Capítulo 38

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A festa da bruxa boa

Há mais de dois anos atrás.

Este natal, Emijya está na Alemanha, ela trabalhou o verão inteiro, juntou todas as moedas da sua casa, fez favores a todos, juntou o suficiente e foi surpreender seu namorado na faculdade, então, este ano não tenho parceiro para " A rodinha à La Befana ".

É tradição aqui em Palermo, todas as manhãs de natal, as crianças fazem uma roda ao redor da praça no centro da cidade para agradecer pelos presentes, até os estrangeiros entram na dança. Mas nós, que somos daqui, fazemos algumas menores pela cidade, só nós e nossos amigos.

Este ano, meu último, vou ficar sozinha.

Da frente do nosso apartamento, onde eu e meus pais estamos, vejo todos se reunindo e me preparo mentalmente para minha mãe me perguntar pela sétima vez esta manhã, o porquê eu não ir também.

Por que as outras estão brincando de homem invisível comigo, e eu cansei.

E além do mais, eu conheço minha mãe, sei que ela brigaria com a cidade toda por conta da minha " exclusão ", então só tomo meu chocolate quente calada.

Ao redor, a cidade tem várias luzes de natal enfeitadas para parecer que caem do céu, lindos e altos pinheiros enfeitados com neve sintética já que aqui não neva, bonecos de neve de todos os tamanhos e tipo confeccionados a mão. As pessoas hoje adotaram cores em tons pastéis, decoradas e longas: sweters com marshellows de chocolate, vestidos verdes com a cara do papai noel, blusas brancas com frases coloridas... Além de, claro, uma enorme quantidade de brilho que até mesmo de dia, ilumina tudo.

- Imagine o preço da conta dos vizinhos da frente - meu pai posiciona-se ao meu lado, encostado no peitoril da janela como eu - acho que os Lucca vão, pelo menos, pagar uns 450 euros nessa brincadeira de renas no telhado e papai Noel que anda e fala - ele bebe um pouco do café de sua caneca.

- Pelo menos vão pagar menos do que aquele casal alemão que vivia perto da Abadia. Quanto foi mesmo?

- 759,99 euros - minha mãe para atrás de nós.

- Só de pensar o chão treme - ele balança a cabeça.

Abaixo a minha com uma mão tapando a boca para abafar minha risada.

- Hoje você ri, mas quando tiver contas para pagar, qualquer centavo a mais vai te fazer desmaiar - ele e minha mãe saem conversando baixo sobre até quando gastar é para impressionar, ostentar, ou uma tentativa de ir para a prisão.

Nossa casa, a qual na verdade é um apartamento, é uma construção cinza que nunca foi pintada, tendo aqui e ali alguns pedacinhos que revelam os blocos vermelhos, ela tem cinco andares, os quais os dois de baixo, costumávamos alugar até as pessoas decidirem que Palermo é linda, mas pouco conhecida e então, se mudarem para Veneza, desde então, eu moro no andar de baixo, onde a sala de estar é a minha biblioteca particular, e meu quarto fica bem no fundo, e encostado à minha parede há o jardim que a minha mãe cultiva junto com a senhora Elliot, uma mulher londrina bem idosa.

Aqui também é cheio de escadas velhas de madeira que fazem barulho, quando era mais nova gostava de imaginar que aqui era uma prisão antiga, como Dalibor com fantasmas malvados e eu, era uma super heroína a qual iria se livrar de todos eles. Hoje eu já me acostumei tanto que nem ouço mais o barulho.

Até A Próxima PrimaveraOnde histórias criam vida. Descubra agora