Capítulo 57 - Precisa Deixá-la

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LAUREN

— Ela é minha.

Despejo, porque não há como tornar isso mais suave.

— Deve estar maluca se pensa que vou deixar que destrua minha irmã.

— Destruir sua irmã? Do que diabos você está falando?

— Qual é? Sou eu, Lauren. O cara que a conhece por quase metade da sua vida. Sei exatamente qual é a utilidade das mulheres para você e se acha que vou permitir que Camila seja mais uma foda de uma noite, para que a descarte logo a seguir, pense novamente.

Eu tomo algumas respirações e caminho até a janela para me acalmar. Tento focar no fato de que quem está aqui comigo é o cara que sempre foi como um irmão para mim.

Finalmente, quando acho que conseguirei argumentar sem agredi-lo, começo:

— Eu vou levar em conta que você não tem a menor fodida ideia do que está dizendo e, somente por isso, não farei com que engula cada uma de suas palavras. — É um esforço supremo manter o tom de voz calmo, quando por dentro estou fervendo. — Mas darei um aviso: nunca mais insulte sua irmã dessa maneira. Fale o que quiser de mim, mas jamais expresse em voz alta novamente que Camila não passa de uma foda. Se você tivesse se preocupado em realmente enxergá-la ao longo dos anos, veria a mulher extraordinária em que se transformou. Apague essa ideia de criança frágil. A minha Camila é forte e corajosa e se você acha que tem o poder de nos afastar, usando suas próprias palavras, pense novamente.

Nos encaramos em silêncio e sei que tanto quanto posso lê-lo, ele também tem a mesma habilidade em relação a mim.

Como ele próprio colocou, convivemos mais da metade de nossas vidas e talvez nos conheçamos mais do que irmãos de sangue o fariam.

— Você a ama? — Posso ver seu maxilar contraindo-se de tensão.

Chegou o momento de assumir o que a mente vem adiando.

— Eu não sei se amor é uma palavra forte o bastante, então vou deixar algo para você pensar em vez disso: eu morreria uma morte diferente a cada maldito dia, somente para ter certeza de que ela está segura e feliz.

Seu olhar de espanto é rapidamente substituído pelo alívio.

— Ótimo. É mais do que eu esperava ouvir. Então, talvez fique mais fácil entender por que precisa deixá-la em paz.

— Eu não estou no clima para brincadeiras.

— Você sabe muito sobre mim, mas talvez tenha deixado passar algo. Eu nunca brincaria com nada relativo à minha irmã.

Ele vai até a mochila e pega o notebook.

— Depois da nossa última conversa ao telefone, eu vi exatamente o caminho que vocês duas estavam seguindo. O que aconteceu ontem não foi um acidente.

— Claro que não. Ele sabia quem ela era.

— Não, Lauren. Você não alcançou o que estou dizendo.

Ele abre o computador e após clicar em algumas pastas, passa-o para mim.

Fotos e mais fotos de Camila, nos mais diferentes momentos do dia, desde que desembarcou de Paris, sucedem-se.

Ela visitando lojas com Theo. Dentro da imobiliária. Entrando na portaria de seu prédio, assim como aqui.

Alguém a esteve vigiando de perto.

— Ele não ia atirar nela. O plano era levá-la, eu acho. Usá-la para chantagear você. O garoto não tomou uma bala por Camila. Jonathan o eliminaria de qualquer modo. Não havia por que manter dois reféns, seria arriscado demais.

— Como você descobriu isso?

— Eu a tenho vigiado também e, consequentemente, vigiado quem a observava.
Jonathan e Maria estão desesperados, acuados. Suas vidas estão por um fio porque chamaram a atenção das autoridades para a organização. Precisavam de uma moeda de troca. Também encontrei arquivos meus e seus. Há mais de um mês já sabem quem os está espreitando.

— Então por que não vieram para mim diretamente?

— Porque não seria o bastante. Matá-la não impediria que eu e o resto dos homens os perseguissem e eliminassem, mas reter algo que é importante para você, Camila, sim.

— Merda!

Como pude ser tão arrogante em imaginar que conseguiria mantê-la a salvo de toda a minha imundície?

— Você precisa deixá-la ir — ele diz novamente e sei que é o certo a se fazer.

No entanto, abrir mão de Camila é ter a certeza de que viverei nas sombras para sempre.

— Ela não vai desistir de mim — digo, não por arrogância, mas por uma questão de fato.

Eu a conheço o suficiente agora para saber que lealdade é um dos seus traços mais marcantes. Camila não é do tipo que pula do barco ao menor sinal de perigo. Ontem, mesmo assustada, manteve-se firme ao lado de Theodoro e se eu não tivesse tomado a frente, teria o acompanhado ao hospital.

— Pode terminar com ela.

Sacudo a cabeça, quase com vontade de rir.

— Como eu disse antes, você não sabe nada sobre quem de fato é a sua irmã. Se soubesse, jamais diria algo tão absurdo. Ela perceberá o motivo de eu estar afastando-a — digo, enquanto busco uma solução. — Nós poderíamos redobrar a vigilância. — Ainda tento me agarrar a qualquer fio de esperança de não sair da vida dela, apesar de uma voz no fundo da minha mente dizer que não há nada a ser feito.

— Não é o suficiente. Eles precisam achar que você a descartou.

— E como diabos eu faria uma merda dessas? Eu nunca estive em um relacionamento antes. Se eles me vigiam de perto como você diz, sabem disso. E devem ter uma ideia também de como ela é importante para mim.

— Eu tenho um plano. Se tudo der certo, vocês poderão tentar novamente em um futuro próximo, mas precisa concordar comigo que resguardá-la deve ser nossa prioridade no momento.

Passo as duas mãos pelo cabelo, já desesperada.

Eu não faço ideia do que ele tem em mente, mas de uma maneira ou de outra, sei que irá machucá-la.

— Tudo bem — concedo, derrotada. — Diga-me o que está pensando. Agora vamos deixar claro que estou te dando um voto de confiança, Ethan e tendo fé de que não está tentando uma manobra egoísta para nos afastar. Se for o caso, não perca seu tempo. Camila é minha mulher. Nada e nem ninguém fará com que eu desista de mantê-la comigo.

CAMREN: Confiar Outra Vez (G!P)Onde histórias criam vida. Descubra agora