Capítulo 7

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Mariano narrando

Entrei no quarto e tranquei a porta, ela gritava do lado de fora e esmurrava a porta. Peguei duas malas e enfiei todos os meus pertences que tinha no quarto, pediria para mais tarde um advogado vir pegar as outras coisas.
Abri a porta do quarto e passei por eles. Minha vontade era de matar os dois, apesar de ter vinte e sete anos eu tenho caráter. Meus pais me deram educação e eu não poderia desonra-los.

- Você não pode ir. Como vai ficar o apartamento? Eu não tenho para onde ir. - Violete estava se cobrindo com duas almofadas, seu rosto estava vermelho de tanto gritar.

- Pede para quem está com você pagar o aluguel, ou vá morar com ele. Agora ela é sua responsabilidade. - Apontei para Matheo. - Vivam felizes.

- Deixa eu explicar, Mariano. - Falou Matheo.

- Eu não quero ouvir a sua voz. Dela eu não esperava muita coisa.- Apontei para ela. - Agora, de você...? Não tenta se explicar não... Eu tinha você como um irmão para mim.

- Mariano, deixa eu te explicar. Sua desgraçada! - Matheo olhou para Violete e seus olhos pareciam fulmina-la. - Sai e a porta bateu atrás de mim.

- Aquela velha tinha que ter morrido. Ainda bem que não foi eu que doei o sangue para ela. - Quando eu ouvi aquilo meu sangue ferveu.

- O que você disse? - Voltei e abri a porta. Matheo estava segurando Violete. - O que você falou? Repita se tiver coragem!

- Isso mesmo! Por mim sua mãe podia morrer. O sangue doado foi da filha da minha empregada, não foi meu. Que se exploda você e sua família, você não me merece.

- Cala a boca Violete, você  está passando dos limites. Já não basta a cagada toda que já fizemos não? - Matheo a segurava e tentava mante-la de boca fechada.

- Não te mereço mesmo, Violete. Obrigado por ter falado isso tudo para mim. Você não sabe o quanto eu e agradeço. Estou bastante aliviado.

Por um lado me senti aliviado, eu queria um belo motivo, não queria? Mas por que tinha que ser com o Matheo?
Comecei a remoer aquilo, não porque eu a amava. Eu não merecia ser traído dentro da minha própria casa, com meu melhor amigo.
O jeito que ela falou da minha mãe... Aquilo me fez sentir gosto de sangue, senti tanta raiva.

Fui dirigindo de volta para a casa dos meus pais, nem avisei para eles que estava indo. Me senti o homem mais infeliz do mundo, coisas ruins começaram a vir em minha mente.
Parei o carro em uma rodovia e desci, indo para a beirada da ponte. A ponte passava por cima do mar e tinha umas pessoas pescando ali.
Respirei fundo, acalmei meus pensamentos e voltei para o carro. Fiquei por um tempo ali, tentando não surtar. Como eu gostaria de chorar... Um nó se formou em minha garganta, meu coração estava a mil. Será que eu era um cara tão ruim assim?  Por que eu tinha que passar por isso? Realmente a dor da traição é horrível, eu fui traído por duas pessoas de uma só vez .
Após  me acalmar comecei a dirigir, só parei quando cheguei na casa dos meus pais.

Ao chegar, lhes contei a situação. Eles ficaram chocados. Infelizmente as coisas não são como queremos, como pode existir um ser humano assim?
Estou triste, mas ao mesmo tempo aliviado.  Triste pelo o que eu vi e ouvi, aliviado por ter conseguido me libertar de Violete.
Essa semana ainda vou por alguém de confiança do meu pai para trabalhar na minha empresa e vou ajudar meu pai tocar a empresa dele. Pedirei para um dos nossos advogados pegar minhas coisas e entregar o apartamento, não quero nem saber como ela vai se virar.

Comecei a frequentar academia e fazer jiu-jitsu, só assim para aliviar as tensões, as dores e a raiva que tenho sentido ao lembrar das palavras de Violete. Quis até entrar em uma depressão, mas recorri ao esporte. Não vou me afundar por causa de uma pessoa que não tem valor, um ser humano que vive em prol do dinheiro.  Uma pessoas vazia, ela não merece meu sofrimento.
Gostaria de ir ao psicólogo, mas não consigo. As vezes a dor no peito volta, geralmente quando estou sozinho. Me sinto um idiota por ter empurrado com a barriga por tanto tempo essa relação. Tenho que fazer terapia, tenho ciência disso, quem sabe um dia eu consiga...

Faz uns seis meses que estou na casa de meus pais, tenho trabalhado duro na empresa. Ocupo minha mente o máximo que posso, para evitar pensamentos ruins. Tenho feito algumas pequenas viagens a negócio, meu pai precisa assinar um contrato e eu me ofereci para ir.
O lugar fica próximo de onde costumo fazer trilha, só assim voltarei a fazer o que eu gosto. Meu pai é um dos maiores investidores na Itália, temos empresa espalhadas por diversos países.
Decidi que irei e falarei com meus pais durante o jantar.

- Decidi que vou analisar a empresa brasileira que o senhor quer investir. É bom que saio um pouco para distrair a mente.

- Sério? Nossa, isso seria muito bom para você filho. - Disse meu pai.

- Só falta o local para me hospedar, mas vou ver um hotel que fique próximo. Estava dando uma pesquisada no local. - Meus pais se entre olharam e minha mãe sorriu.

- Então, meu amor. Compramos uma casa lá e decidimos dar para você. Estavamos esperando você falar que iria casar. - Eles riram. - Mas graças a Deus que não casou. - Minha mãe falou e sorriu. - Aquela mulher não era seu tipo, sempre achei isso, mas é você que tem que escolher. Você merece uma pessoa que te ame e que você ame também.

- Obrigado mamãe. - Sorri e abaixei o olhar.

- A casa é sua, vou ligar para alguém limpar. Espero que seja muito feliz nos seus novos projetos e que encontre uma boa pessoa. - Minha mãe pegou minha mão por cima da mesa. Sorri para ela.

- Obrigado! Eu também espero.

Após o jantar, subi para meu quarto e peguei algumas coisas. Comecei a ver o que levaria para a nova casa, teria que ficar por lá algum tempo.
Pelo menos uns seis meses. Espero conseguir recomeçar e deixar para trás as bagagens que tenho carregado.


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