Locke

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— Majestade! — Um dos Goblins apareceu, a criatura pequenina e usando o gorro vermelho familiar saindo de um buraco na terra. — Seu irmão! Seu irmão!

Kal ainda olhava a criatura semi-morta à sua frente, hipnotizado, mas com algum custo conseguiu voltar a atenção para o Goblin.

— Yan acordou?

— Não é Yan! — O homenzinho de pele marrom se encolhia nas sombras de uma rocha. — É Locke! Apareceu no limite das chamas, e... saiu! Entrou na mata, e está procurando pelo senhor!

— O quê? — Piscou, em choque, mas correu até sua montaria e saltou sobre a sela. — Onde?

— Perto do bosque de Land. Majestade... — agarrou as bordas do gorro, tremendo até os ossos — por mais que as chamas e a maldição ainda estejam longe, as águas já viraram sangue. O que está acontecendo? Por que Locke está fazendo isso?

Kal sibilou, xingando mentalmente.

— Eu não sei. Mas vou descobrir. Continue procurando, tanto Freya quanto Líon.

— Já procuramos em todo lugar, Majestade, mas eles não estão em parte alguma. Talvez... estejam lá. No meio da catástrofe. Não conseguimos descobrir nada por causa da contaminação do solo, só sentimos o sr. Locke por causa do tamanho de seu poder, mas...

Continue procurando.

— Sim, senhor — choramingou, voltando a sumir dentro do buraco.

Kal segurou as rédeas do cavalo com força, apertando os flancos e o fazendo alçar voo, e Entei, surpreendentemente, fez o mesmo.

— Para onde vai? — gritou contra o vento quando a criatura negra seguiu para o lado contrário. Na direção da montanha onde tinham armado acampamento.

Estava voltando para o seu cavaleiro.

Kal engoliu com força, tentando ignorar o calafrio que percorria toda a sua espinha, e seguiu em frente, até o bosque. Costumava ser florido, vivo, tanto de flora quanto de fauna graças ao espírito que costumava habitá-lo, mas agora a paisagem parecia apenas uma versão escura e fria do lugar. As águas da cachoeira estavam escuras, as flores secas e mortas, e a energia maligna era tão densa que era quase palpável.

— Locke! — chamou ao pousar, uma mão firme no cabo da espada em sua cintura. — Locke! Apareça de uma vez!

As árvores farfalharam por um tempo, o bosque em completo silêncio, mas podia sentir a presença. O poder do irmão, maior do que de costume. Maior do que deveria.

Estava perto, observando à distância. Brincando com ele, como uma fera com sua presa. Mas o que Locke aparentemente tinha esquecido, era que Kal era o irmão mais velho. E, por consequência, mais experiente.

E já tinha perdido a paciência.

Apareça! — grunhiu entre dentes, sacando a espada e a erguendo para cima, liberando poder.

O céu já nublado ficou ainda mais escuro, os ventos ficaram mais violentos, e o som de trovão estourava ao longe.

Sentiu a presença do irmão, escondido por entre as árvores, mirou a espada em sua direção e o agarrou pelo pescoço com seus ventos, o puxando com uma corrente forte que corria e assobiava pelo bosque, jogando o corpo de Locke dentro do riacho vermelho diante de si.

— Ora, ora... — o irmão riu em meio a tosses engasgadas, se levantando da água corrente aos tropeços. — Quem diria? O sempre tão justo e controlado Kal sendo violento com seu próprio sangue.

O que foi que você fez — grunhiu, seco. — Não quero saber de enrolações, Locke. Diga de uma vez, o que foi que você fez para espalhar essa maldição por nosso reino.

E o irmão, que antes sorria com malícia, contorceu o rosto em puro ódio e desprezo, vermelho da cabeça aos pés pelas águas contaminadas.

— O que eu fiz? — sibilou. — O que eu fiz? Por que não pergunta ao traidor do Líon o que foi que ele fez?

Kal piscou, única demonstração do choque que percorreu sua espinha.

— Onde está Líon — falou, a voz baixa.

E Locke voltou a sorrir, um sorriso cruel e sádico, e ergueu a mão repleta de anéis. Uma centelha de chama crepitou de seus dedos, passeando por eles como se fosse uma criatura viva.

— Fogo — sussurrou, inclinando a cabeça feito uma serpente. Até que ergueu a outra mão, enrolada com aquele fino e familiar cordão de ouro, e uma corrente vermelho-sangue do riacho se ergueu até ela, enroscando em seu braço. — Água.

Kal engoliu com força. Não... não podia ser...

Locke inclinou a cabeça para trás, os olhos turquesa revirando nas órbitas... e de repente o chão sob seus pés começou a tremer.

Cacete...

— Terra. — Seu sorriso sinistro alargou, e Kal reconheceu o escudo preso às suas costas. O irmão voltou a encará-lo, os olhos injetados irreconhecíveis. Mirando sua testa. — Vamos, Kal. Seja bonzinho, e me dê sua cabeça.

Enchanted Love StoryOnde histórias criam vida. Descubra agora