Até A Próxima Primavera

Capítulo 49

Corte de cabelo.

Dias atuais.

Faz uma semana e Ji-Hye ainda está no hospital, sua recuperação é lenta, mas efetiva, estou feliz por ela.

Depois que as provas acabaram, passei a ajudar Haneul todos os dias, ele é incrível, engraçado, às vezes meio dramático, mas acima de tudo, extremamente calmo, assim como sua pernosa famosa.

Bem diferente de um certo alguém.

Faz uma semana do que a Mi-Suk falou também. Quando nos vimos no dia após o incidente, ela não falou nada, na verdade, parecia estar brava comigo, mas o que eu fiz? Eu deveria estar irritada com ela por ter falado aquilo, mas não estou, é ela quem está irritada ao invés.

E isso não faz sentido algum.

E faz mais de uma semana que eu não falo com o Eun-Joon. Confesso que ver ele no corredor e passar reto dói muito, quando nossos olhares se cruzam, desvio imediatamente, finjo que não ouço sua risada e quando sua voz soa na classe eu sou a única que não vira a cabeça para olha-lo; tudo para sufocar esse sentimento errado que eu sinto, tudo para expulsar ele dá minha mente, tudo para o meu coração o tirar do radar e entender que ele tem outra.

Tudo para eu parar de chorar com o rosto contra o travesseiro tarde da noite enquanto me sinto culpada por minha mente criar cenários com alguém que já tem alguém.

Amar alguém que já ama alguém dói muito.

Uma vez, li um livro da Jane Austen chamado Persuasão, em que eles se apaixonam no passado mas não ficam juntos, quando ele volta, as outras meninas começam a se apaixonar por ele e ele corresponde. Ela ainda o ama, mas sufoca tudo, enterra no coração e diz a si mesma que ele já nada mais quer com ela.

No final, eles ficam juntos, mas sei que a vida não é livro. Eun-Joon não vai ficar comigo, ele já tem alguém linda, inteligente e com uma ótima personalidade, nada jamais a abala, dá para ver em seus olhos. Tudo o que eu gostaria de ser, tentei mas nunca consegui, eu acho.

A mim só resta um quarto escuro, lenços e um coração partido.

Hoje é sábado a tarde, estou deitada na cama olhando a rua, Mapo-gu agora não me parece tão estranha, o ritmo me parece normal e a língua é tão... Natural. Na verdade, acho que quando voltar, vou estranhar o italiano.

Viro de barriga para cima, eu não quero ir.

Hoje, temos que ir à KISAL, terminar algo em um dos jardins para a " competição " mais sem sentido que já tive notícia. Mas eu não quero ir. Haneul vai estar com a namorada dele, então só em restam Harper e Eun-Joon que andam fazendo seu trabalho sem brigas. Estranho.

Eu gostaria de dormir e não acordar mais.

Eu quero paz.

Me sento na cama abrindo a gaveta da minha escrivaninha, pegando meu caderno e caneta.

'' Sábado, uma data a qual não me importo, sentada na minha cama, no meu apartamento em Mapo-gu, Coreia:

Eu quero paz;
E não, não falo de bandeira branca, falo de não ter que com o que me preocupar;
Eu quero paz;
Quero meu coração calmo de novo, sem essa dor que eles chamam de amor;
Eu quero paz;
Quero me deitar e acordar pensando em mim;
Eu quero paz;
Porque é na paz, que eu me sinto bem, eu quero ficar bem;
Eu necessito de paz;
Necessito ter uma mente calma livre de tudo, absolutamente tudo mesmo;
Eu quero paz;
Quero ficar quieta, quero deitar na grama sem sombra de problema;
Eu exijo paz;
Mas afinal, o que eu farei com toda ela depois que tiver?;
Eu não sei, eu só sei que eu quero paz. "