Capítulo 6

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Mariano narrando

Aquilo me pegou de surpresa, ela me pedir um beijo na cara de pau. Como eu não tinha nada a perder e a noite estava agradável, decidi conceder o que ela me pediu.

- Você quer agora? - Tomei coragem e olhei dentro dos olhos dela.

- Sério? - Ela arregalou os olhos, como se não esperasse por aquilo.

- Sim. - Me inclinei para frente e coloquei minha mão em sua nuca. Sem esperar ela responder. A puxei para perto de mim e toquei seus lábios com os meus. A beijei lentamente. Esperava sentir uma sensação diferente do que estava sentindo. O beijo dela não mexeu muito comigo, não teve muita química. Fui abrindo o olhos devagar e me afastei um pouco para olhar seu rosto.

- Eu nem sei o que dizer... - Ela olhou para baixo, meio envergonhada.

- Vou te deixar na porta de casa, está ficando tarde. - Abri a porta e desci para abrir o lado do carona. A ajudei a descer e a levei até a porta de casa.

- Obrigada pela noite maravilhosa. - Ela deu um sorriso fino.

- Eu que agradeço. - Dei um beijo em sua mão e me virei para ir embora. - Boa noite, até amanhã.

- Até. - Ela entrou e eu ouvi a porta se fechando atrás de mim.

Fui pensando durante todo o trajeto, esperava mais do beijo. Não senti emoção nenhuma. Será que ela sentiu algo? Pelo rosto dela, não foi  bom para ela do mesmo jeito que não foi para mim.

Poderia tentar namora-la, mas seria por gratidão, não porque tenho outros sentimentos. Sei que isso pode ser ruim, mas posso tentar gostar dela, tentar mudar o que não me agrada... Sei que ninguém muda ninguém.
Cheguei em casa e avisei aos meus pais que tinha chegado. Fui para meu quarto, tomei banho e dormi como uma pedra. Pensei que ia ficar pensando na noite, mas isso não aconteceu.

Ao chegar na faculdade , avistei Violete de longe. Fui andando em sua direção.

- Olá, bom dia. Dormiu bem? - Perguntei para ela.

- Dormi sim. E você, dormiu bem?

- Sim, como uma pedra. Deixa eu te falar uma coisa, estive pensando sobre o que você me pediu ontem. Decidi aceitar.

- Aceitar o quê? - Ela parou e olhou para mim.

- Namorar contigo. Não é isso que você quer?

- Quê? Mentira! É sério isso?

- Sim. Só tenho um pedido, nada de beijos em público. Eu prometo que vou tentar ser a melhor pessoa para você.

- Tudo bem. Eu aceito o que você pedir. Eu não estou sonhando, estou? Eu sou capaz de amar por nós dois, seu que você não gosta de mim como eu gosto de você. Mas eu prometo te conquistar.

- Não, você não está sonhando. - Sorri. - Você vai ter que ter paciência comigo, nunca namorei antes. Vem, vamos entrar. - Fui andando ao seu lado. Evitei pegar em sua mão, aquilo era um pouco constrangedor para mim ainda. E assim começamos nosso relacionamento.

Os anos se passaram, dois anos para ser mais exato. Estamos no término da faculdade. Estou namorando com Violete tem dois anos, ainda não temos muita química e cada dia parece que vamos nos afastando mais.  Ela diz me amar, mas parece amar meu dinheiro. Ela não demonstra carinho e nem sentimentos, eu tento pegar em sua mão, parecer um casal. Ela sempre me repele.
A chamo para almoçar ou jantar com meu pais, ela sempre tem uma desculpa.
Por ela só jantamos fora e compramos coisas caras, parece que só ficou comigo por causa do dinheiro mesmo. Não me pergunta como foi meu dia, se estou bem... Ligo para ela, sempre tem que desligar por algo.

- Podemos viajar para algum lugar depois  da formatura, o que acha? - Ela falou enquanto eu dirigia, estava a levando para casa após almoçarmos em um restaurante.

