S T A R R
Levanto do sofá ao acordar e ouvir vozes. Me espreguiço, mas meu corpo entra em alerta ao ouvir a voz do Gael e de mais um homem. Lentamente me levanto do sofá e caminho até o "hall de entrada" a passos silenciosos, completamente curiosa.
Cruzo os braços ao ver o Gael em pé, apenas com uma cueca enquanto conversa seriamente com um homem loiro, totalmente tatuado. Arregalo os olhos ao ver que o loiro carrega uma metralhadora no ombro e engulo em seco quando seus olhos chegam aos meus. Não sei se é a hora certa para fugir, porque eu tenho quase certeza que ele vai atirar em mim.
— Irmão, sua enfermeira acordou — O mesmo diz batendo fracamente no ombro do moreno. O ouço praguejar e os dois, simplesmente se despedem. Suspeito.
— Que pena, poderia ter convidado ele para o café da manhã — É impressionante a minha forma de responder ao meu próprio nervosismo com frases irônicas e sarcásticas.
— Não vê que ele saiu correndo? — O mesmo vira de frente para mim e percebo que estamos na mesma posição — Seu cabelo assustou ele, como vamos tomar um café agradável com esse rosto amassado? — Seu tom maldoso chega aos meus ouvidos e eu reviro os olhos virando de costas para ele. Uma ótima dose de auto-estima logo pela manhã.
— Mas por incrível que pareça — Não consigo ouvir os seus passos por estar descalço, mas sinto sua presença se aproximar — Essa é a Starr que eu quero ter o prazer de ver todos os dias daqui por diante, porque eu sei que apenas eu tenho esse privilégio — Meu corpo se sobressaltou minimamente quando mãos geladas chegaram a minha pele quente. Esqueço como se respirar, com a sua respiração contra a minha nuca e balanço a cabeça ignorando essas sensações.
— Você viu que falou merda e agora está tentando se desculpar com frases fora da realidade de algum livro de romance? — Questiono em tom de deboche, raivoso.
— Sim e não — Ouço sua risada irritante, mas gostosa — Sim, eu falei merda e não, não tirei essa frase de nenhum livro, até porque — Seus braços viraram o meu corpo — Eu não leio — Sorrio de canto. Previsível.
— Quem era o rapaz? — Mudo completamente de assunto, antes que eu comece a acreditar em suas palavras. Gael é tão… Gael. Um homem como esse, não tem adjetivos o suficiente para descrevê-lo.
— Um amigo — Responde simples. Uma luz entra na minha cabeça.
— Então, você irá embora? — Minha pergunta fez com que nossos olhos se encontrassem. Não consigo ler suas íris, mas noto irritação.
Gael está em um ótimo estado, o homem é bem resistente e se recupera rápido. Já faz alguns dias que ele está na minha casa e nossa convivência só "piora" conforme o tempo, porém — de certa forma — ele me diverte. Vai fazer falta… Mas eu preciso tocar a minha vida e não ficar cuidando dele 24 horas por dia, sete dias por semana.
Por mais que essa ideia me seja tentadora.
— Não.
— Como assim não? — Retruco — Seu amigo sabe onde é a minha casa e também sabe onde você está! O que te dá uma vantagem em sair da minha casa com a ajuda dele… — Respiro fundo — Não está preocupado com as pessoas que provavelmente estão preocupadas com você? Como mãe, tias, amigos e esposa… — Não vejo quando começo a tagarelar, mas os pensamentos simplesmente vieram à minha cabeça em abundância. Pensamentos esses que eu não tinha me dado conta antes… E se esse filho da puta for casado?!
Apenas paro de falar quando o mesmo coloca a sua mão rudemente na minha boca. Fecho a feição com a sua ação e o mesmo me olha intensamente. Malditos olhos!
— A única coisa que a minha esposa está fazendo no momento é tagarelar igual uma maluca — Suas palavras paralisam o meu corpo.
Me sinto extremamente lerda com ele, é como se suas palavras não chegassem em uma interpretação clara para mim. O que é horrível, pois eu nunca sei se estou o entendendo da forma que ele quer que eu o entenda… Que confusão.
— Não me chama de maluca — Resmungo tirando a sua mão da minha boca — E aliás, quem disse que eu sou sua esposa? — Ele me olha em tédio. Estranho.
— Ninguém está preocupado comigo, preta e o meu colega veio justamente aqui para conversar comigo sobre… O meu trabalho — Ele pensa um pouco antes de falar "trabalho" e eu não deixo isso em vão.
— Você trabalha com o que? — Ele mantém o olhar firme ao meu, porém noto preocupação em suas íris — E como ele descobriu onde eu moro?
— Eu peguei o seu celular e liguei pra ele — Deu de ombros.
— Para conversar sobre o trabalho? — Ele assente — E você trabalha com…? — Refaço a minha pergunta, já que ele ignorou.
— Sou traficante.
Pisco os olhos repetidas vezes, tentando armazenar a informação. Olho para o mesmo claramente assustada e me apoio na primeira coisa que vejo, para não desmaiar.
— Tra… — Mordo os lábios ainda desacreditada — Traficante? — Ele balança a cabeça.
Olhando para o Gael, eu acabei percebendo algo… Eu nunca o questionei sobre o dia que ele apareceu sangrando na minha cozinha. E essa última informação fez a porra de um sentido.
— Está na hora de você saber algumas coisas, Starr — Engulo em seco com sua afirmação — E já adianto, que independentemente das coisas que você ouvir aqui, a opção de me deixar não existe e nunca existiu.
[•••]
Apenas, em choque.
COMO ALGUÉM OUVE QUE ESTÁ DO LADO DE UM TRAFICANTE E NÃO SAI CORRENDO?!
Ai ai, mal sabe a Starr que essa é a profissão preferida dos homens do Wattpad.
Starr irá saber agora que será a próxima primeira dama do morro? Porque convenhamos, só falta o Gael rastejar aos seus pés. (E eu amo isso).
O que estão achando?! Me contem tudo!
Sim, eu pensei no "Mc Cabelinho" quando descrevi o "amigo" do Gael ✋😝🤚.
Espero que estejam gostando!
Desculpas os possíveis erros ortográficos!
Até mais <33
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Preta Rara
RomanceNÃO PERMITO ADAPTAÇÕES DESTA HISTÓRIA. - "E todo mundo tá' ligado que ela é a minha de fé, ai de quem cometer o pecado de cobiça a minha mulher." - Gael. Starr Castro já imaginava que a sua mudança para o Complexo da Pedreira, seria algo que mudaria...