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Isaac tinha o hábito de acordar cedo, talvez ainda mais motivado pelo fato de não ter conseguido dormir bem em um local totalmente novo. Seu quarto estava bem limpo, mas seu nariz criterioso sentiu nanopartículas de poeira no ar.

Ele levantou, fez sua higiene e desceu. Não imaginou e nem queria encontrar a sua estrela escritora no andar de baixo bebendo um café extremamente amargo e resmungando algo. Sentiu que seu convívio seria restrito e não havia mal naquilo, Isaac não gostava de pessoas que o tratassem mal, não importando que fosse a Madonna ou o Papa.

Ele desceu, mexeu em alguns utensílios da cozinha e fez um rápido café da manhã exagerando na cafeína, só de tocar naquele pote sabia que devia ter ser algum grão de café importado e caro, mas imaginou que não seria algo que o anfitrião se incomodaria se sumisse uma colher ou outra, pelo menos imaginando isso.

Ainda era muito cedo quando Isaac resolveu descer as escadas de pedra para olhar a praia naquela manhã enquanto todos deviam ainda estar dormindo. Ele se apoiou no corrimão e desceu as quase centenas de degraus para uma costa banhada de uma areia fina quase da cor dos cabelos de Piers, o ômega pensou, e da maré baixa e suave que vinha até seus tornozelos.

Era um lugar tão belo. Parecia tão a parte do mundo de uma forma como se ali ele encontrasse a paz que tanto procurava, Isaac encheu seus pulmões com aquele ar que renovava e sorriu. Definitivamente voltaria para tirar algumas fotos para linkar em como aquele ambiente impactava a vida do seu escritor.

Tirando as sandálias já molhadas ele resolveu que o melhor era caminhar e conhecer um pouco mais onde estava. Era uma encosta bela com pedras esculpidas pela ação feroz das ondas ao longo de tanto tempo, mas parecia arte, era arte e o fez lembrar de algumas esculturas na casa que ele estava habitando.

Lucius Nowak, Isaac recordou aquele nome. Então talvez seja aqui que você tirava toda sua inspiração, é um lugar bom o suficiente para isso.

Isaac continuou a caminhar, sentiu a água fria subindo mais e molhando seu corpo, mas não se importava, ele fechou os olhos e abriu os braços enquanto rodopiava para sentir ainda mais o momento até que acertou algo.

-Piers?

-Caralho, eu te encontro até aqui?!

-Caramba... -ele quase pediria desculpas, mas a palavra ficou entalada e se recompôs estufando o peito -bom dia Piers. A Astória permitiu que eu viesse aqui então quis dar uma olhada.

-Não me importo com isso, somente pelo fato que quase você me derrubou. Não olha para onde anda?

-Eu me empolguei um pouco. O lugar é espetacular para não se sentir assim, parece um ímã enorme... deixa, vou me retirar, já fiquei o suficiente. Estarei lá em cima para quando quiser continuar com a entrevista.

-Não falei que precisava sair.

-Não. Não disse, mas eu quero ir.

-Hum.

-Piers, você não é meu chefe, é meu anfitrião. Além disso, usei um pouco do seu café, espero que não se incomode.

Isaac falou e partiu para de volta a mansão.



Era umas onze horas quando Piers o chamou de volta para continuar a entrevista. O homem em questão parecia mais irritado ou sem jeito, talvez inquieto, Isaac entrou na sala do dia anterior e se sentou no mesmo lugar encontrando o alfa mexendo repetidamente em uma mesma caneta que estava sobre um dos braços da poltrona.

-O que te levou a publicar esse livro depois de tantos anos guardado? -Isaac perguntou olhando-o atentamente também segurando uma caneta junto com um caderninho sobre sua perna.

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