CAMILA
A voz de Lauren vem de muito longe e minha mente está anestesiada, enquanto tento entender o que se passa.
Sinto-me tonta e não compreendo por que Ester tenta me forçar a ficar no sofá.
Eu disse a ela que o café estava com um gosto estranho e que não queria mais bebê-lo, mas pareceu irritada e insistiu que eu o tomasse.
No entanto, o que me pôs em alerta, foi a mudança em sua postura. Suas costas não estavam mais curvadas e ela não mais se parecia com a senhora frágil que encontrei algumas vezes no elevador.
Também havia algo em seu olhar que me fez sentir imediatamente que eu precisava sair daqui. Meus instintos demoraram a entrar em ação dessa vez, mas quando finalmente aconteceu, eu entendi que estava em perigo.
— Camila? — Ouço a voz de Lauren chamar e quero pedir que me ajude, mas a garganta parece fechada e por mais que force, não sai som algum.
Tento novamente me erguer, mas as pernas não conseguem me manter em pé. Uma letargia toma conta de todo o meu corpo, no entanto, sei que não devo dormir.
— Você não vai a lugar algum, sua puta.
Não são as palavras em si, mas o ódio escorrendo da voz da idosa, o que realmente me assusta.
Lauren volta a gritar meu nome e dessa vez a luta pela sobrevivência faz com que eu consiga responder.
Aquilo parece irritar a mulher porque Ester bate em meu rosto e tudo ao redor começa a escurecer.
Sei que não posso fechar os olhos, mas minha cabeça lateja.
Temendo ser agredida outra vez, fico parada para que ela pense que estou pior do que realmente me sinto. A dor é quase insuportável, mas a certeza de que preciso continuar lutando é ainda maior.
— Fique na porra do sofá ou eu estouro seus miolos — ela berra e só então noto que ela me bateu com o cano de uma arma.
De repente, todas as peças do quebra-cabeça começam a se juntar. Ela não é uma simples vizinha. Ela não se chama Ester. Ela só pode ser...
— Maria? — pergunto, mesmo já sabendo a resposta.
— Até que enfim, sua estúpida. Você é sempre tão lenta?
Um estrondo desvia sua atenção de mim por um momento e com o pouco de consciência que me resta, penso na mulher que eu amo e no lindo garotinho que eu desejo para filho, me esperando.
Eu não quero morrer.
— Camila!
Percebo que a porta foi destruída e Lauren está aqui conosco. Mais assustador do que todo esse pesadelo, é o seu olhar de desespero.
— Garota idiota. Você complicou tudo! — ela rosna para mim. — Nós iríamos sair daqui muito rápido! Você é uma inútil. Nem mesmo manter-se passiva consegue!
— Que porra você acha que está fazendo, sua doente? — Ouço-a perguntar.
— Mais um passo e ela está morta — a mulher ameaça. — Diga uma coisa, filha: durante todo o tempo em que me perseguiu, alguma vez se arrependeu de não ter obedecido nossas ordens naquele último dia? Porque por mais que tente vestir sua roupa de dama salvadora dos fracos agora, nós duas sabemos o quanto você é distorcida. Confesse que aproveitou cada minuto das surras que me deu.
O quê?
Lauren está pálida e imóvel, como se tivesse sido atingida por um tipo de veneno paralisante.
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CAMREN: Confiar Outra Vez (G!P)
Hayran KurguPureza versus devassidão. Luz versus escuridão. Amor versus vingança. Quando o destino une essas duas almas tão diferentes, a bilionária reluta em permitir que a atração avassaladora que sentem emerja, mas a decisão não está nas mãos dela. Camila...