Capítulo 68 - Passado e Futuro

2.6K 317 19
                                    

LAUREN

Três meses depois

— Eu ganhei! Eu sou o campeão!

Sacudo a cabeça sorrindo, ao ver a felicidade dele.

Ninguém precisa ser um especialista em crianças para entender como fez bem ao nosso garoto esses fins de semana conosco.

Observo Camila dançando em volta de Bruno e ensinando-o a bater palma contra palma com ela em comemoração. Depois, fazem a
dancinha da vitória, como ela chama.

Testemunhar o bem que minha mulher faz a ele aumenta meu amor, se é que isso é possível.

Existem pessoas que nasceram para ser um "lar" para alguém e a exemplo da minha mãe adotiva, Camila é assim também.

Bruno e ela são naturais juntos, como almas que se encontraram em uma junção predeterminada pelo destino.

Às vezes ficamos acordadas, depois de fazermos amor por horas e eu a ouço contar sobre seus planos de futuro para ele. Com
vinte e um anos recém-completados, Camila puxou para si a responsabilidade pela criação do garoto, sem temer os desafios.

Adotar uma criança que não venha com o passado de Bruno já exige muito desprendimento e doação, mas pegar um pequeno que se sabe vir de um histórico de abandono e sofrimento é uma tarefa para um ser humano muito superior mesmo.

Depois do ocorrido com Maria, eu pensei que Camila ficaria traumatizada ou levaria um tempo até se recuperar.

Eu não tenho problema em matar, mas para alguém que viveu boa parte de sua existência em um colégio de freiras, poderia não ser uma matemática tão simples. Ela aparenta, no entanto, ter seguido em frente.

Tanto os tiros que Camila deu na maldita, quanto a facada que acertei na coxa daquela filha da puta, foram um caso claro de legítima defesa e os trâmites legais desenvolveram-se com relativa simplicidade.

Mesmo assim, eu precisava ter certeza de que aquilo não desencadearia mais pesadelos em Camila e, um dia, tentando me certificar, perguntei se não pensava sobre nosso confronto final com minha ex-mãe adotiva.

Sua resposta foi: "Eu não podia permitir que ela a machucasse novamente. Eu a mataria todos os dias se isso garantisse sua segurança. O mundo é um lugar melhor agora que ela se foi."

A seguir, perguntou se eu pensava menos a seu respeito por causa do que fez.

De jeito nenhum.

Camila sempre será meu anjo.

A única coisa que guardei do episódio, foi a certeza de que nem tudo é preto no branco, existem diversas áreas cinzentas. Ninguém sabe até onde irá, quando seus limites são esticados.

No caso da minha mulher, o limite, seu preço, foi minha vida. Ela não hesitou em puxar o gatilho para me defender.

O tiro que recebi na perna não foi de raspão e significou nada comparado à possibilidade de perder minha Camila. Tanto quanto eu gostaria de ter poupado minha mulher do fodido pesadelo, não posso deixar de concordar que a morte de Maria foi um ganho para a humanidade.

— Lauren, eu vou ser jogador de futebol quando eu crescer — Bruno diz, me trazendo de volta ao presente.

— Decidiu isso por causa do uniforme que Blood te deu? — pergunto.

— Não. Porque eu vou ser um campeão de verdade e fazer muitos "gols".

Camila sorri, acho que sem levá-lo a sério, mas eu presto atenção às suas palavras.

CAMREN: Confiar Outra Vez (G!P)Onde histórias criam vida. Descubra agora