Até A Próxima Primavera

Capítulo 30

... Eles morrem.

Dias atuais.

A petição para que Bo-Kyung não simplesmente saia da empresa, mas como também cometa suicídio, já ultrapassa duzentas e quarenta mil assinaturas, a " meta " deles era trinta mil. Isso é tão podre, tão desumano, tão horrível. Eu costumava achar os coreanos gentis, mas eles são tão ruins quanto um assassino condenado à morte.

Para mim, não há diferença alguma entre essas pessoas e o Sr. Hong. Sr. Oh.

Cada uma delas está sentenciado uma garota de apenas 17 anos a morte por algo que eles acham que ela fez tendo como base artigos rasos e especulações infundadas.

Para acompanhar o clima de injustiças, hoje o céu está nublado, ameaçando chuva mais tarde. Talvez a natureza se compadessa por ela, já que a humanidade não.

- Não sabia que vinha aqui também - me viro seguindo a voz, Eun-Joon está andando na direção em que estou.

Ultimamente, tenho vindo ao terraço com mais frequência para ficar em silêncio e descansar, acho que não sou a única a fazer issoo. Ele senta-se ao meu lado no banco, levanta as pernas e cruza-as na beirada.

Não consigo deixar de me sentir desconfortável. Ontem, decidi que para preservar minha integridade e amizade com Mi-Suk, vou parar de dar aula a ele, achei que o amor que sentia por ele era o de uma fã que se inspirava nele, mas não, é algo maior, ou pelo menos está se tornando e isso não pode acontecer, eu não posso me apaixonar por alguém que já tem compromisso, não posso ser tão desumana a esse nível. Tenho que achar um jeito de lhe falar que aulas acabaram, agora.

- Sei como é - ele se vira para mim.

Me assusto um pouco mas não deixo transparecer.

- Sabe do que?

- O que está sentindo. Foi um choque para todos, mas deve ter sido pior para você. Digo... É como acompanhar um dorama policial, onde há um agente que persegue cada passo de um psicopata, tipo " Mouse ", eles sabem a história, sabe o que acontece, mas tem um porém: as pessoas que não tem nem 5 minutos de tela, as pessoas que se chocam quando o psicopata vai preso, que sempre vão a cadeia e falam " como pode fazer isso? ", essas não sabiam de nada e se sentem perdidas. Você, todos nós, somos essas pessoas. Não fazíamos a menor ideia de quem ele era, pois para nós ele era o Sr. Hong, alguém que sequer existia, pegamos o livro pela metade e agora que estamos lendo a primeira parte, nos sentimos presos no oceano - ele olha para frente - fomos feitos de idiotas, mas mesmo assim, ele te ajudou muito, dava para ver que você o admirava, todas as vezes que estava em sua aula, a forma como o ouvia, o respeitava, dá pra entender o porquê você...

- Seria a próxima - olho para frente também, ignorando a crescente aceleração em meu coração.

- É. Você o admirava.

- Sabe Eun-Joon, você também é... - ele nega com a cabeça.

- As pessoas admiram Boniim não Gim Eun-Joon. Elas não me conhecem.

- As deixe te conhecerem - ele me encara com os lábios tortos.

- Não é assim. Boniim é um produto, ele é o que as pessoas querem, nessa indústria...