E veio o 69...
CAMILA
Boston
Cinco meses depoisEstamos entrando de mãos dadas no tribunal e a ansiedade espalha-se em ondas pelo meu corpo.
Hoje é o dia em que será decidido se eles permitirão que nós adotemos Bruno.
Sinto que o meu futuro ficará em suspenso, enquanto eu não tiver certeza de que ninguém mais irá tirá-lo de mim.
Nós três passamos por diversas entrevistas com assistentes sociais e psicólogos.
Normalmente o processo de adoção levaria cerca de um ano, mas o caso de Bruno é especial e usamos todos os meios possíveis e imagináveis permitidos por lei para acelerá-lo.
Os dias que se seguiram após o pesadelo que envolveu a morte de Maria, foram uma montanha-russa emocional. Eu tive que ocultar qualquer tipo de abalo que a experiência me trouxe, já que nunca interrompi minhas visitas ao meu garotinho. Não queria que ele notasse que havia algo errado.
Após desmaiar, no dia em que finalmente pus um ponto final nas maldades daquela mulher, acordei no hospital com Ethan sentado em uma cadeira perto de mim.
Depois de tudo o que passei, a confusão que meu irmão criou ficou em segundo plano diante da possibilidade de que nem eu e nem o meu amor pudéssemos estar vivas.
Lauren precisou de uma cirurgia para extrair a bala da perna, mas sua recuperação foi rápida.
Ela está mais protetora do que nunca e praticamente mudou-se para a minha casa.Meu andar ficou movimentado por um tempo, já que o apartamento em que a criminosa ocupava foi o cenário de uma morte.
Eles descobriram que Maria o havia alugado apenas três dias depois que me mudei.
As investigações correram mais rápido do que imaginei e uma vez comprovada a legítima defesa, eu e Lauren fomos liberadas de qualquer acusação.
Eu pensei que ficaria abalada por ter tirado a vida de alguém e passei dias refletindo a situação sob todos os ângulos, mas então, quando me lembrei das coisas que aquela mulher disse e, mais tarde, ao conversar com a assistente social, obtive algumas informações do que havia acontecido a Bruno, sei que faria tudo de novo.
Hoje sei que qualquer um é capaz de matar se o que está em jogo é sua família.
Aqueles monstros roubaram parte da infância da minha Lauren e quase a incapacitaram de amar. Ela nunca contou sobre os espancamentos que Maria mencionou e jamais a empurrei para que o fizesse, mas o que quer que tenha acontecido, sei que foi forçada a fazer.
Eu talvez conheça Lauren melhor do que ela mesma.
A despeito do baixo conceito que tem de si, sei a mulher generosa e boa pela qual sou apaixonada. Ela não é perfeita e para alguns, o que faz é errado. Não para mim.
Eu agora não vivo mais em uma bolha.
Mergulhei fundo no universo do tráfico humano e quanto mais pesquiso, mais raiva sinto daqueles miseráveis que destroem vidas em nome de suas distorções ou simplesmente por lucro.
A associação que criamos para ajudar as crianças está dando aos menores a oportunidade de um recomeço.
Lauren tem momentos de introspecção e sei que é uma parte dela que nunca vai mudar, porque sua infância determinou muito do que ela é, mas procuro preenchê-los com alegria sempre que posso, tentando substituir as lembranças ruins pelas boas.
Não é uma tarefa muito difícil com Bruno em nosso mundo. O menino é como um raio de luz. A cada vez que o vejo sorrir, prometo a mim mesma que trabalharei duro para, se não apagar, ao menos diminuir o sofrimento que já passou. Tenho esperança de que, por ser tão novo, ele consiga superar a maior parte dos traumas, mas os psicólogos não garantem. Só o tempo dirá.
Pensar nisso traz lágrimas aos meus olhos e não posso me dar ao luxo de fraquejar hoje.
Preciso mostrar ao juiz que faremos tudo o que for preciso pela felicidade do nosso menino.
Há cerca de quatro meses, depois de um jantar, quando fui à cozinha para pegar a sobremesa, meu amor me pediu em casamento.
Quando voltei, o pote de sorvete esparramou-se no chão porque minha Lauren estava ajoelhada segurando uma caixinha de joias.
Eu quebrei todos os protocolos. Não a deixei sequer perguntar, pulando em seu colo e gritando "sim" mil vezes.
A lembrança me faz sorrir e depois recordar da nossa conversa naquela noite.
Apesar de ter ficado eufórica quando me pediu em casamento, assim que o entusiasmo inicial passou, vi que precisávamos conversar sobre a adoção de Bruno, porque se iríamos nos casar, aquele deixaria de ser um projeto solo, mas se tornar um em conjunto.
Pude ver as dúvidas refletidas em seu rosto e por um instante, temi que tentasse me fazer mudar de ideia, mas depois de horas conversando sobre todos os ajustes necessários, ela disse que estava pronta para o pacote completo.
Mudamos nosso status de noivas para casadas somente um mês depois, em uma cerimônia simples em um cartório.
Lauren queria que eu tivesse a celebração dos meus sonhos e é claro que eu gostaria de ter podido desenhar meu vestido de noiva, mas o advogado nos orientou que as chances de adotar Bruno aumentariam se fôssemos casadas, ao invés de apenas noivas e com isso, o martelo foi batido.
— Agora está melhor — ela fala ao me ver sorrir, puxando-me para beijar meus cabelos.
— Eu sinto muito. Estou apavorada com a possibilidade de algo dar errado.
— Não dará. Qualquer pessoa que fique cinco minutos perto de vocês dois sabe que ele já é seu filho.
— Um filho e uma mulher em tempo recorde. Tenho minha própria família agora. Nada mal para uma ex solitária — brinco.
— Você tem. Assim como também são meus — ela diz. — Sempre foram, desde o primeiro momento, mas relutei em aceitar que merecia dois anjos em minha vida.
Eu te amo, Camila. Estou mais do que pronta para o futuro.
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CAMREN: Confiar Outra Vez (G!P)
FanficPureza versus devassidão. Luz versus escuridão. Amor versus vingança. Quando o destino une essas duas almas tão diferentes, a bilionária reluta em permitir que a atração avassaladora que sentem emerja, mas a decisão não está nas mãos dela. Camila...