32. Meu universo

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— Mandou me chamar, Majestade? — O general se postou diante da porta, os braços cruzados nas costas, enquanto um dos guardas pessoais do Rei a fechava atrás dele para dar privacidade.

O Rei Theodore III estava debruçado sobre a mesa, o rosto cansado analisando cada centímetro do mapa aberto de Paradise.

— Preciso da sua opinião sobre uma coisa, Enrich. — Gesticulou, o incitando a se aproximar. — Como já sabe, Marshall nos alertou sobre um possível problema naquela carta psicografada.

— É mais grave do que pensamos? — Parou ao seu lado, o rosto impassível. Sempre que podia, evitava demonstrar as emoções, tanto para não deixar os soberanos ainda mais agitados quanto para... bom, seu próprio bem.

— Me diga você. — O Rei o mirou pelo canto do olho, as sobrancelhas franzidas. — O que uma movimentação suspeita em Spes poderia significar?

O general piscou, único traço de reação que se permitiu demonstrar.

— Que tipo de movimentação? — perguntou, a voz controlada e inexpressiva.

Uma catástrofe?, a voz sibilante ronronou em sua mente, deliciada com a probabilidade, mas Enrich a calou.

— Do tipo maligna. Segundo Marshall, os homens do Marquês ainda não conseguiram descobrir o que está causando essa movimentação, mas podem sentir. Ao que tudo indica, o que quer que esteja acontecendo lá, envolve magia profana.

Enrich levou alguns segundos para reagir. Para entender.

— Está falando... da magia profana, Majestade? A que o Arquimago Locke despertou, séculos atrás?

Ah, nada como a boa e velha maldição devoradora de almas...

Cale-se.

— Precisamos sempre estar preparados para o pior. — O Rei voltou a encarar o mapa. — Ainda mais no que diz respeito a Tenebris. Desde a Divisão, quando a morte do Arquimago que as conjurou cessou as Chamas Negras, não houve qualquer indício de que voltariam a queimar. Mas você já sabe disso.

Alguns segundos tensos de silêncio, em que até mesmo aquela coisa dentro dele pareceu se aproximar para ouvir melhor.

— O que o faz pensar que poderiam voltar agora, Majestade? — Deu um passo cauteloso à frente, encarando o mapa também. O outro lado do Marine.

Seu estômago revirou, mas manteve a compostura.

— Resquícios daquela magia criaram o que existe hoje em Tenebris. O que alimenta aquela terra. Pode não ser a mesma, uma versão mais fraca daquela criada por Locke, mas de certa forma, ainda está lá. — O encarou de verdade dessa vez. — E se Inferis deu um jeito de trazê-la de volta à tona? E se pretendem soltar aquelas chamas em Spes?

Enrich travou a mandíbula, as mãos suando frio.

Chamas que não paravam de queimar. Que destruíam e devoravam toda e qualquer coisa que encontrassem pela frente. Spes seria apenas o ponto de partida se aquilo realmente fosse verdade.

Ah, então Locke, das profundezas do Submundo, finalmente mandou alguém forte e corajoso o suficiente para terminar o serviço. Parece que a Realeza Obscura se enganou ao acreditar que esse alguém seria...

— Como poderiam fazer isso de tão longe? — interrompeu, praticamente tapando a boca do maldito. — Desde que dominaram Spes, não houve qualquer frota que entrou ou saiu de lá. Estão inativos há décadas, é provável que os invasores que passaram a habitar a província já tenham morrido.

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