-Dói. Dói, tia Fang.
-Vamos, você precisa deitar.
-Eu não consigo, não mais.
-Consegue sim, vou ajudá-lo.
-Tia Fang, eu... eu preciso do meu marido aqui. Eu preciso dele.
-Yifeng -ela o chamou. As tantas semanas que tinham passado trouxeram intimidade entre os dois. -O levante praticamente acabou, os remanescentes estão quase todos mortos, se aguentar um pouco, seu marido estará aqui a tempo de ver o nascimento do seu filho.
Ele respirou fundo, continuava a sentir dor.
-E se ele não estiver?
-Há um médico aqui e eu e alguns criados.
Yifeng apertou os olhos e suspirou.
-Eu preciso mesmo do meu marido, tia Fang.
Ela se aproximou mais e pôs a mão delicadamente sobre o ombro do ômega.
-Eu sei, sei que precisa, mas falta pouco para que ele chegue. Tenho fé nos deuses.
-Mas ele quer vim agora -disse. A dor terminou de inundá-lo por inteiro.
Nas aulas que recebeu quando se preparava para ser um consorte, Yifeng soube que um dia daria à luz, ter filhos fazia parte de sua obrigação como ômega, mas ele era jovem e dar importância a assuntos que não poderia mudar não poderia atormentá-lo tão cedo.
Ele teve muitos irmãos e irmãs e alguns deles já tinham filhos, Yifeng viu aqueles pequenos seres quentinhos e cheirosos nos braços de suas mães, viu elas os embalando para sonhar. Ele achou aquilo muito lindo e mágico e quando se deu conta que era ele que teria o fardo de gestar, parir e amamentar, não foi tão assustador. Mas bem, o que ele sabia da vida verdadeiramente?
Conceber havia sido glorioso. Conceber era sempre melhor, era prazeroso e bom por excelência, Yifeng tinha se cuidado bem, mas deveria ter acontecido algum descuido de alguma parte. E então foi a vez de gestar e não foi tão glorioso assim, foi difícil e cansativo, tinha momentos que doía e seu corpo ficava exausto, mas também era belo e interessante. Havia um bebê dentro de si crescendo e se desenvolvendo, seu corpo mudava como uma flor que dá lugar a um fruto, sua barriga cresceu, seus peitos também, sua pele mudou e seu cheiro também, gestar foi um misto de coisas. Mas parir? Parir era um inferno.
O médico entrou em seus aposentos em meio a respirações ofegantes e gemidos de dor, havia suor e lamentações. Tia Fang estava do seu lado, ela já tinha passado por aquilo muitas vezes, mas Yifeng não conseguia entender como aquilo podia ser útil, já que era ele que sentia seu corpo se partindo.
-Dói! Dói demais!
O médico o examinou, falou coisas e fez coisas, mas era uma cena a parte dele. Yifeng estava em um limbo de dor que o impedia de se concentrar para ver ou ouvir, ele estava em pé se segurando a cama, curvado e suspirando.
-... está no começo do trabalho de parto... falta muito ainda. -Conseguiu captar antes de se voltar às suas dores.
Alguém massageou seu corpo, alguém lhe deu água, alguém limpou o suor de sua testa, mas Yifeng não via quem era, a dor tirava sua percepção.
-Eu acho que vou morrer.
-Você não vai morrer! -Esse alguém exclamou.
Yifeng já estava cansado, sua perna doía assim como todo o seu corpo, ele não conseguia mais continuar em pé.
-Tia Fang... -chamou com a voz embargada -falta muito?
Ela passou um pano novamente pela sua testa.
-Sua bolsa tem que romper primeiro, querido.
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Pequenas Histórias de Amor
RomancePequenas Histórias de Amor e outros contos mpreg e omegaverse é um livro com diversos casais com diferentes histórias, repleto de muito beijos e amassos. Os contos desse livro são independentes entre si e em poucos capítulos que tem uma história com...