Capítulo 34

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Mundo X Ella.

Dias atuais.

- Você não vê o que está acontecendo com ela? Se a sua filha se matar devido a pressão, vai fazer alguma coisa ou só sentar e culpar o mundo, em vez de enfiar a culpa nas suas costas que é onde deveria estar? - a voz da minha mãe já está rouca de tanto que ela a usou.

- Olhe aqui, eu falei que era uma ótima oportunidade vir para cá, como eu saberia que isso aconteceria? Eu não prevejo o futuro Vega - algo cai e se quebra depois do meu pai falar.

Ainda bem que não tenho irmãos mais novos, assim não preciso tentar explicar ou omitir essa situação, mas gostaria do fundo do meu coração de ter um irmão mais velho agora para me abraçar e falar que tudo isso vai passar, porque seria uma bela mentira a ser ouvida.

Não vai passar. Meu pais vão se separar.

Quando conheci Emijya, sentada em um banco no meio da praça olhando a água cair da fonte, a primeira coisa que ela deixou escapar foi que seus pais estavam se separando pois brigavam demais, naquele minuto olhei para os meus, eles estavam felizes sorrindo e conversando animadamente, então eu me convenci de que era impossível que eles fizessem isso.

Meus pais se amam, eu pensei, jamais vão se separar.

Mas o amor acaba, porém uma criança de três anos não sabe o que é isso, mas uma adolecente de dezessete pode ver sua família roir, como se o resto do mundo já não tivesse caido o suficiente.

Eu não me lembro de quando eles começaram a brigar, apenas me acordei às 04:30p.m. com o barulho das vozes alteradas e agora são quase 06:50p.m. Eu tenho que sair do meu quarto mas não tenho coragem, em vez disso, passei as últimas duas horas e vinte minutos sentada na cama encolhida, abraçando os joelhos com o meu cobertor em volta da minha cabeça, e pensar que há alguns dias atrás tudo estava bem.

- ...Você é maluca Vega, doente, o que acha que eu deveria fazer? Eu estava mal...

- Se estava enconformado com o trabalho ruim que tinha em Palermo, deveria ter procurado outro...

- Como você procurou não é? Eu deveria trabalhar como você estava trabalhando? Quem você pensa que é para me falar isso? Nem trabalho você tinha Vega, era tudo eu nas minhas costas, a sua área... - uma porta bate pesadamente o enterrompendo.

Não me lembro do meu pai falando assim com a minha mãe antes, ele sabe que doi muito para ela não ter um emprego, e sabe melhor do que ninguém o que ela ouviu da minha avó por fazer uma " faculdade para preguiçosos e sem futuro algum ".

Respiro e me arrasto em direção a minha mochila vendo minha carta e meus remédios em um único compartimento e tomo uma pílula de cada.

Não importa se eu vá ter uma overdose, na verdade, isso até poderia ajudar os meus pais que nesse momento só devem estar juntos por minha causa.

***

Suspiro olhando para o envelope branco ainda segurando a maçaneta da porta da sala de artes.

Será que esse é realmente o melhor caminho? Como eu vou me sentir depois? Nós, humanos, só nós preocupamos com o agora e visualizamos o depois com base nisso, mas e se o meu depois for diferente do que eu visualizo com o meu agora?

Até A Próxima PrimaveraOnde histórias criam vida. Descubra agora