Capítulo 47

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Jenna Ortega Point View


Sentei-me na sala da faculdade, entre Emma e Hunter, os murmúrios de conversas sobre a próxima aula formando um pano de fundo constante. A atmosfera era familiar, rotineira, até que algo começou a incomodar os limites da normalidade. Percebi, sem esforço, os olhares persistentes de Gwendoline naquela manhã. Era como se uma lente de aumento tivesse sido ajustada, focando apenas em mim. Nos dias anteriores, isso nunca havia acontecido. Mesmo para os mais distraídos, a mudança era óbvia, palpável em cada movimento dela.

Emma estava imersa em suas anotações, e Hunter parecia distraído, alheio aos detalhes ao seu redor. Porém, a intensidade do olhar de Gwendoline me sugou para uma espiral de inquietação. Tentando manter a calma, desviei meus olhos para a frente, fixando-os no quadro-negro, mas minha percepção estava completamente tomada pelos gestos sutis e olhares furtivos que vinham dela.

Os segundos pareciam se esticar, enquanto a sala de aula se tornava um palco silencioso para esse jogo de olhares. A expectativa pairava no ar, e eu me sentia como uma marionete, manipulada por um enredo que ainda não compreendia por completo. Os gestos de Gwendoline, embora silenciosos, eram pronunciados em cada movimento sutil de seus lábios e em cada vez que nossos olhares se cruzavam.

Uma onda de sentimentos contraditórios invadiu meu peito. Confusão, nervosismo e um toque sutil de lisonjeiro dançavam juntos em uma melodia desconexa. Ser o objeto desse foco repentino trouxe consigo uma mistura avassaladora de emoções, desencadeando uma tempestade de pensamentos que tumultuavam minha mente.

Ao me voltar novamente para os cadernos, tentando recuperar o controle da situação, percebi que Emma lançou um olhar curioso na minha direção, como se compartilhássemos um segredo não dito. Hunter, ainda distante, não parecia captar a sutil mudança na dinâmica da sala.

A aula prosseguia, mas para mim, o verdadeiro espetáculo acontecia nos bastidores, nos espaços silenciosos entre palavras ditas e gestos explícitos. Gwendoline continuava seus olhares furtivos, como se tentasse desvendar um enigma que apenas ela conhecia.

Em um lampejo, as memórias do beijo dentro do carro com Gwendoline tomaram conta de minha mente. Era como se eu pudesse sentir novamente a suavidade de seus lábios contra os meus, a intensidade do momento ecoando em cada batida acelerada do meu coração. Naquele instante, algo dentro de mim mudou, algo que transcendeu a efemeridade de um beijo casual.

Lembro-me da surpresa que me envolveu quando Gwendoline quebrou a distância entre nós naquela noite. As palavras que ela sussurrou, carregadas de sinceridade, ressoavam como uma melodia cativante. "E se tratando de você, estou com medo de que, quando você terminar faculdade, nunca mais vai me procurar..." ela disse, e eu podia jurar que havia verdade em cada sílaba. Foi um momento que fez meu coração passar de zero a cem em uma fração de segundos, uma reviravolta inesperada em uma noite que começou com tanta turbulência.

Entretanto, assim como rapidamente aquele beijo havia acontecido, a realidade nos puxou de volta para a festa, para a música pulsante e as luzes vibrantes. Gwendoline teve que partir, e a explicação gentil sobre o voo iminente de Catherine trouxe uma compreensão silenciosa. Ambas, mulheres na casa dos quarenta/cinquenta, entendemos a necessidade de descanso, de pôr limites em nossas noites agitadas.

O presente se desdobrou diante de mim, e enquanto Gwendoline explicava algo, meu olhar se perdia em sua presença. Seu modo articulado de expressar pensamentos, gestos elegantes e a firmeza em seus olhos transmitiam uma confiança que, mesmo na penumbra da sala de aula, irradiava como uma luz guia. Eu a admirava, não apenas como minha professora, mas como alguém que havia despertado algo profundo dentro de mim naquela noite.

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