Capítulo 21

70 6 7
                                    

Luci narrando

Acordei com o despertador tocando. Ao apertar para desligar, vi que tinha uma mensagem.
Era uma mensagem de bom dia, de Mariano.
Ele já estava de pé há muito tempo, ainda tem quem diga que os ricos não trabalham.
Respondi sua mensagem e fui tomar banho. Me arrumei e fui para a empresa.

Giovanni passou por mim e falou que me queria em sua sala, aquilo fez minha coluna gelar. Ouvi alguns cochichos, diziam que o novo dono da empresa estava em uma sala, que já tinha começado a fazer algumas mudanças na empresa. Giovanni parecia não saber, ele chegou um pouco antes de mim. Talvez ainda não soubesse da novidade.
Ele entrou na sala e eu entrei logo atrás.

- Bom dia, sumidinha. Pensou melhor no que me disse?

- Bom dia, senhor Giovanni. Pensei e decidi que vou pedir demissão mesmo, isso aqui não é para mim.

- Você está achando que você vai encontrar emprego em qualquer lugar? - Ele estava sentado em sua cadeira, atrás da mesa. Eu estava de pé, na frente da mesa.

- Se eu não achar no meu ramo, não tem problemas, desde que seja um trabalho honesto. Eu não aguento mais suas provocações.

- Sabe que você é uma ingrata? Isso mesmo, ingrata! Meu pai fez você chegar onde está agora, é assim que você retribui?

- Seu pai era um homem ímpar, já não posso falar o mesmo de você. A gratidão que tenho é por ele.

- Pensa direitinho, Luci. - Ele batia um lápis na mesa. - Consegui vender a agência, vou poder ficar como sócio. Posso colocar você como a modelo principal. Ou até como a principal em outra coisa, se é que me entende... - Ele levantou uma sobrancelha de sorriu mordendo os lábios.

- Não estou interessada, não estou disposta a pagar o preço. Por você eu só tenho desprezo.

- Você é burra ou o quê? Você tem que aprender a aproveitar as oportunidades. Ele se levantou da cadeira e veio andando em minha direção. Fui me afastando até chegar na porta.

- Se você chegar mais perto eu vou sair gritando e vou direto para a delegacia.

- Você está me ameaçando? Quem você acha que é? Você vai ser minha ou eu vou destruir sua vida- Ele deu mais um passo, eu abri a porta e me virei para correr. Bati meu rosto no tórax de alguém que estava parado do lado de fora da sala.  Levantei os olhos  para olhar em seu rosto e pedir desculpas, as lágrimas já eram evidentes nos meus olhos.

- Mariano? - Só consegui falar isso, logo após a voz sumiu. Não consegui controlar o choro, mas estava grata por Mariano estar ali.

- O que aconteceu? - Ele me puxou para um abraço. - Fica calma. - Eu tentava me controlar, mas meu esforço foi em vão.

- Ora, ora. Você por aqui? Tem coragem de aparecer na minha empresa? - Ouvi Mariano soltar uma respiração pesada. Parecia se controlar.

- Por favor, traz um copo com água para ela. - Ele pediu para o homen que estava com ele. - Vem, vou te sentar aqui. - Ela passou por Giovanni e me sentou na poltrona, que ficava na sala de Giovanni.

- Você é abusado mesmo, não é? Quem você acha que é para invadir a minha sala assim? - Mariano estava abaixado na minha frente, seu olhar de preocupação era nítido.

-Você está bem? Ele fez alguma coisa com você?

- Não, só ameaças. Estou melhorando, só estou um pouco nervosa.

- Tenta manter a calma, não vou deixar nada acontecer com você. Confia em mim?

- Sim, eu confio. - Enquanto isso Giovani berrava atrás de Mariano.

- Que audácia! Já acabaram com a palhaçada? Agora se retire da minha sala, antes que eu não responda por mim. - Mariano respirou fundo e se levantou para responder.

- Sua sala? Vê  como você fala com os superiores. - Ele passou a mão na barba e colocou uma das mãos no bolso, lançou um olhar sereno e um sorriso de lado na direção de Giovanni. Como ele conseguia ser tão lindo assim? - Agora essa sala é minha, então eu posso fazer o que eu quiser aqui.

- O quê? A você é um abusado mesmo, né? Já perdi a paciência com você. - Ele deu um passo para frente e Mariano não recuou, deu um passo para frente também. O moço que estava com Mariano voltou e entrou na frente de Mariano.

- O que está acontecendo aqui senhor Mariano? - Ele encarava Giovanni.

- Eu dou conta disso Andrea. Não se preocupe. Dê a água para Luci. - Ele deu um passo para o lado saindo da frente de Mariano e me entregou o copo com água. - Senhor Giovanni, retire suas coisas da minha sala. Quero essa sala vazia até amanhã, alguém de minha confiança virá conversar com o senhor mais tarde, para verificar a quantidade de funcionários.

- Sua o quê? Como assim? - Giovanni estava desconsertado. - Como disse que é o seu nome?

- Meu nome é Mariano e eu sou dono dessa empresa agora.  - Eu que ia levantar cai sentada novamente. Como não me dei conta disso?  O que eu estava ouvindo?

- O quê? - Eu olhei para Mariano e coloquei as duas mãos na boca. Ele me olhou e deu aquele sorriso de lado. Que sorriso perfeito.

- E como seu chefe... Vou te dar um dia de folga. Vem comigo? - Ele estendeu a mão para eu segurar.

- Claro que sim. - Segurei sua mão e levantei.

- Senhor Mariano, vamos conversar. O senhor quer um café? - Giovanni tentou ser agradável.

- Eu não tenho mais nada para falar com o senhor. Quero distância de gente assim. - Mariano estava de costas para Giovanni e continuou. - Vamos? - Assenti com a cabeça e saímos. Chegamos no estacionando e eu ainda estava surpresa com tudo o que estava acontecendo. Parecia que eu tinha tirado um peso enorme dos meus ombros.

- Mariano, parei de frente para ele, ao nos aproximarmos do carro.

- Sim... -Ele me olhou com atenção.

- Muito obrigada por me defender. Aquele maníaco... Se você não chegasse, eu não sei o que teria acontecido. - Me abracei e encolhi os ombros. Meus olhos ficaram reais de lágrimas. Ele deu um passo em minha direção.

- Não precisa ficar assim, ele não vai mais te atormentar. Me dá aqui um abraço. - Ele descruzou os meus braços e me envolveu nos dele. Aquilo fez meu coração acelerar. Seu cheiro era delicioso, seu abraço reconfortante... Queria não precisar sair de seus braços.
Mas como tudo o que é bom dura pouco...

Angel Baby Onde histórias criam vida. Descubra agora