Capítulo Catorze| "Gael García."

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S T A R R

Entro na sala dos funcionários depois de me despedir de uma forma horrível do Gael e toco o meu rosto desacreditada com o que aconteceu. Eu já imaginava e via que o Gael é… Mandão e possessivo, mas eu não pensei que ele seria comigo. Preciso tomar as rédeas da situação.

— Starr, o paciente residente do quarto 434 está pronto para o almoço — O médico responsável por um dos polícias diz ao entrar na sala em que estou e assinto, indo até a cozinha. Uma bandeja já pronta estava lá e assim, saio do ambiente.

Caminho pelos corredores com a cabeça avoada, mas tento me concentrar no presente. Depois, eu converso com o Gael, eu preciso focar no meu objetivo e no agora. O Gael foi só um presente que esse morro me trouxe, mas eu vim aqui por um motivo maior e esse é o meu principal objetivo.

Abro a porta quando chego no quarto destinado e caminho pelo cômodo, deixando a bandeja em uma cômoda ao lado.

— Olá — Sorrio fracamente para o mesmo e ele abre os olhos.

Sr. Caccini, originalmente italiano com nacionalidade brasileira. Está no auge dos seus trinta e nove anos, com oito anos de carreira como policial civil e possui agora, uma perna a menos. É jovem, mas muito soberbo e seco.

— Sabe mocinha… — Independentemente de quantas vezes eu disser o meu, ele nunca dirá — Quem eu gostaria de ver agora? — Questiona enquanto eu o ajudo a se sentar na cama para que possa se alimentar.

— Sua esposa? — O mesmo possui uma, mas por decisão própria decidiu que o hospital não a notificasse, pois segundo ele, "esse" não é lugar de mulheres como ela.

— Não. O homem que me tirou a perna — Fecho os olhos por um minuto quando o mesmo fala sobre o Gael e balanço a cabeça querendo que aquele assunto acabe.

— E gostaria de vê-lo por que? — Questiono colocando a bandeja em seu colo.

— Mocinha… — Solta uma risada — Não queira saber. Creio eu, que são coisas tão abomináveis que uma jovem como você, não aguentaria ouvir.

Meus pelos se arrepiam e o meu corpo fica tenso. Sinceramente, eu não sei quem acreditar nessa história toda e não há um lado certo ou errado. Independentemente de tudo que falei e fiz com o Gael, não o quero morto. Ele… Ele é o homem que eu estou aprendendo a amar.

— Boa refeição — Sorrio brevemente e ele revira os olhos. Verifico o seu soró, ajeitando seus lençóis de modo calmo e que não o atrapalhe e caminho até a porta, para o deixar sozinho.

— Eu ouvi falar que você é a mulher daquele verme… — Paro no lugar completamente paralisada — É verdade? Não entra na minha cabeça que uma mulher com tanto estudo, possa ter se deixado enganar por um marginalzinho que só pensa no próprio umbigo.

Fecho os olhos sabendo que isso iria acontecer uma hora ou outra, pois assim que eu entrei no posto, sabia que estava com uma "má" fama. Depois que o Gael me anunciou para o morro todo, as pessoas na rua me olham com medo e os meus parceiros, mal falam comigo. Os pacientes me olham, mas desviam logo depois e por mais que eu tente, todos têm medo de mim. Não de mim, mas sim do Gael, o dono do morro.

— Creio que a minha vida pessoal não lhe diz respeito.

Meus nervos estão a flor da pele e eu tento ao máximo, me acalmar para não falar o que está entalado. Não gosto que falam sobre quem amo, aliás, acho que ninguém gosta e eu estou me segurando para não manda-lo cuidar da própria vida.

— Diz sim — Viro de frente com o que ouço e olho para o mesmo, para ter certeza que aquele absurdo não saiu de sua boca — Pois não quero ser cuidado por uma mulher de traficante.

Preta RaraOnde histórias criam vida. Descubra agora