Capítulo Trinta e Três | "Me desculpe, mamãe..."

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S T A R R

E

u cheguei em um momento da minha vida, que pensei que nada iria me abalar mais. Após descobrir que o meu pai queria me matar, matar o homem que eu amo e que me traiu, eu genuinamente pensei que teria sido o ápice das maldades dele, mas agora… Eu descobri que esse limite não existe.

Sinto o peso do meu noivo sobre mim, mas não consigo reagir. Simplesmente não tenho como reagir e nem sei como. Em meu rosto, lágrimas grossas rondam as minhas bochechas e eu lentamente fecho os meus olhos, sentindo o meu coração bater cada vez mais rápido, como se quisesse sair do meu peito.

Ele matou a minha mãe. A minha razão de viver e de sorrir todos os dias, para no final, ficar ainda mais distante de mim, me deixando sozinha para me resolver com os meus próprios pesadelos e pensamentos, com apenas dezesseis anos. DEZESSEIS ANOS.

— Gael… — O chamo e ele me solta minimamente, me olhando minucioso. Sinto proteção e submissão em seu olhar — Você prometeu que faria tudo por mim, não prometeu? — Em suas íris eu noto confusão, mas nas minhas apenas se tem fúria.

— Eu cumpro com as minhas promessas, preta.

— Ótimo — Minha voz sai sem reação ou emoção. Estou devastada, mas cansei de chorar. Cansei de ser a vítima, a que precisa de alguém sempre para a ajudar. Eu sou uma mulher de 24 anos, preciso tomar as rédeas dos meus pensamentos e emoções. Neste momento, a última coisa que precisamos é de alguém que chore a cada revelação bombástica. Talvez essa seja a única coisa que eu inveje do meu noivo, a sua frieza dentre as situações — Eu o quero morto, Gael. Morto.

Eu nunca irei o perdoar pelo que fez com a minha mãe e muito menos, o que fez comigo. Me colocou em uma corda bamba e me deixou cair sozinha. Eu estou cansada do homem que um dia chamei de “papai”. O desprezo será o único sentimento direcionado a ele.

Gael me olha seriamente. Em sua feição a confusão e atraso, o mesmo não consegue acreditar no que eu disse e sinceramente, nem mesmo eu. Quero apenas justiça. Justiça pela mulher boa e preciosa que era a minha mãe.

O único manipulável agora, será Maverick.

— Eu faço. Faço e obedeço tudo que você me ordenar, Starr — Responde — Se quer ele morto, terá.

Com a sua declaração, eu me permito chorar novamente. São lágrimas para a minha mãe e as boas memórias que eu tenho da mesma.

— Me desculpe, mamãe, por não tê-la protegido do homem que dormia todos os dias ao seu lado. Eu nunca irei me perdoar, por ter demorado tanto tempo para perceber isso… Perdão por não ter lhe dado a minha vida, como você me deu tantas vezes.

Meu murmuro sai sem emoção e eu imploro aos deuses que ela tenha ouvido todas as minhas palavras.

Maverick será um homem morto, por vingança e justiça à minha mãe.

[•••]

— O plano está pronto, preta e infelizmente eu irei precisar que você finja da melhor forma possível, carinho ao Maverick — Meu noivo estaciona o carro em frente a nossa casa e eu suspiro olhando pela janela, a mansão a nossa frente.

— Faço tudo pela minha mãe — Apenas lhe respondo isso e sai do carro. Caminho até a porta, sem esperar pelo Gael e adentro a minha casa. Maverick está em uma ligação e assim que me vê, o mesmo desliga rapidamente o celular.

— Oi querida — Sorri e eu acompanho.

— Oi… Papai — Quase não saiu — Estava falando com quem? — O questiono deixando a minha bolsa no sofá. O mesmo me olha nervoso, mas sabe disfarçar muito bem. Mentiroso de merda.

Preta RaraOnde histórias criam vida. Descubra agora