Preta Rara

Capítulo Trinta e Sete | "O Fim."

S T A R R

Aperto a mão do meu noivo, que suspira ajeitando o seu terno sob medida. Vê-lo de terno é uma tesão sem igual, me sinto como uma tarada o olhando dessa forma, extremamente gostoso. Em seu rosto, há uma feição de poucos amigos, sua postura é impecável e o mesmo mantém o seu braço na minha cintura desde que chegamos aqui.

— Odeio essas roupas — Cabelinho afirma e o Gael concorda.

— Vocês ficaram tão lindos nela... — Gael me olha extremamente sério e eu reformulo a frase — Você ficou lindo nesse terno, amor — Deixo um selinho em seus lábios macios — O Victor ficou bonitinho.

— 'Bicho véi ciumento — O mesmo resmunga e eu solto uma risada, deixando outro beijinho no rosto do meu noivo.

Estamos na sala de reuniões da empresa García, esperando os sócios e investidores chegarem para que o Gael dê essa reunião. Foi uma surpresa para mim, quando o Gael me disse que tinha marcado uma reunião com os sócios da empresa do pai, eu pensei que ele não queria nenhuma aproximação com esse nome, mas aparentemente eu estava enganada... Meu noivo é realmente uma caixinha de surpresas.

— Quando eles vão chegar, Cabelinho? — Questiono caminhando com o Gael para a sua cadeira e o mesmo se senta, me deixando em seu colo. Victor está de olho em seu celular e levanta o olhar para mim.

— Hm... — Ouve-se um trinco na porta — Agora.

— Entre — Gael ordena e a simpática secretária, vulgo Bella, entra na sala.

— Desde quando eu preciso pedir permissão para você... — Diz com desdém olhando para o meu noivo, que sorri irônico.

— Brinque comigo mais uma vez e o seu nome vai parar no RH — Afirma e a Bella revira os olhos.

— Estaria fazendo um favor para mim — Rebate — Alguns velhos metidos a besta já chegaram, posso mandar entrar, Sr. Dono da porra toda? — Solto uma risada e o Gael balança a cabeça com um sorriso curto no rosto.

— Por favor, querida secretária simpática e extremamente educada — Responde com sarcasmo. A mesma sorri fracamente e vai em direção a porta.

Gael demitiu todos da empresa e suas filiais pelo Brasil, como uma forma de se proteger de um possível novo ataque dos Garcías. Alguns dias, contratou mais de mil funcionários, fora aqueles das filiais, tudo isso para nos proteger de uma traição. Cada funcionário foi escolhido a dedo por ele e investigado até mesmo o seu passado profissional e pessoal, para que não tenha erro em questão de segurança. Por este motivo, que a Bella está aqui.

— Com licença, Sr. García... — Rapidamente eu me levanto do colo do Gael, que me olha advertido, mas não tem tempo de falar nada, pois diversos homens de terno chegam a sala, já ocupando os seus devidos lugares — Os sócios e investidores.

— Obrigado, Senhorita Albuquerque — Bella revira os olhos pelo sobrenome e fecha a porta saindo logo depois. Gael se arruma jeitosamente e coloca os seus braços na mesa, com a sua pose séria.

A versão García do meu noivo.

— Primeiramente, eu gostaria, em nome de todos, prestar as nossas condolências ao senhor — Um homem diz, iniciando a reunião — Deve ser extremamente difícil perder a família inteira em um ataque tão sórdido como esse, nós sentimos muito — O homem termina e eu ouço uma risadinha ao meu lado. Quando olho, Victor está me olhando divertido e eu preciso desviar o olhar para não rir junto.

"Ataque sórdido", "deve ser tão difícil perder a família" e como, Gael esteve chorando por semanas.

— Agradeço a preocupação dos senhores, mas no momento não preciso de pena alguma — Gael se pronunciou arrancando olhares surpresos de todos — Marquei essa reunião para resolvermos toda a questão judicial e capital da empresa, nada mais.