Pequenas Histórias de Amor

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Isaac só desceu quase uma hora depois, usando outra roupa e sorrindo de maneira como um idiota faria. Ele desceu e se sentou próximo às pessoas presentes, cumprimentou Heidi e conversou com todos de modo animado, estava feliz e satisfeito consigo mesmo, ainda mais quando Piers direcionava suas pupilas roxas em sua direção ou servia mais vinho para ele.

-A Astória me falou muito bem de você -Heidi falou sorrindo e servindo eisbein, um prato típico alemão.

-Não acho que tenha muita coisa a meu respeito.

-Não seja tão humilde! -Astória falou dando um tapinha no seu ombro -Isaac Sanders é um conhecido jornalista em Massachusetts, suas entrevistas são caras e muito prestigiadas.

-Bem, são quase vinte anos no ramo.

-Vinte?! Quantos anos você tem?! -Heidi perguntou surpreendida.

-Trinta e seis -Piers respondeu por ele.

-Vejo que você já está por dentro da idade do seu entrevistador! -Astória falou sorrindo.

-É, bem, já comentamos sobre isso antes -Isaac falou sem jeito, bebendo mais vinho.

-E esse ridículo já lhe falou sua idade verdadeira? Ele mente todas as vezes que perguntam a ele.

Isaac se virou para olhar Piers.

-Não. Não sei. Quantos anos você tem?

-Esse velho tem quarenta e sete!

-Isso era um segredo -Piers respondeu.

-Não acho que seja muita coisa -Heidi falou.

-Eu só não imaginava. Quando eu li sobre você contava que era cinquenta e dois a cinquenta e quatro, mas quarenta e sete para mim é muito jovem, mesmo que para um vinho quanto mais velho melhor.

Piers olhou atentamente para Isaac e sorriu.

-Tem razão.

Ele subiu já tarde, um pouco tonto pela quantidade de vinho ingerida e cheio de expectativas para uma longa madrugada. Isaac não quis parecer desesperado ou ansioso, mas tinha ido tomar outro banho e se perfumado o máximo possível para quando Piers batesse na sua porta e ele o convidasse para entrar. Seus feromônios também corriam à solta pelo cômodo, tanto que achou melhor abrir a janela para não se sentir tão sufocado pelos odores de excitação e ansiedade.

Um tempo depois ele ouviu o carro de Astória saindo da residência e então seus nervos ficaram ainda mais sensíveis, a cada som que ouvia no andar debaixo fazia seu interior se estremecer ainda mais cheio de vontades e expectativa.

Ele sorria para as paredes, voltou ao banheiro para ver como estava, se sentou na cama, depois deitou, se levantou e andou em círculos pelo quarto, mas mesmo depois de tantas horas, Piers não tinha chegado.

Talvez ele tivesse criado uma falsa expectativa de algo que Isaac sabia que nunca aconteceria por mais que quisesse. Logo, seu sorriso foi substituído por uma feição apática e frustrada, ele trocou de roupa e deitou na cama querendo chorar.

Isaac foi acordado horas mais tarde por um som, ele abriu rapidamente os olhos no escuro da madrugada apenas iluminada pelo luar e se sentou.

-Piers? -Mas não era ninguém. Apenas seu celular que apitava sem parar. Isaac tateou à sua procura até encontrá-lo e atender.

-Alô? Donna?! Por que está me ligando uma hora dessas?

-"Oi Isaac, desculpe o horário, mas era algo urgente. A revista está me pressionando ainda mais a respeito da sua entrevista exclusiva com o escritor aí, mas eu os enrolei e falei que no começo da próxima semana estaria nas mãos dele. Você já está vindo? Você falou há uns dias que já tinha terminado e só faltava editar. Por isso você ainda não voltou?"