Angel Baby

Capítulo 19

Mariano narrando

O barman já me conhecia, mas iria estranhar me ver acompanhado. Eu sempre frequentei aqui sozinho. Sempre que aparecia era após alguma reunião.

- Olá, boa noite. - O saudei.

- Boa noite, que bom vê-lo por aqui, já faz tempo.

- Sim, estava viajando. Sabe como é, vida corrida. - Apertei sua mão.

- Sei sim. E essa linda senhorita? Boa noite.

- Boa noite. - Luci respondeu e deu um sorriso fino.

- Essa é minha companhia. Vou ter que concordar, ela é linda mesmo.

- Vocês estão me deixando sem graça. - Ela sorriu e olhou para o lado.

- Olha, a senhorita é a primeira que esse rapaz trás aqui. - Ele se inclinou para frente para sussurrar algo para Luci. - Ele parece ser muito solitário, cuide bem desse bom moço. - Ela sorriu e fez que sim com a cabeça.

- Pode deixar! - Ele sussurrou.

- Estou ouvido vocês. - Falei brincando.

- Sério? - Luci falou sorrindo e colocou a mão na boca, como se estivesse surpresa.

- O que vocês vão querer beber? - Perguntou o barman.

- Eu quero o drink de Kiwi. Você vai querer o mesmo? Pode escolher. - Perguntei para Luci.

- Pode ser o mesmo para mim. - Ela sorriu de uma forma gentil.

- Sente-se enquanto eu preparo. O da senhorita também é sem álcool?

- Por favor! - O barman foi fazer os drinks e nós sentamos nos banquinhos ao redor do balcão.

- Me fale sobre você. Você falou que tinha algo para me falar... - Ela virou e ficou sentada de frente para mim.

- Então, eu quero te perguntar se não tem problema de você está andando comigo. Sei lá, seus pais podem não gostar. Eu sou descendente de Mexicanos, de família pobre... - Eu olhava para ela e prendia o riso. - Já não tenho pai, minha mãe é doméstica...

- É essa sua preocupação? Então pode ficar tranquila. Você vai amar meus pais, se você acha que eu sou uma pessoa agradável, é porque não os conheceu ainda. O que eu sou foi eles que ensinaram. Eu não vejo mal nenhum nisso. Pode deixar que eu não sou de ficar ostentando e mostra do poder, sou bem simples. Meus pais vão ficar felizes porque eu estar acompanhando por uma pessoa como você.

- Uffa, tirou um peso enorme das minhas costas. Outra coisa, sobre Giovanni, ele costuma sair com as modelos. Mas eu nunca sai com ele. Faz uns meses que ele está em um caso com uma, mas não para de me perseguir. Então achei por bem ir amanhã pedir minha demissão. Eu queria fazer uma faculdade de moda ou algo do tipo para abrir minha própria empresa. Daí eu trataria as pessoas com humanidade. Com o pai dele era tão diferente, mas adoeceu e faleceu. Sua mãe foi embora da Itália.

- Não precisa pedir demissão, eu vou dar um jeito nisso. - Eu já tinha comprado a agência. - Fica tranquila, tudo vai se resolver.

- Não tem como eu continuar aguentando os assédios de Giovanni,você viu o que ele fez no
meio da rua. Imagine o que ele é capaz de fazer quando estivermos a sós. - Só de pensar naquilo me deu arrepios, lembrei de Sunshine sendo sequestrada e todas as coisas que Gates falou para ela.

- Ele não vai fazer mais nada com você, eu garanto. Agora deixa eu te perguntar, quando você está livre? Posso te levar em algumas faculdades. Só escolher o curso. - Ela riu para mim.

- É sério isso? Não vou dizer que é fácil para vocês, até porque não sei o que passaram para chegar até aqui. Mas parece ser tão fácil.

- Realmente não foi fácil, eu tive que lidar com muita renuncia e solidão. Mas agora estou colhendo frutos a longo prazo. - Sorri para ela. - Deixa eu te falar um pouco de mim... Tenho uma empresa e meu pai tem outra, somos investidores. Investimos em empresas por tudo o mundo. Compramos empresa também, inclusive acabei de comprar uma. Eu tenho uma fortuna que não tem fim. Meu pai então... Nem se fala. Mas eu não tenho com o que gastar. Então eu posso te dar o que você me pedir, não fique sem graça se eu te presentear, não estou tentando te comprar ou algo do tipo. Eu gosto de agradar as pessoas, ainda mais quem eu gosto. Eu senti algo diferente por você, gostei e você desde a primeira vez que te vi, não me pergunte o que é. - Sorri para ela. - Mas é eu gosto de estar com você, você é leve e me faz bem.

- Eu vejo muita sinceridade em você. Mas, sinto uma certa tristeza quando te olho. É estranho pensar dessa forma sobre alguém que tem tudo? Diria que você não tem motivos para ser triste.

- Eu não tenho tudo. - Sorri e olhei para o lado. Aquilo me fez sentir uma pontada no peito. - Realmente eu não sou uma pessoa muito feliz. Tem algo que não se compra. Nisso aí que eu me decepcionei, mas é vida que segue. Por um tempo me fechei, tive muito medo de me decepcionar novamente. Os traumas estão sendo curados e eu estou planejando me permitir ser feliz.

- Sei como é. - Ele sorriu e colocou a mão em cima da minha, que era a apoiada no balcão. Nossos drinks chegaram. Pelo jeito Luci amou.

Após muita conversa, fomos para a mesa. Tivemos um delicioso jantar.
O ambiente estava agradável, a comida estava deliciosa e a companhia era perfeita.
Após a sobremesa, fui levar Luci em casa.

- Obrigado pela noite maravilhosa. Você é uma ótima companhia. Fico feliz por ter te conhecido.

- Eu que agradeço. Obrigada pelo dia de hoje. Depois eu te compenso de alguma forma. - Ela sorriu sentada do meu lado no carro.

- Você pode me compensar sendo feliz, não dando importância para as pessoas que não te acrescentam. Amanhã se você tiver um tempo, vou te levar nas faculdades, não aceito não como resposta. - Sorri para ela.

- Você existe? - Ele me olhava.

- Existo, estou bem aqui. - Levantei e abri a porta para ela sair e a levei até o portão.

- Boa noite Mariano. Volte com cuidado.

- Obrigado. Uma boa noite para você. Mande lembranças para sua mãe.

- Mando sim. Obrigada. Para os seus pais também.

- Pode deixar! - Peguei a sua mão e dei um beijo. - Até amanhã.

- Até! - Me virei e entrei no carro. Ela continuava no portão. Abaixei o vidro para falar:

- Entre, está frio.

- Estou esperando você ir.

- Então vou logo para você não se resfriar. Fica bem.

- Você também. - Mandou beijo com a mão e eu fingi pegar no ar. Sorri para ele e segui em direção a minha casa.