Era essa uma das desvantagens de ter uma mãe que não sabia respeitar a privacidade do filho, era essa a catastrófica desvantagem que se desenrolava diante dos meus olhos enquanto estavam repletos de lágrimas e uma injustiça tomava conta de mim. Guadalupe Flores, minha mãe tinha mexido em minhas coisas e descoberto algo que nem mesmo eu queria saber que existia, mas ainda assim estava ali expondo uma noite da qual não me lembrava praticamente nada.
Minha mãe segurava com firmeza aquele pequeno teste de farmácia, o mais barato que eu achei e que tinha dois tracinhos vermelhos para me mostrar que o que tinha ali era real, eu estava grávido, gostando ou não eu estava grávido. Desesperado também e com muito medo, talvez com uma pitada de raiva por ter sido descoberto daquela forma.
Guadalupe me olhava com seus olhos de decepção e raiva, segurando com força diante dos meus olhos, mas o que eu podia fazer naquele momento?
-Mãe... -minha voz estava embargada pelo choro e pela fragilidade.
-Você vai ter essa criança -disse firme sem alterar a expressão.
Com aquelas palavras eu chorei mais forte com soluços.
-Não. Eu não posso fazer isso, mãe! Não tem como eu ter esse bebê agora!
-E daí?! Você não soube fazer? Não gostou de estar lá no momento que esta criança entrou em você? E agora é assim, é? Tirar uma vida inocente que não tem culpa de suas depravações? Não mesmo!
-Foi um acidente. Foi um acidente, mãe.
-Acidente é derrubar um copo da pia. Transar não é um acidente, é uma escolha e você fez a sua e pagará as consequências.
-Não -eu tapei meu rosto com as mãos para chorar mais -a senhora não entende, eu acabei de sair da escola, eu acabei de começar a faculdade. Não tem como eu ter essa responsabilidade agora, por favor.
-Quem é o pai?
Aquelas quatro palavras. Aquelas quatro pequenas palavras que destroem todo o meu ser. Quem é o pai? Eu não sei quem é o pai. Eu estava no cio, minha cabeça estava bagunçada, eu transei com alguém que na manhã seguinte não estava mais lá. Eu transei com o pai do meu filho, mas eu não faço ideia de quem seja.
-Vamos, me diga! Quem é o pai do bebê?!
-Mãe...
-Responda logo!
-Eu não sei!
PAH! Uma mão veio em direção à minha face e eu senti a pele arder no mesmo segundo. Guadalupe naquele instante estava mais decepcionada ainda, estava frustrada e com muita raiva.
-O que falarão de você? Pelos Céus! Um desmiolado sem pudor que nem mesmo sabe quem é o pai do seu filho!
-Eu não terei esse filho!
-Você vai ter sim! Você fez e agora vai parir!
-A senhora não pode me obrigar.
-Não só posso como vou. Enquanto você viver debaixo do meu teto e ser sustentado por mim, você vai fazer o que eu digo, Cássio.
Ela falou levando embora o teste de farmácia e batendo a porta fortemente enquanto eu me debatia em um choro histérico.
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Pequenas Histórias de Amor
Storie d'amorePequenas Histórias de Amor e outros contos mpreg e omegaverse é um livro com diversos casais com diferentes histórias, repleto de muito beijos e amassos. Os contos desse livro são independentes entre si e em poucos capítulos que tem uma história com...