S T A R R
Meus olhos tardam para abrir e eu suspiro sentindo o meu corpo totalmente dolorido. As imagens das horas passadas entram em minha mente e um sorriso bobo aparece em meu rosto. Depois do banheiro, o Gael me levou para o quarto e dali, é só história.
Ele não me deixou descansar, até me ver praticamente desmaiada de tanto gozar. 5, 10, 15… Foram tantos orgasmos que eu mal consegui contar. Um atrás do outro.
Viro para o outro lado da cama em busca do meu pretinho e resmungo quando não o tenho do meu lado. Sinto algo pesar em meu dedo anelar e rapidamente abro os olhos, olhando com atenção o que está no meu dedo.
Um anel.
Um anel que com certeza vale mais do que eu e todos os meus órgãos juntos. Toco o meu dedo e suspiro ofegante quando o analiso melhor. É lindo, brilhante e possui uma estrela pequena e delicada na ponta.
Olho para os lados e vejo uma bandeja prata. Nela contém, um copo de água, um remédio para dor e um papel.
"Pô preta, cê sabe que o meu lance não é escrever e a minha caligrafia é feia pra um cacete (justamente por isso que eu reprovei incontáveis vezes).
Mas eu queria avisar, que você a partir de hoje é a minha noiva e esse anel que está no seu dedo, é só uma confirmação de que você é minha.
Não vai trabalhar hoje, preta, descansa aí, 'morô?
Volto logo, pretinha."Balanço a cabeça com um sorriso bobo no rosto e me sinto meio envergonhada com a parte do pedido. Deixo o papel de lado e volto a analisar o meu dedo.
— Mesmo que você não esteja aqui, que você não faça o estilo "romântico" e muito menos tenha me pedido, a resposta é sim — Sussurro deixando um beijo na minha aliança.
[•••]
Entro no posto, sendo recepcionada pela recepcionista que mantém um sorriso simples no rosto. As pessoas aos poucos foram se acostumando com a minha presença e não me vendo como uma ameaça. O que é ótimo para mim, mas mesmo assim, eu continuo exigindo respeito, óbvio.
Mesmo que o meu — agora então — noivo tenha dito para que eu não viesse trabalhar hoje, eu precisava vir. Não aguento ficar parada em casa e a morte de Caccini está rondando a minha cabeça, desde ontem. É tudo tão estranho…
Adentro a sala dos profissionais que trabalham no posto e caminho até o banheiro. Eu me surpreendi com o quão cuidado é este lugar e pelo que eu soube, tudo isso foi patrocinado pelo Gael. Ao menos, ele fez o mínimo como dono desse morro.
Visto o meu uniforme, prendo o meu cabelo e sorrio para o meu reflexo no espelho. Estou vivendo, provavelmente, a minha melhor fase e aprecio muito isto. Gael me trouxe sim, uma luz maior, mas o crédito é todo meu. Eu decidi mudar e enfrentar os problemas de frente, como os que eu tinha com o meu pai.
Nunca mais falei com ele, depois do ocorrido e confesso que as suas palavras ainda me machucam muito. Eu sei da importância de perdoar, mas não é tão simples assim. Não é fácil ouvir do seu próprio pai, que uma missão de vida que você tem desde os quinze anos, quando cuidava da sua mãe, é vista por ele como rebeldia. Rebeldia? Logo para uma mulher de vinte e quatro anos.
O fato dele ter perdido toda a minha adolescência, o fez pensar agora, que eu continuo uma adolescente.
— Pai?! — Questiono em surpresa quando saio do banheiro e noto a sua silhueta de costas para mim. É só falar no diabo que ele aparece.
— Querida! — Sorri alegremente e se aproxima, me abraçando.
Ainda surpresa, eu o retribuo e suspiro me afastando logo depois. Seus olhos são dóceis e calmos.
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Preta Rara
RomanceNÃO PERMITO ADAPTAÇÕES DESTA HISTÓRIA. - "E todo mundo tá' ligado que ela é a minha de fé, ai de quem cometer o pecado de cobiça a minha mulher." - Gael. Starr Castro já imaginava que a sua mudança para o Complexo da Pedreira, seria algo que mudaria...