Capítulo 42

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Mesma cidade, nomes diferentes.

Dias atuais.

Ainda não entendo muito bem o que me deu para ter falado tudo aquilo ao Eun-Joon. Na hora eu estava meio fora de mim eu acho, ou eu só precisava colocar tudo para fora de uma vez.

Depois que eu terminei, ele não me falou nada, não me deu um abraço ou aperto de mãos, só depois de muito tempo com os lábios contraídos ele abaixou a cabeça um pouco e respirou fundo.

- Você não é uma pessoa ruim Ella - ele disse levantando a cabeça - pessoas ruins não se importam em machucar os outros. Pessoas ruins não choram quando sua amiga morre. Pessoas ruins não se entopem de remédios para aliviar um vazio crescente.

Pisquei por uns segundos quando ele falou a última parte, sem falar nada.

- Tenho observado que você anda meio atônica, ou dorme demais ou está muito alerta, prestando atenção até ao besouro do outro lado do campus. Eu não sei o que está tomando Ella, mas eu quero que pare, não vou te tomar nada, isso é algo que você deve fazer por si mesma, sozinha ou com acompanhamento, mas eu confio em você e estou lhe avisando que se não parar agora vai ser muito, mais muito pior no futuro. Termine seu quadro, se não acha que consegue sozinha, eu posso te ajudar. Faça qualquer coisa, menos desistir dos seus sonhos e da sua vida.

Depois disso, ele passou alguns dias pela minha casa após a aula e no tempo livre dele para me ajudar desde o esboço até a pintura.

Pena que mesmo assim eu não consegui acabar.

Olhando para o passado, percebo que sou totalmente diferente do que era a alguns anos, que tudo o que acreditava, fazia, pensava... Tudo mudou, passei por coisas que nunca imaginei e é como se estivesse " pagando minha língua ".

Mas no fundo ele tem razão, eu não posso desistir da minha arte.

Assim como não posso mais parar com os remédios.

Esse mês, o julgamentos das obras ocorrerá de forma diferente, mas eu não sei o porquê, só sei que há dois dias recebi um e-mail dizendo que devido a algo que poderia estar acontecendo ou os organizadores estão investigando, eu não entendi muito bem, a primeira parte ocorrerá em duas cidades diferentes mas vizinhas: Gumi ( 구미 ) e Gimcheon ( 김천 ), uma pela manhã e outra pela noite.

Eu fiquei pela noite em Gimcheon, então, agora estamos eu, minha mãe e a senhora Song andando pelo pico da montanha Geumosan junto a outros competidores.

Eu não vejo o meu pai uns três dias.

- Ah, Ella, olhe - diz a Senhora Song que usa uma camisa azul clara de botões, calças brancas e cabelo em rabo de cavalo - Por ali fica uma queda d'água lindíssima, mas um pouco arriscada para a minha pessoa eu diria.

- Na verdade, se pararmos para pensar tudo é muito arriscado - diz minha mãe.

- Sim, sim, até mesmo andar até a frente de casa.

- É um perigo eminente com certeza, especialmente nas horas de pico ou a noite.

- A noite eu nem saio, eu... - começo a andar para o lado oposto ao delas silenciosamente.

Depois que a Srª Song passou a me atender, minha mãe e ela se tornaram super amigas extremamente rápido, falam como se conhececem uma a outra a mais de vinte anos, tivessem ido para a mesma faculdade e até mesmo nascido no mesmo dia.

Me encosto no apoio de madeira, próxima a alguns galhos e observo as folhas que mudam de cor. Há árvores com tons diversos, galhos escuros e claros, grossos e finos, é como se houvesse um buraco no horizonte e elas estivessem ao redor, crescendo e deixando aquele lugar intocado, como uma pintura que ainda não foi pintada. Se o meu caderno de poemas não tivesse ficado na bolsa da minha mãe, eu escreveria algo sobre esse lugar.

Até A Próxima PrimaveraOnde histórias criam vida. Descubra agora