredite e caia no jogo deles - Toco em seu rosto e deixo um selinho demorado na sua boca, ao notar compaixão em seu olhar. Barbosa... Terei que investigar essa porra - Assim como em um jogo de xadrez, os que dão cara a tapa para derrubar as outras peças, são os peões, os cavalos, as torres, mas quem de fato, está derrubando cada um, é o rei e a rainha.

Preta RaraOnde histórias criam vida. Descubra agora