Capítulo 31

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Lágrimas de Sangue.

Minhas roupas pesam mais que chumbo, a chuva agora se tornou tão violenta que imbassa minha visão por completo, meu cabelo grudou em mim, eu não consigo ver ou ouvir nada e minha garganta dói.

Mas nada se compara a dor que sinto em meu coração. Nada se compara a esse vazil, é como se meu coração tivesse sido arrancado de repente e agora o local vazil empoça de sangue e suja minha roupa.

Eu nunca tinha entendido a expressão lágrimas de sangue mas agora eu sei o que quer dizer, significa sentir uma dor enorme e querer chorar tanto até todo o seu sangue ser expelido pelos olhos.

Eu não sinto nada ao meu redor, tudo ficou silêncioso, sei que a chuva cai porque minhas roupas pesam, mas não a sinto, sei que estou no meio da rua mas não vejo os prédios, os polícias ou as pessoas, sei que alguém está tentando se aproximar mas não ouço seus passos.

Tudo o que ouço é a voz de Bo-Kyung, seu refrão, vejo seu rosto sorridente, esse era o sonho dela e ela morreu por isso. Eles a mataram, as pessoas sem rosto da Internet que se acham no direito de julgar sem se importarem com os outros, sem pensarem no quanto ela estava chorando, se cobrando. Eles a incriminaram e deram o veredito de morte porque não gostam dela, não acreditaram mesmo ela falando a verdade.

Eles assinaram seu laudo de morte, mas agora estão se escondendo em seus verdadeiros rostos lamentando a partida precoce que eles provocaram.

E ela deve estar tão triste, ela concerteza ainda nos ouve, não é? Se eu gritar alto talvez ela me ouça e diga que foi uma brincadeira para esses assassinos online se conscientizarem, virarem humanos.

- Bo-Kyungah - grito com toda a força do meu ser, o grito veerbera e se torna provavelmente mais alto do que a chuva, mas ela ainda não me respondeu, ainda está tudo silêncioso.

- Bo-Kyungah - grito mais alto - Bo-Kyungah - mais alto - Bo-Kyungah - e mais alto.

Eu vou gritar cada vez mais alto até ela me responder, afinal ela não pode estar morta, ela não poderia simplesmente ter pulado da cobertura de um prédio, ela tem que estar viva.

Ela tem que realizar o sonho dela, ela vai ser a maior idol do mundo, da história, seu nome veerberará por toda a eternidade. Tem que ser assim.

- Bo-Kyungah - minha garganta dói tanto que parece que a minha traqueia rompeu. Eu não consigo respirar.

Puxo o ar violentamente e em um intervalo pequeno, é como se meus pulmões estivessem vazando.

- Bo-Kyungah - ela não ainda não responde. Por que ela ainda não responde?

Eu sei que errei, mas serei uma ótima amiga no futuro, eu prometo.

- Bo-Kyungah, Bo-Kyungah - sinto o que acho que são mãos em meus braço e alguém tentando me puxar para cima.

Eu não vou sair daqui, a Bo-Kyung ainda não respondeu.

- Song Bo-Kyung, Song Bo-Kyung, Song Bo-Kyung - as mãos ficaram mais fortes.

Sem a Bo-Kyung eu não vou.

- Song Bo-Kyung, Song Bo-Kyung, Song... - a minha falha e eu começo a tossir.

Me inclino em direção ao chão ficando em posição de cachorro. A pessoa agora afasta meus cabelos e levanta meu rosto.

Até A Próxima PrimaveraOnde histórias criam vida. Descubra agora