Epílogo.

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G A E L

"Tudo que é meu, tu pode ver, tá na responsa dela
E todo mundo 'tá ligado que ela é a minha de fé
Ai de quem cometer o pecado de cobiça a minha
mulher.. [...]
A preta do lado do preto."

Não gosto muito dessas músicas de praticamente 10 minutos, o caralho parece um podcast e não é do bom, mas até que essa música conseguiu me conquistar. Me faz lembrar da minha mulher e de tudo que vivemos. É a porra da nossa música.

"Gosta do perigo, eu me identifico
E 'tô ligado onde tu mora
Coração do homem é tipo nike
Se não 'tá no peito, 'tá na sola."

Me espreguiço na espreguiçadeira e viro a latinha de skol goela a baixo, me sentindo completamente relaxado. Um sol do caralho, óculos de sol, apenas de calção, churrasco, piscina, minha mulher e paz. Tudo que um homem precisa e espera depois de tanta emoção num intervalo curto de meses.

— Ô filhão, tu vai dormir até quando? Fiona do caralho! — Ouço o Cabelinho gritar e reviro os olhos, me levantando.

Esquece a parte da paz. Com Bella Campos e Victor Hugo, não existe paz, ainda mais eles dois como um casal e a porra de um moleque nas costas.

Pois é, os dois tiveram um pivete a dois anos e puta que o pariu, o menino é um terror. Deus me livre.

— Você sabe que a princesa que dorme é a "Bela Adormecida", não a Fiona, né? — Bella aparece saindo da cozinha com uma bandeja de metal nas mãos, com as carnes já salgadas.

— E essa porra é Bela desde quando? — Cabelinho responde e se esquiva logo depois, quando uma havaiana vai em sua direção.

— Filho da puta! — Xingo me aproximando do casal furação e resmungo quando sinto algo se prender na minha perna, me impedindo de andar.

Fio da puta! — O pivete do Victor diz e eu solto uma risada, pegando o pequeno no colo. O pagode começa a se espalhar pelo ambiente e eu me aproximo do Cabelinho, com o moleque nos braços.

— Se a sua mãe ouvir isso, eu estou fodido! — Cabelinho diz e eu solto uma risada, dando de ombros — Termina aqui — Deixa o pano de prato no meu ombro — Vamos sair daqui, antes que o seu padrinho diga mais alguma besteira.

Filho da puta, deixou o trabalho todo para mim.

— Já vi que relaxar, vai ser difícil 'pra caralho desse jeito — Resmungo pegando o garfo.

— Cuidado para não cair, crianças! — Martha repreende ao provavelmente ver as crianças do Chefin, Xamã e Filipe correndo em volta da piscina. Loucos igual os pais.

Onde que eu ia pensar que os maiores favelados da porra do RJ, seriam pais e que, estariam no meu quintal servindo de escravo para as suas mulheres. O negócio ficou brabo.

— Como diz mesmo, Ret? — Questiono quando o mesmo passa por mim, com brinquedos e produtos infantis.

— Chá de boceta, meu amigo! — Responde sendo repreendido por sua mulher, logo depois. Eu mal lembro o nome das esposas dos meus parceiros, justamente porque a única que me interessa, eu sei e ironicamente está no meu nome.

Vejo a mulher do Chefin e do Xamã sair da cozinha com potes nas mãos, provavelmente o resto do almoço, mas não vejo a minha mulher. Chamo o Chefin, para ele assumir a churrasqueira e vou atrás da minha preta.

Toco na mão dos menor que passou do meu lado e caminho calmamente até a cozinha, tirando os óculos de sol, os deixando em qualquer canto.

— Mas mamãe...

Preta RaraOnde histórias criam vida. Descubra agora