- Pode ver o lugar. Acho legal. Deixa eu te falar uma coisa, estou pensando em me mudar ao me formar. Quero abrir uma empresa, só que quero investir em outro lugar. Não sei como vamos ficar... - Eu olhei para ela e ela mexia e celular. Meu sonho era ela falar que queria terminar. Mas eu me prendia a ela pelo sentimento de gratidão.

- Simples, eu vou com você.

- Você vai comigo? - Oi? Eu tinha ouvido bem?

- Sim, você acha que eu vou desistir de você? Vou para onde você for.

- Então tá, converse com seus pais. - Como assim, seria tipo um casamento?

- Pode deixar. Eles na vão se importar. - Parei o carro e desci para abrir a porta do carona. Ela desceu e pegou a bolsa e foi andando. - Tchau, até amanhã. - Cadê o beijo? O eu te amo? Ela era bem estranha.

Nossa relação é horrível, mas eu não consigo terminar com ela. Teria que ser um motivo bem terrível para eu conseguir ter essa coragem. Sinto raiva de mim por ser essa pessoa, que não gosta de magoar os outros. Prefiro sofrer do que fazer os outros sofrer.

Terminamos a faculdade e eu me mudei de cidade. Meus pais não concordavam de Violete morar comigo, nem eu concordava. Quando fui ver, ela estava lá de mala e cuia. Fez um drama desnecessário quando falei pra não ir. Até falar que eu já tinha outra, ela falou.

Tenho vinte e quatro anos e estou morando com uma pessoa que não sinto o amor que eu esperava. Tenho afeto e muita gratidão.
Violete só quer saber de gastar e comer fora, gosta de receber jóias e presentes caros.
Agora que estamos morando juntos piorou mais ainda as coisas. Ela fica o dia todo em casa, quando chego tenho que sair com ela para jantar fora.

Pensei que com o tempo ia passar esse jeito de Violete. Estamos empurrando com a barriga já tem cinco anos, desde o nosso primeiro beijo no carro. Estamos morando juntos há três anos. Sinto cada dia mais distância entre nós.
Matheo era meu único amigo, mas ele se afastou por conta do trabalho. Não tenho com quem desabafar as coisas da vida.
Não posso conversar com Violete, ela não se interessa em saber como foi meu dia. Eu saio para trabalhar ela ainda está dormindo, quando volto ela já está dormindo. A não ser o dia em que ela quer sair.
Vou tentar a última vez conversar com ela sobre nosso relacionamento, caso não dê jeito eu vou me separar dela. Não dá para viver uma vida assim. Esse não é o relacionamento que e sonhei para mim. Esteja perdendo tempo.

Sai cedo para trabalhar, com planos de voltar para casa na hora do almoço para fazer uma surpresa para Violete.
No horário de almoço fui para casa, não avisei que iria. Cheguei em casa e escutei um barulho vindo do quarto, no começo achei que era a televisão. Deixei a comida em cima da mesa e fui seguindo os rastros de roupa pelo chão. Parei na porta do quarto, incrédulo com o que eu estava vendo. Meu melhor amigo estava na cama com a minha companheira, nem sei o nome que dou para ela. Pois namorada nunca foi, esposa tão pouco.

- Que raios está acontecendo aqui? - Eles deram um pulo da cama.

- Mariano? - Falou Matheo. - Mas você não...

- Podem continuar, a comida está em cima da mesa, caso sintam fome. - Virei e fui caminhando para a saída. Violete correu e ficou na frente da porta. Ainda estava nua. Desviei o olhar.

- Você não vai sair. Temos que conversar.

- Conversar? Conversar o quê? Eu já não vi o suficiente?

- A culpa é sua, por isso estou fazendo isso. - Ela gritava histérica.

- Ah, é minha culpa? Então me perdoe. Me perdoe por todos esses anos ser um idiota que deu tudo que você quis. Que tentou de todas as maneiras te amar e ser a melhor pessoa do mundo. Eu não vou mais atrapalhar.

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