Capítulo 20

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Luci narrando

Era difícil acreditar que existia alguém como Mariano, além de lindo, é educado e atencioso.
Quando olho para ele ao mesmo tempo que fico feliz, vejo uma tristeza em seu olhar. Realmente tem coisas que o dinheiro não pode comprar, deve ser ruim viver sem ter amigos.
O que eu puder fazer para vê-lo sorrir, eu farei. Se não fosse por ele, no dia em que Giovanni tentou me agarrar no meio da rua, eu não sei o que seria de mim. Depois desse dia Giovanni não me ligou mais e nem me ameaçou.
Vivi por meses com medo dele.
Após o falecimento de seu pai, ele ficou mais descarado. Sempre jogou muitas piadas para mim, mas ultimamente estava forçando o contato físico.
Já cheguei no meu limite, não aguento mais essa pressão.

Quando vi Mariano parado no meu portão,a noite, senti uma alegria tão grande. 
Mais cedo fomos em uma padaria tomar café e descobri que ele era o dono, eu me senti tão bem com ele, um ser humano incrível.
Posso ser eu mesma, geralmente os homens só querem se aproveitar de mim, ainda mais os ricaços. Acham que podem nos comprar.
Me envolvi com um homem quando eu morava no Canadá, eu morava lá e trabalhava. Eu acreditei que ele me amava e que iria se casar comigo um dia, descobri com seis meses de namoro que ele era noivo. Fui humilhada em público e tive que voltar para a Itália, as marcas não me quiseram mais para representa-las. Tive um período de depressão profunda e quis desistir de tudo.  Sr. Jacomo não me deixou desistir, ele era um pai para mim.
Tudo o que eu sou, devo a minha mãe e a ele. Outros homens com dinheiro já quiseram me comprar, já me ofereceram muito dinheiro para ser acompanhante. Já ouvi muitas propostas absurdas. Infelizmente existem pessoas ruins e que acham que são deuses, só por terem dinheiro.
Graças a Deus minha mãe soube me instruir, apesar de ter crescido sem meu pai.

Meu pai faleceu quando eu ainda era muito nova, um motorista alcoolizado bateu no carro em que ele e minha mãe estavam. Minha mãe perdeu o bebê que estava esperando e meu pai faleceu. Eu tinha dez anos na época, determinei para mim mesma que nunca ia colocar bebida alcoólica na boca.
Hoje estou com vinte e quatro anos, já passamos por tantas coisas, minha mãe e eu.
Minha mãe é uma pessoa otimista, por ela ser assim eu não me permito sofrer perto dela. Dificilmente converso sobre minha vida.
Ela não merece sofrer mais, já vi tanta dor em seus olhos. Acho que fiquei especialista em ver sofrimento no olhar das pessoas.
Eu já fui um dos motivos de sua tristeza, quando entrei em depressão. Logo tentei ficar bem, pois vê-la sofrer para mim era pior do que a morte.
Tudo o que eu puder fazer por minha mãe, eu farei. Sempre me ensinou a ser uma pessoa de caráter e não me vender. Ela sempre me disse que quando somos honestos e sinceros com nossos sentimentos, somos recompensados.
Acho que a minha recompensa chegou, conhecer alguém como Mariano só pode ser um presente do Senhor.

Fiquei por um tempo olhando seu rosto, enquanto ele me olhava com um olhar sereno. Disfarcei e perguntei se aquele era o carro dele. Minha vontade mesmo, era de abraça- lo, queria que ele pudesse ser feliz  de verdade.
Fomos conversando pelo caminho, até chegarmos no restaurante. Quando ele sorri faz meu coração acelerar. Parece que de alguma forma contribuo para sua felicidade, isso me faz querer estar com ele.
Ele me ouvia e conversava comigo.

Entramos e fizemos os pedidos do drinks, após muita conversa os drinks chegaram. Enquanto conversávamos e tomávamos os drinks, pedi para Mariano tirar uma foto minha.

- Pode ser do meu celular? - Ele me perguntou.

- Pode sim, mas me envia depois. - Sorri e coloquei o copo no balcão.

- Pode deixar. - Ele congelou um pouco olhando para o celular. Acho que ele estava vendo o melhor ângulo.

- Ficou boa? - Perguntei após ele tirar a foto.

- Tem como não ficar? - Ele sorriu. Aqueles sorrisos me deixava em paz. - Ele virou a tela para me mostrar a foto.

- Você é bom nisso. - A foto ficou muito bonita.

- A modelo ajuda. - Ele sorriu.

- Depois me envia. - Ele fez que sim com a cabeça e guardou o celular no bolso da calça.

Após jantarmos e ele me levar para casa, fiquei parada no portão esperando ele ir. Era engraçado ter alguém se preocupando com o meu bem-estar, sem ser minha mãe. Mariano estava preocupado se eu ia me resfriar, pediu para eu entrar logo.
Pedi para ele me ligar assim que chegasse em casa.
Dei tchau para ele e joguei um beijo, não é que ele fingiu pegar o beijo no ar e guardou no coração?  Seu senso de humor é incrível.
Como alguém consegue quebrar a confiança e ferir uma pessoa assim?

Entrei e fui para meu quarto, minha mãe já estava dormindo. Ela sabia que eu ia sair e que não voltaria tarde, sou muito responsável com horários. Pelo jeito Mariano também.

Ao entrar no meu quarto, me deparei com o sobretudo dele que ficou comigo. Esqueci novamente de devolve-lo.
Tomei banho e coloquei a roupa de dormir.
Deitei e fique esperando a mensagem, alguns minutos depois meu celular tocou com uma ligação.

- Olá! Estava dormindo? -Ele perguntou.

- Não, estou deitada esperando sua mensagem. - Respondi.

- Cheguei bem . Vou tomar um banho agora e deitar. Amanhã tenho que ir na empresa que eu comprei . Depois tenho que te levar em algumas faculdades. Amanhã minha agenda está cheia.

- Tá bom. -Sorri. -Descansa então.

- Luci, Muito obrigado por hoje. Ter sua companhia é agradabilíssimo.

- Eu que agradeço. Ah, antes que eu esqueça, seu sobretudo ficou comigo novamente.

- Que bom, já tenho uma desculpa para ir na sua casa. - Ele riu do outro lado.

- Não precisa de desculpas, quando quiser vir você é bem-vindo. Eu gosto da sua companhia.

- É bom ouvir isso. Obrigado mesmo Luci. Você é uma pessoa incrível, até consegue me fazer sorrir. Uma ótima noite para você, amanhã vá na empresa, mas não peça demissão ainda. Quando chegar lá me liga, não fique coagida.

- Obrigada Mariano, de coração. Pode deixar que eu vou sim, me manda minha foto, heim! Boa noite.

- Boa noite Luci. Pode deixar que mandarei. Fica bem.

Ele desligou e logo o celular acendeu com uma notificação, ele tinha enviado a foto que tirou.
Fiquei parada olhando por um tempo, meu rosto estava leve. Não tinha nada forçado ali. Mariano me trazia tanta paz que transparecia até na foto.

Coloquei o celular para despertar e fui até o quarto dar um beijo em minha mãe. Dei um beijo em sua testa e voltei para a cama. Antes de deitar, peguei o sobretudo de Mariano e o abracei para dormir sentindo seu cheiro.

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