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Ajudar um homem a achar sua lente tarde da noite em uma sala tinha surtido efeito porque desde então toda a sua equipe tinha mudado diante de um chefe mandão. Além disso, Daniel conseguiu progredir no rascunho do projeto e estava indo tudo bem.

-Ei, Daniel.

-Sim?

-Queria que desse uma olhada no que eu estou trabalhando. Tenho que receber coordenadas bem específicas do que fazer para conseguir executar corretamente.

-Claro, entendo. Posso me sentar ao seu lado?

-Pode. Mas se eu morder e arrancar o pedaço, você sai correndo, por favor.

-Pode deixar -Daniel disse sorrindo e puxando a cadeira ao lado de Tom.

E Daniel tinha que diariamente mudar sua mentalidade com resquícios de uma educação capacitista, ele se esforçava para fazer isso e ser uma pessoa que entendia a todos, mas ainda assim ele se surpreendia com o talento de criação de Tom que nem mesmo via seu trabalho.

-Uau! Está incrível!

-Tem certeza? A Roxane disse que o roxo ficaria melhor que o azul, mas bem, eu não faço ideia de como o roxo é!

-Não. Não! Está muito bom mesmo. Não acredito que uma pessoa chata como você é capaz de fazer isso.

-O talento vem da minha pica.

Daniel engasgou com as palavras. Engasgou mesmo porque demorou segundos até parar de tossir e conseguir respirar.

-Eu estava brincando.

-Porra cof... você me pegou desprevenido!

-Era essa a ideia. Então é isso, se você gostou não há mais nada a fazer -Tom se levantou e esticou a coluna -precisa de mais algum dos meus milhares de talento?

-O quê?! Você tá achando que é só isso? É óbvio que não! Temos um caminho muito longo a traçar!

-Mas eu terminei minha parte no rascunho do projeto, não é? Ao menos eu posso ter uma folga de você e suas ordens. Posso ir trabalhar em outra coisa enquanto o restante não termina.

-Não! Você é da minha equipe!

-E trabalhamos na mesma empresa!

-Pois então comece outro! Quero um plano B caso esse aqui não seja aprovado.

-Seu! Seu! Seu bacaca!

No dia seguinte, Daniel entrou na empresa saltitante na expectativa de como poderia tirar Tom do sério. Ele era seu superior? Sim. Aquele podia ser abuso de poder? Sim também. Ele pararia de tirar Tom do sério? Não, na verdade ele gostava de ver a cara do homem se avermelhando de raiva ou insatisfação.

Ele saiu do elevador com um café nas mãos, agora tomando mais cuidado. Deu um gole e seguiu para sua sala.

Uma parte já estava lá, a outra ainda chegava, ele cumprimentou a todos e se sentou na sua mesa, abriu o laptop e começou a digitar. Passou se horas até perceber de vez que Tom não tinha chegado apesar de já estar extremamente atrasado.

-Pode me tirar uma dúvida? -Perguntou a um homem que devia ser alguns anos mais novo que ele.

-No que posso ajudar?

-O Tom não vem hoje?

-O Tom? -Ele franziu a testa e virou em direção a mesa da amiga -o Tom vai vim hoje?

A amiga fez o mesmo e depois a amiga dela e de novo e de novo até chegar em outro rapaz.

-Não. Ele não vem.

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