Capítulo 47 - Lady In Red

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LAUREN

É sábado à noite e tudo o que poderia ter dado errado na minha volta para casa, aconteceu: desde o atraso em um voo fretado, até uma greve dos controladores de voo à necessidade de troca de uma peça do avião.

Pela primeira vez, considero seguir o conselho dos meus advogados e comprar um avião para mim. Sempre achei a ideia pedante, mas depois de quase quarenta e oito horas tentando voar de uma costa a outra do país, estou revendo esse conceito como prioridade e não mais luxo.

Nesse instante, estou a caminho de casa e meu coração bate como um alucinado.

Será que ela vai me ignorar? Vai manter distância?

Não contarei nada sobre a conversa com Ethan. Assumo a responsabilidade total por ter sido uma idiota. Não quero ser aquela que prejudicará a relação dos dois.

Estou com a cabeça recostada no banco do carona e tenho os olhos fechados, enquanto Blood dirige em silêncio.

Essa é uma das coisas que mais gosto nele. Podemos passar horas ao lado um do outro sem precisarmos forçar conversas vazias.

Eu achava que jamais conheceria alguém mais introspectivo do que eu, mas meu companheiro de longa data ganha disparado no concurso de antissociabilidade.

Ele sempre foi assim, mas piorou muito depois do desaparecimento da filha. Já reviramos o mundo atrás dela, mas até agora não sabemos mais do que soubemos há cinco anos.

Não consigo imaginar pesadelo maior do que nunca descobrir o que aconteceu à sua criança.

Essa noite, eu aprecio sua introspecção porque preciso do silêncio.

Finalmente o carro estaciona em frente ao meu prédio.

— Verifique as provas contra Ramon.

Ele concorda com a cabeça.

A caminho de Boston, recebi uma mensagem do meu homem responsável pela tecnologia, informando que há um dossiê sobre o padrasto de Camila à minha espera. Nada como a investigação inicial que fiz, são respostas e provas mais contundentes.

Saio sem me despedir e sei que Blood não dá a mínima para os meus maus modos. Ele não dá a mínima para nada. Somos muito parecidos.

Digito o código e a escuridão no aposento principal me gela por dentro. Sei que isso significa que ela não está.

Não aceito a derrota facilmente e mesmo antes de largar a mochila, pego o telefone celular para procurá-la.

Provavelmente está na casa do tal Theodoro, preparando-se para a festa. Lembro dela ter comentado que o amigo gostaria que usasse um vestido especial ou qualquer coisa parecida.

Depois que agi como uma bastarda, ela possivelmente acreditou que eu não estaria de volta nem tão cedo e decidiu ir sozinha com ele, já que antes, em tese, iríamos os três.

Decido ligar para ela, mesmo que tenha relutado em fazê-lo antes porque preferia conversar cara a cara.

Não chego nem a completar a ligação, no entanto, e vejo um papel sobre a mesa.

Mesmo sem vontade, porque a intuição diz que não gostarei do que vou ler, pego a folha.

"Agradeço por ter me recebido por essas semanas, mas decidi me mudar. Não sei se é o que você deseja, mas acho que precisamos conversar. Eu não termino as coisas na minha vida do jeito que você parece fazer. Se acabou, vai ter que me dizer isso olhando para mim."

CAMREN: Confiar Outra Vez (G!P)Onde histórias criam vida. Descubra agora