Capítulo 51 - Eu Não Quero

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Olha quem voltou...

CAMILA

Eu quero negar o que ela acaba de me dizer, mas isso faria de mim uma mentirosa.

Ainda estou um pouco louca por seus modos arrogantes desde que chegou à festa de Sinu, mas a verdade é que muitas das coisas que me irritam nela, me fascinam também. Seu jeito possessivo me excita demais.

Lauren não deixa dúvida, ao menos quando estamos frente a frente, do quanto me quer.

Mas até quando, Camila? Até ela cansar de brincar de gato e rato novamente?

Talvez seja apenas o sabor da caçada o que a trouxe até mim hoje. O fato de eu ter ido embora sem avisá-la ou de não ter baixado a cabeça para suas ordens, porque ainda não engoli a maneira fria com a qual me tratou através das mensagens.

A lembrança de que ela se afastou muito fácil de mim é o que preciso para ajudar a manter o controle.

Um controle muito frágil, claro, porque apesar da mágoa, nossos corpos estão quase colados e seu cheiro me enlouquece.

Nunca fui ligada a cheiros de uma maneira geral, mas Lauren tem um específico, só dela.
Feminino, forte.

Estou tremendo inteira porque nesse instante ela me inala como um animal selvagem em busca da presa e meu corpo todo corresponde furiosamente à sua demanda.

Finalmente chegamos ao meu andar e depois de me olhar uma última vez, ela dá espaço para que eu passe à sua frente. Enquanto digito o código para abrir a porta, cada molécula minha implora para sucumbir ao seu poder.

Entro e não me preocupo em fechar a porta. Sei que Lauren cuidará disso. Se há algo que aprendi, é que sempre estarei segura com ela por perto.

— E agora?

— Você me diz. Vai continuar fingindo que não quer que eu te deixe nua?

Ela não é delicada em nenhum momento e me chame de doida, mas eu adoro que seja assim porque eu me sinto lutando de igual para igual.

Para Lauren, sou mulher, não uma menina doce e sensível.

Estamos nos encarando como duas inimigas em início de batalha.

Uma parte minha quer expulsá-la e lhe dizer que é melhor mesmo pôr um fim no que temos, porque acho que vou me machucar se continuar por essa estrada.

A outra metade, no entanto, a que fica trêmula e quente só de pensar em me entregar a ela outra vez, deseja ceder ao seu controle.

— Não deveria ter tratado Ben daquele jeito.
Eu praticamente o larguei falando sozinho.

Estou me apegando a qualquer coisa para manter minha raiva aflorada. É o único meio de evitar correr para seus braços.

— Ele a quer e você é minha.

— Ele é apenas um amigo de infância, não me quer porque já conversamos sobre isso, mas mesmo que eu estivesse a fim dele, não seria da sua conta. Estamos terminadas.

Seu corpo imediatamente parece entrar em estado de alerta, despertado por minhas palavras.

Deus, por que estou provocando?

Eu não tenho vivência, mas já conheço o suficiente da minha Lauren para prever exatamente o efeito que minhas palavras causarão.

— Tudo o que diz respeito a você é da minha conta, Camila.

— Não fale isso. — obrigo-me a brigar, porque é mais fácil lutar do que lidar com a onda de sensualidade crua que me afoga em um mar de necessidade, me deixando incapaz de pensar.

— Eu não quero que você diga coisas que vão ferrar com a minha cabeça depois. Eu sei o quão depressa você pode mudar sua mente.

Em uma velocidade muito maior do que eu imaginei que uma mulher do seu tamanho conseguiria movimentar-se, ela está em mim.

Se fosse qualquer outra pessoa, eu me assustaria, mas apesar da agressividade que pressinto ser parte fundamental de sua natureza, Lauren não me causa medo.

— Eu não mudei minha mente — diz, bem baixinho, perto da minha orelha, arrepiando cada pelo do meu corpo. — Sei exatamente o que eu quero.

— E o que você quer?

Ela não hesita nem por um segundo e, pousando as mãos em minha bunda, puxa-me para que eu sinta sua ereção.

— Tudo de você. Uma e outra vez eu vou te tomar até que eu me torne sua religião e alimento, Camila.

Nego com a cabeça, sem saber direito ao que estou dizendo não. Se à sua proposta, que não entrega o suficiente, ou ao fato de que estou perdendo rapidamente a luta da mente contra o corpo.

— Não.

A palavra mal escapa e minha boca é tomada com exigência. Para meu desalento, custa um nada até que eu me renda.

Apesar disso, estou muito chateada e mesmo devolvendo o beijo com a alma, seguro seus cabelos entre os dedos, tornando-a prisioneira em minhas mãos.

Meu corpo move-se contra o dela como se tivesse vida própria e custo a perceber que os grunhidos de desejo vêm de mim.

Envergonhada, tento me afastar, mas ela segue o movimento.

— Não. Continue. Mostre-me tudo. Eu quero a mulher safada que me pede mais quando eu meto profundamente em sua boceta. Quero seus gritos antes do gozo e as unhas arranhando minhas costas. Deixe-me ver você, Camila. Não se esconda de mim.

Suas palavras superaquecem meu corpo e considero capitular, mas a lembrança de como ela me ignorou durante a troca de mensagens volta, pondo-me novamente em guarda.

— Eu não quero...

— Esqueça o que não quer por um instante. Diga o que você quer — ordena e cada parte de mim estremece em resposta.

Ela dá um passo para trás e sinto falta de seu calor imediatamente.

Lauren parece adivinhar o que estou sentindo, porque diz:

— Eu não a tocarei até que me peça.

A despeito do que falou, ela começa a tirar o terno feminino que usa.

Quando afrouxa a gravata e a seguir desabotoa os dois primeiros botões da camisa, minha pulsação enlouquece.

— Para quê? Para assim que meu irmão chegar você mudar de ideia novamente? Para quando Ethan mandar que escolha entre nós duas, você me deixe de lado como algo sem importância? Eu sei que foi isso o que aconteceu, Lauren. Vocês conversaram sobre mim porque quando eu contei a Ethan que ia me mudar ele nem pestanejou. Ele me queria longe do apartamento de vocês. Longe de você. E talvez tenha lhe feito um favor no fim de tudo, conseguindo a desculpa perfeita para terminar comigo. — Tento buscar um resquício de sanidade através das palavras que saem como veneno da minha boca.

Rapidamente a expressão dela transmuta-se de desejo para raiva, mas posso ver pela surpresa em seu rosto, que cheguei muito perto da verdade.

— Você não sabe o que está falando.

— Não? — debocho, agora um pouco mais segura. — De onde eu estou, parece que foi exatamente o que aconteceu.

Só quando ela desiste de tentar abrir a camisa e a puxa dos dois lados com força, fazendo os botões saltarem, é que me dou conta de que talvez não tenha sido uma boa ideia desafiá-la.

CAMREN: Confiar Outra Vez (G!P)Onde histórias criam vida. Descubra agora