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-Cacete -eu suspirei sem ar para me levantar. Quem visse de fora acreditaria se tratar de uma pessoa prestes a parir, mas era apenas um ômega grávido de trigêmeos na final do segundo trimestre.

Foi uma batalha para que eu conseguisse chegar até a cozinha e encontrar um homem bonito e sexy marinando batatas no azeite e alecrim. Quando Zenith me viu sorriu e puxou uma cadeira fazendo sinal que me sentasse, mas se eu fizesse não conseguiria levantar tão cedo.

-Eu estou bem, só vim ver de onde está vindo esse cheiro delicioso.

-Minha especialidade na cozinha, está bom? -Perguntou levando uma colher até minha boca.

-Perfect! -Exclamei fechando os olhos e fazendo um sinal com os dedos -os bebês também gostam porque começaram a pular ainda mais.

-Ah é? -Ele perguntou se aproximando de mim e envolvendo seus braços em minha cintura e uma mão sobre meu ventre -então tenho que fazer mais batatas para eles.


Quando me sentei já era para jantamos, estávamos na casa do Zenith em volta de uma grande mesa redonda com um jogo americano colorido e estampado, eu gostava de ir para aquele lugar porque sentia o mesmo sentimento quando eu escolhi meu apartamento, parecia um lar.

Havia cores, quadros, espaços para futuras crianças, móveis retrôs e objetos de decoração mostrando por onde Zeni já havia viajado e eu gostava daquilo, gostava de me sentir em casa.

-Está bom? -Ele perguntou enquanto colocava mais batatas no meu prato e eu assenti.

-Obrigado.

-Bem, como foi seu dia no trabalho?

-Já falei com o pessoal que não irei mais a partir da semana que vem, tem aquela comoção de sempre, mas todos vão ficar bem.

Zeni sorriu.

-Fico feliz em ouvir isso. Lembra do disco que eu te falei? -Eu assenti -antes dos bebês nascerem, estará pronto.

-Bem, as músicas que eu mais gostei sem dúvidas se chamam Madison, Maxine e Madeleine. Como você consegue ser tão talentoso?

Zeni sorriu de novo e puxou uma das minhas mãos para seus lábios.

-Tenho diversas pessoas para me inspirarem. Tem um chamado Cillian, têm três bebês.

-Ah, então você está de fato repleto de estímulos. Mande um beijo para esse tal de Cillian quando encontrá-lo!

-Eu nunca imaginei que estaria aqui -ele beijou novamente minha mão -não tinha como imaginar que a vida me pregou uma de suas melhores peças e que isso está me fazendo imensamente feliz.

-Nem eu imaginei e se me encontrasse há meses atrás também não acreditaria e até ficaria com raiva da situação que eu me meti, mas hoje estou infinitamente feliz.

-Sim, somos adultos experientes que estão vivendo uma parte boa da vida...

-E que tem maturidade de separar as coisas se não derem certo.

-Sim, eu assino em baixo. Sabe, essa sua conduta me faz lembrar minha ex esposa, ela também é uma pessoa muito consciente de tudo à sua volta.

-Acho que você nunca chegou a falar dela para mim.

-Dorothy Armstrong. Bem, somos muito amigos. Nosso casamento estava frio quando decidimos que o melhor era cada um seguir seu caminho, o assunto dos filhos não era algo verdadeiramente definido, mas estava lá. Mas a Dothy tinha uma carreira brilhante que queria se dedicar e eu tinha sonhos a realizar, então nos divorciamos. Para falar a verdade, demorou demais porque nosso relacionamento não estava bom antes mesmo de eu descobrir sobre o câncer, mas ela ficou o tempo todo ao meu lado e quando por fim eu falei para nos separarmos foi um alívio para ambos. Foi tudo muito tranquilo e temos uma amizade linda, hoje ela é casada, mas sempre fazemos a brincadeira de nos mandar flores na data que saiu o divórcio e a esposa acha engraçado e ainda me faz biscoitos artesanais.

-Ela deve ser uma pessoa incrível.

-Sim, ela é. Seu humor é um espetáculo, além de ser uma pessoa muito justa e íntegra. A Dothy é juíza e ela está me ajudando nos trâmites para terminar o processo contra a clínica.

-Quero conhecê-la.

-Ela vai te amar.

-No meu caso foi uma situação tão estranha, devo admitir. Eu queria filhos e o Gustav não e quando ele caiu na real que eu não desistiria disso ele caiu fora e foi bem melhor assim, mas de uns tempos para cá eu venho me perguntando: eu o amava de fato? O Gustav era lindo, sedutor e carismático, mas eu constantemente aturava tantas coisas para fazê-lo feliz. Acampar, fazer trilhas, meditar e seguir a merda da dieta sem graça dele, sério, eu amava quando eu almoçava no trabalho aí eu poderia me empanturrar de rosquinhas de chocolate e creme, de pizza ou cachorro quente e tinha também quando ele chegava tarde em casa e eu agradecia aos Céus porque poderia comprar cup noodles e comer até ficar satisfeito.

Zeni começou a rir.

-A comida era o motivo?

-Não! -Eu ri também -não mesmo, a comida só mostrava que eu deixava meus gostos de lado por ele, para agradá-lo. No fim, tivemos um divórcio não tão bom porque ele queria a droga da casa feia que compramos quando começamos a morar juntos, mas eu queria comprar a minha própria casa, então meu advogado insistiu e eu saí com a metade de tudo. Hoje ele deve estar namorando alguém muito mais jovem que ele, inclusive foi o que o Gustav fez meses depois de terminarmos.

-Felizmente você está livre dele.

-Antes tarde do que nunca.

-E está comigo.

-Sim, estou contigo para o que der e vier. Sabe o que me veio à mente? Porra, depois que eu falei do cup nodles, me deu uma vontade avassaladora de comer isso, daqueles apimentados. Caramba! Minha boca está salivando!

-O que você quer que eu faça?

-Não é óbvio? Vai comprar um pra mim!

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