Capítulo 58 - Visitando Theo

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CAMILA

Todo o meu corpo está dolorido, como se tivesse levado uma surra, mas é o cansaço mental que me leva a cobrir a cabeça e desejar permanecer o dia inteiro na cama.

No entanto, sei que preciso verificar Theo e também tenho que visitar Bruno.

Ele já sofreu decepções demais para alguém tão pequeno e não serei eu a causar mais uma.

Nunca faltei às visitas e a enfermeira me disse que ele aguarda ansioso por elas.

Assim que acordei, vi o bilhete de Lauren e como ela pediu, mandei uma mensagem para avisar que estou indo ao hospital e depois à clínica.

Ela contou que a cúmplice do homem ruivo ainda está por aí e nada garante que ela não virá atrás de nós, assim como o companheiro tentou.

Deus, eu fiquei tão assustada.

Procurei ao máximo ocultar isso de Lauren porque sei que ela já carrega o peso do mundo em suas costas, mas ter uma arma apontada para mim foi um pesadelo. Ainda assim, nada se compara a ver meu amigo ser baleado para me defender.

O que passou pela cabeça de Theo? Acho que eu enlouqueceria se ele tivesse sido gravemente ferido.

Não consigo esquecer a maldade no olhar do homem ruivo.

Jonathan.

Pensar que aquele tipo esteve com minha Lauren em seu poder, em uma idade em que ela era vulnerável, faz com que o aperto em meu peito se transforme em dor física.

Eu estava à beira de um ataque de pânico ontem, mas não ao ponto de deixar de perceber que um loiro gigante colocou o ruivo dentro de um carro e desapareceu antes que a polícia chegasse.

Sabendo agora o que Lauren faz com esses criminosos, eu não duvido de qual será o fim dele e não lamento nem um pouco.

Depois de tomar um banho, estou pronta para visitar meu amigo e assim que saio da portaria, dois homens grandes aproximam-se, junto aos seguranças anteriores.

Por mais que me deixe desconfortável ter tantos estranhos me seguindo, estão apenas cumprindo ordens, então não há por que ser mal-humorada.

— Bom dia — cumprimento e posso ver seus olhares de espanto. — Estou indo ao hospital visitar meu amigo. Somente para o caso da chefe de vocês querer um relatório. — Apesar das palavras, ofereço um sorriso para que saibam que está tudo bem.

Entro no quarto de Theo e a primeira coisa que percebo é que ele está atipicamente sereno

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Entro no quarto de Theo e a primeira coisa que percebo é que ele está atipicamente sereno.
O grandalhão loiro de ontem, o mesmo que levou Jonathan embora e que agora tenho certeza de que trabalha para Lauren, encontra-se sentado em uma poltrona em frente ao seu leito, fingindo ler uma revista.

Sim, fingindo, porque ele não consegue ficar mais do que alguns segundos sem lançar um olhar para o meu grego lindo.

Theo, por sua vez, parece estar com formigas dentro da roupa de tanto que se contorce.

Mesmo com o rosto pálido e vestindo a camisola sem graça do hospital, ele continua lindo.

— Bom dia — cumprimento o homem assustador.

Não é a cabeça raspada ou a cicatriz esbranquiçada perto da têmpora o que o torna intimidante, mas a postura, que lembra um leão prestes a atacar.

Ele resmunga algo que acredito ter sido uma resposta ao meu cumprimento e volta a fingir se concentrar na leitura.

— Hey, soube que estava rolando uma festa por aqui — brinco com Theo, porque a expressão séria em seu rosto é muito distante do rapaz feliz e despreocupado com quem me acostumei.

Ele revira os olhos e depois de dar um olhar depreciativo para o próprio corpo, ergue uma sobrancelha.

— Você não é engraçada, boneca.

— Eu sou incrivelmente hilária. — Finalmente consigo relaxar ao ver seu sorriso.

— Vem aqui, doce. Preciso ter certeza de que você está bem.

Theo se tornou uma das pessoas mais importantes da minha vida. Nunca vou esquecer do horror que senti ao vê-lo se jogar na minha frente para interceptar a bala.

Mantenho meus braços em volta de sua cintura e a cabeça apoiada em seu ombro bom.

— Nunca mais faça uma merda dessas.

— Você acabou de xingar, irmã? Achei que se limitaria ao nosso foda-se libertador.

— Eu só não vou mostrar quem é a freira porque não bato em homens indefesos. — Devolvo sorrindo, então torno a falar sério. — Não se arrisque novamente por minha causa. Eu nunca me perdoaria se alguma coisa acontecesse a você.

— Eu não podia deixar que aquele homem a machucasse.

Pelo canto do olho, posso ver que o loiro com cara de mau deixou de lado a revista — que nunca leu para início de conversa — e está atento à nossa interação.

— O que há com ele? — pergunto baixinho, ainda com o rosto colado no peito do meu amigo.

— Não sei do que você está falando.

— Claro que sabe.

— Huh... ele não é muito de conversar, de modo que também optei pelo silêncio.

— Certo. Vou fingir que acredito.

— O que está insinuando?

— Não é uma insinuação. A energia entre vocês é forte o bastante para que eu possa tocá-la.

— Quanta imaginação, bebê.

Agora é a minha vez de revirar os olhos e ao voltar a focar nele, vejo que suas bochechas estão coradas. Apesar de ficar tentada a empurrar um pouco mais, algo me diz que Theo não quer se expor na frente do outro homem, então mudo de assunto.

— Eles disseram quando você será liberado?

— Amanhã, ao que tudo indica.

— Quer ir lá para casa?

Ele dá uma olhada rápida por cima do meu ombro. Parece inconsciente, mas eu consigo perceber a ansiedade.

— Eu não sei. Acho que prefiro ficar sozinho um pouco. — E então, como se lembrasse de algo, observa-me com cautela. — Você leu o jornal de hoje?

— Não, obrigada. Sempre pego um resumo dos acontecimentos no fim da tarde. Começar a manhã com um monte de notícias ruins não está entre as minhas três coisas favoritas.

— Camila...

O receio em sua voz me faz perceber que Theo não está dizendo tudo. Ao invés de perguntar a ele, volto-me para o outro homem.

— Meu irmão? — Estou me esforçando para controlar os tremores que atravessam meu corpo, mas como já falei com Lauren hoje, só me resta pensar em Ethan.

Apesar disso, tento racionalizar. Se algo tivesse acontecido a ele, Lauren estaria aqui pessoalmente para me dizer.

O homem sacode a cabeça, negando.

— Seu padrasto.

Talvez isso faça de mim uma pessoa má, mas eu relaxo na mesma hora.

— O que há de errado com Ramon? — pergunto a Theo.

— Ele foi preso.

— Preso? Por quê?

Theo me encara e então diz:

— Acho melhor você perguntar isso à sua namorada. Tenho a sensação de que ela sabe muito mais a respeito do que qualquer outra pessoa.

CAMREN: Confiar Outra Vez (G!P)Onde histórias criam vida. Descubra agora