CAMREN: Confiar Outra Vez (G!P)

Capítulo 44 - Aprendendo a Lidar

CAMILA

Jogo o telefone em cima da cama, um pouco frustrada, depois de enviar uma mensagem para o meu irmão.

Sei que Lauren me disse que Ethan ainda estava incomunicável, mas depois do que descobri sobre uma das atividades reais da empresa deles, temo que lhe aconteça algo.

Eu pesquisei sobre pedofilia e não encontrei muito além do que sabia: na maior parte, são apenas indivíduos doentes que às vezes trocam imagens de crianças entre si. Não são muitos os grupos organizados e apenas algumas reportagens os mencionam de leve, usando a expressão "anel de pedofilia" para designá-los.

De políticos a atores e escritores famosos, há vários nomes conhecidos envolvidos em escândalos do tipo e desde que descobri a respeito, tenho considerado fazer algo para ajudar esses jovens.

Eu possuo mais dinheiro do que alguém precisaria mesmo que reencarnasse várias vezes e talvez possa usar boa parte dele para defender aqueles que não têm quem os proteja.

Conversei com Lauren a respeito da possibilidade de criarmos uma instituição para recuperar esses menores, lhes dando uma segunda chance e ela pareceu interessada.

Pensei até mesmo em um nome: Confiar Outra Vez.

Sim, porque do meu primeiro contato com Bruno e pela maneira como ele reagiu quando achou que Lauren o tinha abandonado, entendi que essas crianças precisam de apoio não somente financeiro, mas de amor e cuidado também.

Espero mais dez minutos apenas para ter certeza de que meu irmão não vai mesmo me responder, então pego a bolsa e sigo para o elevador.

Combinei com uma corretora de ver um apartamento hoje e Theo vai me encontrar na imobiliária.

Fica a uns dez minutos de táxi, então preciso me apressar. Ainda não decidi se comprarei um carro. Quero dizer, primeiro vou ter que tomar aulas. Não sei dirigir. Também gostaria de me matricular em uma academia. Preciso me exercitar um pouco. Sempre fui sedentária. Fora a ginástica obrigatória do colégio, nunca fiz nada. Meu esporte preferido é dormir.

Chego no andar térreo e cumprimento o porteiro, que está conversando com uma ruiva linda.

— Dona Sofia, pode deixar que receberei seu material.

— Muito obrigada. Eu não estarei aqui para assinar.

— Fique tranquila, eu guardarei até que a senhora chegue.

— Você é o melhor, Jacob — diz, com naturalidade, fazendo o porteiro, um senhor por volta dos sessenta, corar.

— Bom dia — falo, me dirigindo aos dois ao mesmo tempo.

A garota vira para trás e fico impressionada com a beleza de seus olhos azuis.

— Bom dia. — Sua voz é suave e estranhamente destoa de toda a vivacidade de sua aparência.

— Meu nome é Sofia. — Oferece a mão.

— Ficaria ofendida se eu dissesse que você é a perfeita descrição dos romances?

Ela franze a testa, parecendo confusa.

— Não entendi.

— Sou fã de histórias de amor e toda ruiva descrita nesses livros têm olhos azuis, apesar de que, faltaram as sardas.

Ela ri tanto que coloca a mão no abdômen.

— Meu Deus do céu, você é ótima. Mora aqui há muito tempo? Eu nunca te vi.