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-Grace, você falou que não ia sair hoje! -Noah franziu a testa ao ouvir o que a amiga e colega de negócios tinha acabado de dizer. A mulher de cabelos curtos abriu um sorriso largo enquanto puxava o avental e o jogava para o homem à sua frente.

-Eu juro que é a última vez.

-Você falou isso da última vez.

-Noah, por favor, quebra meu galho desta vez. Eu vou te recompensar, tá bom?

-Com dinheiro?

-Quê?! Claro que não! Eu posso fazer um risoto veggie de abóboras pra você.

-Credo! Isso vai bacon dentro?

Grace fez uma cara feia e Noah riu em resposta.

-Tudo bem, vai lá. E vê se dessa vez você resolve o maldito problema com a creche do seu cachorro.

Grace sorriu novamente e em um piscar de olhos saiu.

Grace Kelly Dixon e Noah Moyes se tornaram amigos durante a universidade, terceiro ano de ambos enquanto Noah cursava contabilidade e Grace, artes cênicas. Ter uma amizade mais profunda com alguém era algo também difícil para ele, a última vez foi durante seu tempo no orfanato com um garoto chamado Lionel, dois anos depois seu amigo foi adotado e perderam o contato.

Grace era maluca em determinados momentos quando envolvia encenação de peças famosas, ela vivia falando para Noah que queria ir para Nova York assim que terminasse a universidade, mas quando isso foi se aproximando, outra ideia maluca surgiu na mente dela e seu amigo foi a vítima.

-Vamos abrir um bistrô de comida orgânica e vegetariana, o que acha?

Noah cuidaria da burocracia e da organização financeira, Grace entraria com o capital inicial dos pais ricos junto com a estética e o cardápio inovador e alternativo. O que Noah perderia com isso além do bacon?

Noah pegou o avental deixado por Grace e o vestiu rapidamente. Seu negócio com a amiga era muito promissor e as pessoas gostavam de comer comidas saudáveis e caras no centro de Augusta. Ele então saiu da sua sala e foi para trás do balcão, as cores das paredes de madeiras eram azuis e roxas e mesclavam com as mandalas e cristais espalhados pelas mesas de material reciclado.

Ele só precisaria atender as pessoas por algumas horas enquanto a Grace estava fora e depois poderia voltar para sua sala com seus números, suas contabilidades e seus balanços tediosos.

Os clientes seguiam um padrão de jovens mulheres na casa dos vinte com roupas de ginástica ou mulheres com mais de cinquenta com roupas de yoga, também tinham os universitários alternativos, homens sarados na casa dos quarenta ou pessoas desavisadas que tiveram sua atenção atraída pelas cores. Mas definitivamente um homem na casa dos trinta vestindo terno e segurando um celular não fazia parte do grupo que apreciava comida orgânica de dólares mais caros.

Noah abriu um sorriso simpático enquanto a figura se aproximava mais. O homem desligou o celular e guardou no bolso enquanto levava seus olhos castanhos até a grande placa com as opções de pedido.

-Olá, Bom dia. Já sabe o que vai pedir? -Disse com uma cortesia gentil e convidativa.

O homem franziu a testa levemente e depois virou os olhos para ele.

-Tem algum sanduíche normal?

-Normal?

-Sim, normal. Pão de forma, tomate e algum patê?

Noah soltou uma curta risada que não aguentou conter.

-Desculpa... temos pão de centeio e patê de abóbora.

-É o melhor que consegue fazer por mim?

-Bem, o bistrô tem uma proposta de trazer uma alimentação orgânica livre de transgênicos e sem crueldade animal.

-Uau... eu. Nem queijo?

Noah riu de novo.

-Temos queijo vegano.

-Caramba! Eu nem sabia que existia isso! Tem um gosto bom?

O riso de Noah congelou.

-Claro... claro! É delicioso!

-Sua cara não me convenceu -o homem esboçou um sorriso.

-É diferente. Não é que seja ruim, eu só não estou acostumado.

-Entendo, então o que você pode fazer por mim... Grace? -O homem apertou os olhos para ler a plaquinha no avental emprestado.

-A Grace não pode fazer nada no momento, ela não está presente, mas o Noah pode conseguir o sanduíche de queijo dele que é pro almoço.

-Céus, eu não conheço esse Noah, mas ele deve ser um anjo!

-Queijo, bacon e abacate, mas vai sair um pouco mais caro.

-Pagaria qualquer valor por um sanduíche de queijo, bacon e abacate!

-Com pão de forma.

-Deus! Com pão de forma! Aqui vende algum suco normal?

-O Noah também trouxe uma Coca-Cola.

-Diga ao Noah que eu já o amo.

-Vou falar.

A figura sorriu novamente.

-Prazer em conhecê-lo, Noah. Sou o Emery. -O rapaz então estendeu a mão de modo convidativo e Noah sentiu algo dentro dele chacoalhar.

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