35. O mínimo que você merece

7 0 0
                                    

Enrich estava enfurecido.

Assim que entrei no estábulo abandonado nos fundos do castelo, que usávamos como um galpão de treino fechado e particular, tive tempo apenas de desembainhar a espada antes que ele viesse com tudo para cima de mim.

— Está atrasado — grunhiu, o aço das lâminas se chocando com um estrondo agudo.

O miserável era forte e pesado feito um touro, mas graças aos últimos minutos, em que precisei deixar uma Clarissa sedenta no quarto para ter que rolar naquela terra batida de estômago vazio e o pau em pé, podia dizer que também não estava no melhor dos humores.

— Com pressa de ter outro braço deslocado? — grunhi de volta, forçando sua espada para longe e partindo para a ofensiva. — Talvez imobilize os dois dessa vez.

— Cale a boca — cuspiu, o rosto contorcido. — Não está nem fazendo cócegas, seu merda.

A raiva inflamada de Enrich contra a minha frustração de tesão acumulado. Qual seria o grande vencedor daquela criancice?

Me lembrei das pernas grossas e nuas de Clarissa, o restante de seu corpo coberto pela minha blusa enquanto seus dedos me procuravam desesperadamente...

Argh, mataria o general.

Desgraçado. — Golpeei sua espada com força, sem parar, bloqueando suas investidas e tendo a satisfação de vê-lo recuar e perder terreno.

Até que, antes que pudesse prever, ele girou com uma habilidade fria e silenciosa, desviou do que prometia ser meu golpe decisivo... chutou a espada com força da minha mão e...

Porra!

Caí, desmoronei para trás, de cara no chão, quando seu punho me acertou com tudo na lateral do queixo.

— Tudo bem... — grunhi de dor, rolando na terra até ficar de joelhos e apoiando com cuidado a mão na mandíbula dolorida. — Você venceu. A raiva vence o tesão...

No entanto, Enrich não tinha terminado de descontar sua raiva, não estava nem perto, e gritou, um som alto e rasgado de puro ódio enquanto esmurrava a parede de madeira do galpão com um estrondo e abria um buraco.

Ah, maldição. Aquilo não era bom sinal.

Ali não, ali não...

Me levantei aos tropeços conforme ele tirava a mão repleta de farpas e arranhões dos pedaços pontiagudos com um puxão brusco e firme, pronto para repetir a dose com olhos injetados e a respiração perigosamente pesada...

Enrich!

Outro grito, a mão voltando com tudo na direção da madeira...

E o agarrei com toda a minha força, o afastando da parede e fazendo nós dois sairmos rolando pela terra batida, Enrich grunhindo e se debatendo como se uma fera quisesse sair de dentro dele.

Porque realmente havia uma.

— Nídhok não controla você. — Consegui me ajoelhar próximo a ele, segurando seus pulsos com força contra o chão. — Nídhok não controla você!

Mas suas pupilas começaram a mudar de forma, esticando e afinando como duas fendas enquanto o olho azul começava a perder a cor...

Um de vocês já foi para a cova, que tal se eu fizer o favor de mandar mais um? — Enrich falou com uma voz sibilante que não era sua, sorrindo feito uma serpente enquanto agarrava minhas mãos de volta.

Cacete.

— Você pediu por isso, desgraçado — grunhi entre dentes, apoiando as mãos em seu peito e conjurando o único feitiço que, na maioria das vezes, dava algum resultado, o atingindo com uma bola de fogo de tamanho considerável, mas sem força o suficiente para causar maiores danos.

Enchanted Love StoryOnde histórias criam vida. Descubra agora