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No dia seguinte, preferiu permanecer no quarto mesmo que tivesse passado da hora do café. Isaac não sabia o que fazer devido a noite anterior, não sabia nem mesmo se Piers continuaria a entrevista.

Ele arrumou suas coisas pronto para que fosse mandado para casa e desceu somente a tarde para o andar de baixo, sentia tanta sede que foi o que lhe forças para lidar com Piers.

-Você não almoçou.

Isaac pulou pelo susto ao escutar a voz de Piers.

-Tudo bem, estou sem fome.

-Seu prato está sobre a mesa se ainda quiser.

-Piers, eu sinto muito mesmo pela noite anterior... então se você quiser me mandar embora eu entendendo perfeitamente, mas quero ir me desculpando devidamente com você. O que eu fiz não tem justificativa.

-Te escolheram por respeitar a privacidade e ser discreto, mas não me pareceu isso.

-Sim. Fui tomado pela minha curiosidade, mas assim eu percebi do que se tratava o cômodo eu corri para sair de lá, por isso acidentalmente esbarrei na caixinha de música.

-Hum, você a quebrou.

-Eu sinto muito.

-Você quebrou algo muito importante para mim, Isaac. Você sabe que eu não tenho a menor obrigação de te perdoar ou agir gentilmente depois do que você fez.

-Eu entendo.

-Droga! De tantos lugares para você estar, justamente aquele! O quarto da minha filha! O quarto feito pelo meu marido! Você quebrou algo com um valor imensamente emocional que nem mesmo juntando todo o salário de sua vida conseguiria chegar perto daquele valor para mim.

-E eu sinto muito!

-Seus sentimentos não valem nada para mim!

Outra lágrima caiu dos olhos castanhos.

-Você quer que eu saia daqui?

-Não! Você vai terminar logo essa maldita entrevista comigo e depois quando terminar vai sair e nunca mais vamos nos ver.

-Tem razão... vamos para seu escritório então?





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-Tem planos para escrever algo no futuro?

-Não. Me aposentarei definitivamente depois dessa obra.

-O que acha da influência dela para as próximas gerações?

-Por que todos sempre querem uma influência?

-Alguma mensagem para os leitores? -Isaac perguntou mecanicamente. Era apenas aquilo e podia voltar para casa, não tentaria puxar alguma resposta ou questionamentos mais profundos. Ele pegaria o que conseguiu e faria seu trabalho.

-Sim. Minha obra influenciará as futuras gerações, elas verão como o tempo passa e ainda os sentimentos ficam, não somente o que meu protagonista sentiu, mas os leitores que leram e se identificaram.

-Hum -Isaac escrevia as palavras sem nem mesmo olhar para Piers -é essa a mensagem pros seus leitores? Ok. Terminamos, muito obrigado Sr. Nowak.

Ele se levantou e estendeu a mão sem muita cerimônia, em questão de cinco minutos ele estaria na estrada em direção a Boston.

-Não era essa a mensagem... -Piers levantou o olhar para o ômega com a mão estendida -esse machucado, fui eu que causei, não foi?

-Não se preocupe. Não dói.

Piers tocou na área arroxeada e Isaac retraiu o braço.

-Não é o que parece.

-Não se preocupe, posso cuidar disso depois então.

-Deixe-me passar algo em cima.

Dava para ver nitidamente o formato da mão sobre a pele clara de Isaac, era uma região bastante roxa e dolorida por mais que o ômega não admitisse.

-Vou ficar bem, deixe isso para lá.

-Fui o causador disso.

-Eu cuido disso sozinho.

Piers já tinha colocado uma bolsa de gelo em cima enquanto segurava o braço para que Isaac não se soltasse. O ômega bufou e revirou os olhos, sentando por fim.

-Por que não me escuta? Eu poderia fazer isso sem sua ajuda.

-Fui eu que te machuquei.

-Não te entendo, Sr. Nowak, não entendo como quer morder e depois assoprar.

-Não me chame de senhor.

-Eu pedi perdão pelo que aconteceu, não foi minha culpa, mas mesmo assim você pode escolher não aceitar minhas desculpas, agora por que eu tenho que aceitar sua ajuda quando eu não quero?

-Por que fui eu que o machuquei em um momento de raiva.

-A marca no braço foi o de menos.

-Tem razão. Agi por impulso naquele momento, tratei-o mal e não foi justo contigo.

-Veja, eu fiz algo errado. Compreendo isso. Houve uma reação devido minha conduta, por isso, só quero sair daqui depois de ter cometido aquele erro.

-Fique aqui. Espere seu braço se recuperar, tenha alguns dias de folgas do trabalho.

-Piers, o que você quer? Me diga e me poupe de ficar adivinhando! Não me queria aqui, mas estou. Agora que quero sair, quer que eu fique? Me diga, por quê?!

-Eu refleti sobre minha postura de ontem, ela foi péssima e eu o machuquei.

-Conversamos minutos atrás antes de terminarmos a entrevista, por que ali não pareceu que você achava isso?

-Porque você seguiu ao pé da letra em terminar a entrevista e ir embora e então percebi que você iria embora.

-Que cacete! Você está louco?! "Depois quando terminar vai sair e nunca mais vamos nos ver"! -Ele repetiu a mesma frase que Piers tinha falado.

-Eu ainda estava com raiva.

-Eu estou com raiva! Solte o meu braço!

-Quando você sair, perceberei que voltarei a ficar sozinho nessa casa.

-Talvez devesse sair um pouco e ver como o mundo está depois de tantos anos.

-Tem razão. Então me leve para ver a cidade, depois volte e fique uns dias como uma folga.

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