Capítulo 70 - Reescrever a História

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E chegou a hora de dar TCHAU!!!

É provável que role 2 Epílogos. Um sob o POV da Camila e outro sob o POV da Lauren.
Mas, por enquanto, ficaremos aqui.

Apreciem!

LAUREN

Um ano depois

Bruno está levantando a bicicleta pela quarta vez.

Eu o observo de perto, mas só ofereço ajuda quando solicita, o que não é fácil, dada a minha tendência a controlar tudo.

No decorrer do último ano, aprendi que meu filho é um garotinho corajoso e independente.

Não tenho certeza do quanto o pesadelo que viveu no passado interferiu ou influenciará a formação de sua personalidade, mas ele raramente relaxa.

Quando se depara com algum evento diferente de sua rotina, a tendência é sempre manter-se do lado de fora, em uma atitude de aparente descaso, mas o observo atentamente há meses e sei quando ele está louco para fazer algo, mas não se permite. É como se temesse se decepcionar. Ele não arrisca, como seria normal em sua idade, jogando sempre pelo seguro.

Torço para que um dia meu menino se sinta fortalecido o suficiente para ir atrás do que deseja, mas sei que ele precisa fazer isso em seu próprio tempo.

Camila e eu estamos frequentando uma terapia familiar porque queremos entender como apoiá-lo.

O mais louco é que isso tem servido para mim também. Muitos dos tópicos discutidos pelos psicólogos me ajudam a compreender a minha própria história.

O jardineiro passa com o cortador de grama e Bruno disfarçadamente desvia a bicicleta, vindo para perto de mim.

Ele ainda é arisco com estranhos.

As únicas pessoas com quem se sente cem por cento calmo somos nós duas.

Bruno a chama pelos mais diversos títulos: anjo Mila, mamãe anjo, mamãe Camila, mamãe anjo Mila.

As variações são infinitas, mas eu sei que o que a emociona mesmo, é quando simplesmente a chama de mamãe.

Ela é tão corajosa.

No começo, receei que não pudéssemos dar tudo o que ele precisava, temi não ter competência para ser mãe, mas Camila me convenceu de que poderíamos fazer isso juntas e hoje não imagino minha vida sem eles.

Para alguém que se acostumou a ser solitária, ter uma criança correndo pela casa e uma mulher me esperando, é a melhor sensação do mundo.

Minha amizade com Ethan aos poucos voltou a ser o que era. Eu o amo como a um irmão, apesar de parte de mim não conseguir esquecer que por causa de seu plano estúpido, eu machuquei minha mulher.

— Algum dinossauro aí com desejo de biscoitos e leite? — minha esposa linda pergunta, saindo da parte de trás da casa.

Essa é uma brincadeira recorrente entre os dois.

Eu não sei muito sobre o tal dinossauro, mas todas as vezes em que ela o menciona, Bruno larga o que quer que esteja fazendo e corre ao seu encontro. Ele geralmente também volta com guloseimas, então já percebi que o tal dinossauro tem se dado muito bem.

— Nós três vamos querer, mamãe.

Assim que ele emprega o título que ela tanto ama, um sorriso mais brilhante do que o sol desenha-se no rosto da minha mulher.

— Três? — ela pergunta.

— Sim. Eu e Lauren, mas o dino também estava ansioso por seus biscoitos — fala, passando a mão pela barriga.

Vou até ela e depois de tirar a bandeja de suas mãos, puxo-a para os meus braços.

— Eu te amo — digo pela milésima vez, porque nunca parece o suficiente.

Beijo-a, porque sou uma malfita compulsiva quando se trata dela e Camila sorri.

— Nós também te amamos — diz, pousando minha mão no abdômen arredondado onde minhas filhas estão sendo abrigadas.

O médico perguntou se tínhamos gêmeos na família e para Camila foi fácil responder, mas eu não faço a menor ideia. Nem sei se tenho algum parente de sangue ainda vivo. O orgulho me impediu de sair à procura das pessoas que me abandonaram.

Dentro de alguns meses, nossa família passará de três a cinco e eu estou ansiosa como nunca.

O medo que senti quando adotamos Bruno, agora será multiplicado por três.

A única coisa que me deixa tranquila é que Camila nasceu para ser mãe. Ela conduz e organiza nossas vidas com naturalidade, acalmando a tempestade dentro de mim.

— Hey, bebês, vocês também estão com fome? — Bruno pergunta, colocando as mãozinhas em concha para falar com a barriga da mãe.

No começo, ficamos um pouco receosas sobre como reagiria à gravidez, mas ele pareceu encantado com a perspectiva de ter companhia. Também ficou muito satisfeito consigo mesmo quando eu expliquei que ele seria o mais velho e teria que cuidar das irmãzinhas.

A seriedade com que ouviu cada palavra, fez com que me lembrasse de que ele não é um garotinho regular.

Às vezes, quando gargalha ou faz as perguntas mais engraçadas, eu esqueço de tudo o que já passou, mas em outras ocasiões, quando seu olhar está perdido, quando desliga-se de nós e de tudo à sua volta, tenho vontade de voltar no tempo e matar Maria e Jonathan outra vez.

— Elas estão respondendo! — o grito de Bruno me chama de volta. — Sinta isso, mommy! — diz, pegando minha mão e colocando-a sobre o abdômen da mãe, enquanto eu e Camila olhamos chocadas uma para a outra.

É a primeira vez que ele me chama assim, mas eu logo me recupero e participo de sua felicidade.

— Será que há uma festa acontecendo aí dentro? — pergunto para ele, mas olho para Camila.

Ela sorri e em seguida pega um biscoito.

— Provavelmente elas estão com fome — fala, dando uma mordida.

Eu a puxo para os meus braços, enquanto puxo nosso filho para mais perto.

Todos os dias agradeço a quem quer que esteja olhando por mim por me dar a chance de fazer parte dessa família incrível.

Cada um de nós sofreu perdas, dor e abandono em algum nível, mas agora estamos os três juntos, amando-nos e tentando esquecer os pesadelos.

Recebemos uma segunda chance e não pretendo desperdiçá-la.

O passado ficou para trás.

Vamos reescrever nossas histórias.

Vamos reescrever nossas histórias

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