Capítulo 35

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Sol, Chuva e arco-íris.

mais de dois anos atrás.

Acho que vai chover. As nuvens estão mais cinzas e mais pesadas de quando eu as vi em Palermo, de qualquer forma, acho que sou a única que se importa com elas, já que apenas eu estou olhando para o céu de Milão.

As pessoas andam em um fluxo bem lento para um local como este. Perto de mim, uma mulher com ar extravagante vestida com um vestido preto da Prada carrega mais sacolas da Gucci do que seus braços conseguem carregar; duas crianças de uns cinco anos, correm de um segurança enquanto tomam gelato; uma modelo posa em uma escadaria com um longo vestido vermelho justo e há vários fotógrafos, além dos tradicionais paparezes, sinegrafistas e carros de luxo. Mais um dia normal na capital do design, com maior influência global no comércio, na indústria, música, desporto, literatura, arte e mídia.

O centro do mundo e orgulho de todos os italianos.

- Quando eu era pequena, meu sonho era que nos mudássemos para a Lombardia - Emijya abre os braços enquanto gira em si mesma no meio da rua.

- Se aqui é lindo nessa época, imagina na semana de moda com as celebridades, as modelos, os desfiles - Sofia abre os braços nos encarando com seus olhos amêndoas e o cabelo caramelo ao vento - imagina ir a um desfile da Chanel, da Saint Laurent, Miu Miu, Dolce & Gabbana, Fendi, Celine, Hermès... - sua voz vai ficando mais aguda a medida que ela fala, enquanto junta as mãos e dá vários pulos. Emijya e eu nos encaramos.

Nossa escola, embora seja apenas para artes visuais, oferece oportunidades para estágios ou serve como porta de entrada para todo o mundo criativo, Sofia só se juntou a nós pois sabe que isso abrirá as portas para o mundo dos estilistas, o fantástico mundo da criação de roupas, as marcas, as revistas, as modelos, os fotógrafos... Seu sonho é entrar nesse mundo de glamour.

Sendo honesta, tenho medo de que nada saia como ela sonha, ou o glamour virar granizo. Sofia é muito sonhadora e eu diria até inocente, seus sonhos são alimentados pela sua avó, a pessoa que vive mais na lua do que a própria poeira lunar. Honestamente, eu gostaria que ela analisasse isso mais, que pensasse nos pessares também, mas ela deixa-se levar pelas palavras de encanto da matriarca da família dela. O pior é que ela não faz por mal, só quer incentivar sua neta.

- Daqui a alguns dias, a Ella aqui vai estar em um lugar mais frenético do que isso - Emijya passa o braço por meus ombros enquanto sorri - cheio de luzes, com uma cultura totalmente diferente e amigos novos... Não é merluzzo? - ela gesticula freneticamente enquanto tento sorrir naturalmente e voltamos a andar.

Sendo sincera, não me sinto muito bem, é uma experiência nova que pode-se mostrar maravilhosa mas, não é como se estivesse virando a esquina, eu vou mudar de continente, e não me sinto bem, é como se estivesse entrando dentro de uma caixa cada vez mais apertada enquanto tento encontrar espaço ou, estivesse sendo forçada a usar uma roupa a qual não me serve e Emijya me fala isso a todo instante, não deixando escapar um segundo sem que me lembre, não se sei é para que me acostume ou porque acha divertido falar, mas em ambos os casos isso me deixa desconfortável e eu gostaria que ela parasse, já basta toda a euforia em casa, minha casa tagarelando, meu pai me forçando a entender aqueles símbolos, gostaria que pelo menos enquanto estivesse com ela, tudo parecesse irreal, que fosse o meu lugar de paz, mas ela só me força novamente para dentro daquela caixa me deixando sem opções.

As pessoas na rua parecem não notar o grupo de dez estudantes de vestidos vermelhos até os joelhos e longas meias brancas com uma capa também vermelha amarrada nos ombros farfalhando como as dos bruxos em Harry Potter e sapatos de sapateado preto. Por isso amo nosso uniforme, a única coisa que acusa seu significado é a padronização ou o nosso brasão no peito esquerdo, um ramo de olívas em cima da cabeça de Mariene.

Até A Próxima PrimaveraOnde histórias criam vida. Descubra agora