- Precisa ficar quieto, Drogon - dizer isso e nada ao dragão eram a mesma coisa. Na grande Arena dos Ursos, onde ele fizera seu covil, Daenerys Targaryen tentou selá-lo enquanto o dragão se remexia agitado. Músculos, placas e escamas reagindo com mau humor. Fumaça espiralando de suas narinas a cada volta que ela dava com as correias e fivelas em torno de seu enorme corpo.
Sempre montara sem sela, mas em breve lutaria em uma grande batalha e não pretendia morrer de jeito nenhum. Lutaria como seus antepassados daquela vez.
A sela fora um presente de Benerro, provavelmente motivado pela experiência de voar no dragão sem muito apoio. Dany ainda se lembrava da expressão enjoada que ele tinha quando os dois pousaram nas Terras do Longo Verão. A sela era feita de couro vermelho e aço negro com grifos valirianos entalhados, que segundo ele, serviriam como proteção.
Apesar do céu sempre escuro, fora preciso metade de um dia para que Daenerys completasse seu trabalho com sucesso. A sela era incrivemente leve e aparentemente muito resistente, mas precisou fazer aquilo sozinha, pois Drogon não tolerava muito aproximação de estranhos e andava ainda mais ferino devido ao frio constante, sempre silvando e sibilando para ventos e rajadas de neve como se estivesse diante de um inimigo invisível. Benerro e Aisha a ajudaram até onde fora possível e Dany precisou cuidar do resto.
- Agora, um teste - falou com um sorrisinho satisfeito, testando pela primeira vez a resistência das fivelas. No grande peito do dragão, onde as fortes correias se ligavam a uma placa maior, estava o dragão de três cabeças de sua casa.
Tinha os braços doloridos quando terminou, alguns arranhões e dedos esfolados e se perguntava quem fora a primeira criatura que decidira jogar uma cela sobre Balerion e se sentará sobre ele. Será que foi a própria Daenys?
As chamas nos braseiros brilhavam laranjas quando ela sentou-se sobre suas peles forradas sobre o assento vermelho da cela, passou o cinto pelo corpo e moveu as rédeas. Drogon lançou-se aos céus três batidas de asas depois e Dany percebeu que a situação acima do castelo era ainda mais caótica, o vento soprava frio como um chicote e ela sentiu que podia congelar a qualquer instante, mas tinha que admitir que montar assim no dragão era muito mais confortável.
Deu uma volta em torno de Harrenhal, aproveitando para inspecionar o terreno, mas não parecia haver nada de suspeito além daquele frio terrível.
- Haverá ovelhas, Drogon, prometo - falou depois que pousaram. A caça estava ficando escassa para um animal do tamanho dele. Daenerys precisara garantir que ele tivesse acesso a uma quantidade adequada de alimento, tendo em vista o que ele era a peça chave daquela batalha.
Acariciou o focinho dele, desejando que ele fosse novamente pequeno o suficiente para enfiar-se em sua cama ou enrolar-se em seu pescoço e ombros. Mas Drogon havia se resolvido na arena, cavando sua própria toca com garras e chamas e parecia muito orgulhoso disso.
Quando deixou a arena, Aisha e Benerro a aguardavam e juntos partiram em direção a Torre da Viúva. Não foram muito longe antes de Benerro comentar.
- Temos visita.
Dany suspirou cansada quando Fantasma caminhou a seu lado abanando o rabo a espera de um carinho.
- Oi, Fantasma - ela o afagou atrás do pescoço felpudo - Drogon aprecia carne de lobos, gostaria disso?
- Acho que ele não está preocupado - Aisha comentou olhando para o lobo gigante com o mesmo interesse que olhara para o pergaminho escrito por Jon Snow quando o segurou. Ele não está dizendo tudo o que sabe, Daenerys, ela lhe dissera.
- Não, ele não está - respondeu observando o lobo gigante enquanto caminhavam. Fantasma a fitou intensamente por breves momentos com aqueles olhos vermelhos e Daenerys sentiu um arrepio percorrendo pelo corpo, da cabeça aos pés.
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Sangue do Dragão
RomanceDepois de queimar Porto Real e conquistar o Trono de Ferro, Daenerys Targaryen foi traída e morta pelo homem que amava. Seu dragão no entanto, Drogon, a levou para Volantis para que ela tivesse a chance de recomeçar uma segunda vez. Contudo, quando...