Indo por fim para os dias atuais. Não sou um péssimo pai, não mesmo, eu dou o meu melhor. Tento equilibrar minha rotina entre trabalhar em dois empregos de meio período enquanto tento terminar uma faculdade e cuidar de uma criança de quatro anos. Tudo isso junto é muito agitado.
Gabe estava na minha cozinha finalmente com os castanhos dos cabelos que ele tinha deixado crescer naturalmente e com mais uma tatuagem, a mais nova com o nome do afilhado (eu não o aconselhei), ele morava mais no meu apartamento do que no dele e era quase uma babá em tempo integral do Mateo, então deixá-lo comer todas as refeições na minha casa e usar minha internet ou os meus cremes de pele não eram quase nada.
Eu novamente estava atrasado, puxando minha calça jeans para cima enquanto procurava a minha farda roxa do food truck que eu trabalhava alguns dias na semana.
-Você viu?
-Eu tenho cara que sei onde você bota suas porras?
-Eu já falei, sem xingamentos no mesmo ambiente que o Mateo, lembra? -Falei jogando a almofada em sua direção, em resposta ele pôs mais uma fatia de presunto no pão. Era a terceira!
-Você vai se atrasar.
-Mateo, meu periquitinho, vamos -falei entrando no nosso quarto e vendo minha cria se debatendo para calçar a galochinha vermelha -meu periquitinho, você podia ter chamado o papai pra te ajudar.
Os olhos azuis vieram em minha direção, determinado.
-Não, papai. Eu consigo!
Eu sorri.
-Não precisa nem de uma ajudinha do papai?
-Não.
-Nem mesmo um beijinho?
-Um beijinho sim.
-E dois?
-Sim!
Então eu beijei as duas bochechas gorduchas do nenê/nenê independente que calça as suas galochas vermelhas para ir para creche. Depois disso, eu e ele fomos para a cozinha/sala, Gabe além de comer todo meu presunto fez um sanduíche para o afilhado e abriu a garrafa de suco de laranja sobre o copo do Batman. Ninguém podia usar aquele copo além do Mateo, a última pessoa que usou - vulgo eu - pagou um preço alto em ouvi-lo chorar por horas.
-Você pode...?
-Claro -Gabe bufou levando o copo com meu cappuccino solúvel em direção à boca -claro que eu posso levar o Mateo para a creche.
-Muito obrigado.
-Olha, a diretora quer que você compareça a uma reunião, você nunca foi e ela sempre fica me reclamando por você não ir.
-Eu tenho faculdade ainda, não tem como fazer tudo ao mesmo tempo.
Gabe deu de ombros.
-Foi a diretora que falou, não sou nada legalmente do Mateo e olhe pra minha cara, é até melhor assim.
Bem, o Gabe fuma maconha apenas quando eu levo o Mateo para passear quando tenho folga, ele é sem dúvidas um padrinho incrível para meu filho.
-Ok. Eu acho que a aula de hoje dá pra perder, eu irei.
-Está ouvindo, Mateo? Meu pai vai para sua reunião hoje!
-Eba! -Meu periquitinho comemorou.
Eu tento insistentemente não desistir da universidade de economia depois de tantos anos, meus antigos amigos deveriam estar recém-formados ou terminando a faculdade, eu estava no limbo dos semestres, pegando matérias quando dava e trancando quando não dava.
Me recusei a receber o dinheiro que meu pai me dava quando comecei a trabalhar, meu foco era sustentar em tudo o que precisava para o Mateo e não morrer de fome, era o básico. O kitnet era barato, a creche não, ainda tinha as despesas médicas, as vitaminas, sapatos que perdem em questões de semanas, camisetas, shorts, roupas de frio, produtos de higiene e perfumes do Batman. Eu ainda tinha a bolsa de estudos, mas precisava ter boas notas, mas era difícil fazer isso quando não tinha tempo nem para si, quem dirá para estudar. Não pensando muito nisso, me contentei em terminar a faculdade quando conseguisse.
Trabalho no food truck alguns dias na semana, comida mexicana em pleno Novo México, os donos eram de Rhode Island então estava explicado o porquê deles quererem comercializar um tipo de comida que tem para todo o lado na cidade, a maioria das pessoas aqui tem descendência mexicana, mas eu pouco me fodo para isso, ganho melhor do que em outro lugar.
Tendo quarenta minutos de almoço, eu aproveito da melhor forma me vestindo de mascote para uma lanchonete enquanto engulo meu sanduíche de presunto com uma só fatia já que Gabe usou todas as fatias no seu. Como habitualmente, ligo para a creche do Mateo perguntando dele e antes que eu receba um sermão para eu comparecer à reunião, desligo.
-Ei, querem ajuda com um garçom. Você quer? -A gerente perguntou.
Trabalho? Hum, estou dentro. Se calculasse bem, chegaria no horário na reunião do Mateo.
Eu estava atrasado, como habitualmente. Eu estava atrasado e corri para a creche, quase saltava pelas cercas vivas para chegar nos minutos finais somente para escutar que estavam em uma epidemia de piolho e que o Mateo era um menino incrível, óbvio que ele era.
-Você chegou... -antes que Gabe me reclamasse por estar atrasado, eu entrei creche adentro em busca na sala do meu filho.
Para meu azar, todos os pais estavam saindo da sala com caras satisfeitas e arrumadas, eu estava um caos, suando e sem fôlego.
-Eu peço perdão. Peço mil perdões, eu tive um trabalho extra -falei para a diretora.
-É sempre a mesma desculpa, Sr. Flores.
-É que eu sempre estou trabalhando, Sra. Armando. Eu sinto muito.
-Bem, a reunião já acabou, mas o professor do Mateo ainda está lá dentro, por que não tenta conversar com ele?
Bem, Gabe já deveria estar levando o Mateo para casa, como eu não iria para a aula noturna da faculdade, conseguiria passar um bom tempo com ele. Sorrindo, bati na porta e entrei.
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Pequenas Histórias de Amor
Любовные романыPequenas Histórias de Amor e outros contos mpreg e omegaverse é um livro com diversos casais com diferentes histórias, repleto de muito beijos e amassos. Os contos desse livro são independentes entre si e em poucos capítulos que tem uma história com...