Capítulo 09

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Sangue e inferno de neve.

Dias atuais.

Olho para a tela até meus olhos arderem em chamas, isso já é demais. Passou de todos os limites existentes.

Se ela mostrar isso minha vida acabou, se foi para todo o sempre. Não posso deixar ela mostrar meu caderno para a Mi-Suk, ela vai me acusar de querer acabar o relacionamento dela. Eu preciso fazer alguma coisa.

- Ah, eu tenho que ir - digo e não espero uma resposta só corro.

Chega brevemente aos meus ouvidos barulhos que se assemelham a " o que? " e " por que? " mas não paro. O ar frio da noite corta meu rosto como uma navalha, as várias pessoas na rua parecem não existir enquanto eu desvio delas com facilidade, costume de Palermo.

Ao chegar a faixada estou completamente sem fôlego, paro na calçada e me ajoelho. Conto até 10.

Me levanto e entro, elas provavelmente estão no último andar ao julgar pelo ângulo da foto.

Se eu não conseguir pegar meu caderno existem várias coisas que podem acontecer:

1) Ela pode mostrar e acabar comigo;

2) A Mi-Suk pode não se incomodar já que ele é famoso;

3) A Mi-Suk pode me matar;

4) O próprio Boniim pode me olhar com cara de nojo.

A última me parece a pior, as pessoas podem lidar com várias decepções mas talvez não com as dos seus artistas que os salvaram e os entenderam em um momento o qual ninguém conseguia.

Chego a escada que dá a cobertura, nem vi o caminho passar. Encosto minha orelha na porta esperando ouvir um som.

Nada.

Seguro a maçaneta e a puxo abrindo-a.

Olho ao redor mas não há ninguém, também tem a vantagem de está tudo escuro. Dou alguns passos mas nada muda.

- Olá? - chamo - Tem alguém aqui? - aumento meu tom de voz nesta última parte.

Espero. Nada.

Está escuro de mais para eu ver coisa alguma, então do meia volta.

- Olha só, ela veio - ouço Ha-Na falar.

Do outro lado do terraço, ela está iluminada por um tipo de lanterna na mão de Ga-Hee, Cho-Hee está atrás delas com as mãos na proteção. Não vejo meu caderno.

Na luz seus rostos ficam ainda mais assustadores; os longos cabelos pretos e o rosto branco fazem com que elas parecem uma espécime não catalogada de Goblin.

- Cadê meu caderno? - pergunto sentindo a raiva na minha garganta formar um bolo.

- Ah? Aquilo? Bem - ela pega e o balança na mão, a capa rosa quase se desprendendo - eu li tudo, desde os poemas, até a bela musiquinha que você fez, devo dizer que tem imaginação, mas não acho que a Mi-Suk vá gostar - ela ri e as outras a acompanham.

Até A Próxima PrimaveraOnde histórias criam vida. Descubra agora