O Backhast negro

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Kal vasculhou pelos ares, sem encontrar qualquer sinal de Freya, e agora procurava por terra, cavalgando pela floresta vazia. Tanto os animais quanto os seres mágicos tinham fugido e abandonado suas tocas àquela altura e o ar estava pesado, carregado com o cheiro de fuligem e morte, por mais que as chamas ainda estivessem a quilômetros de distância. Mas seguiu em frente.

Chegou a uma pequena clareira e desceu da montaria, se agachando e tocando a terra com as duas mãos.

Encontre Freya... encontre Freya..., mentalizou, liberando sua magia. Deveria estar procurando o irmão mais novo, encontrando um jeito de reunir forças e acabar com aquele pesadelo, mas Yan usou seus últimos resquícios de consciência para avisar sobre ela. No mínimo, tinha um papel importante naquilo tudo.

Os ventos rugiram e chicotearam, as árvores farfalhando em resposta conforme sua magia procurava a essência de Freya pelo solo... quando o som de passos chamou a sua atenção.

Kal ergueu os olhos, torcendo para que fosse a figura esguia da Elfa à sua frente... mas não era. Na verdade, ele nem soube nomear o que via.

Parecia um cavalo alado negro, um Backhast, mas... aquela criatura não podia estar viva. Era esquelética, cada osso e articulação marcado na pele flácida, as asas pontudas e encouraçadas feito as de um morcego, e os olhos... brancos, leitosos... vazios.

— Que demônios é isso? — sussurrou conforme se erguia, devagar e em puro choque.

Por um momento pensou estar alucinando, mas a criatura que o encarava com olhos mortos começou a se aproximar, arrastando as patas pesadas no chão, relinchando, e parou diante do Arquimago.

— O que... quem é você? — Olhou com cuidado de cima a baixo.

A criatura relinchou mais uma vez, balançando a cabeça para cima e para baixo, e de repente sua própria montaria se aproximou, farejando o visitante. Não parecia assustada, então, apesar das aparências... talvez não fosse maligno.

Kal se inclinou para o lado, para dar mais uma olhada nas grandes asas que se arrastavam pelo chão... e piscou, sentindo o sangue virar gelo nas veias.

A criatura usava uma sela. Mas não qualquer sela.

A sela de Yan.

— Entei? — Olhou mais uma vez o grande cavalo, pura confusão e horror marcando suas feições.

A montaria do irmão era um belo garanhão negro, mas quando Yan apareceu à beira da morte no pé da montanha, estava sozinho.

Será que... Entei estava lá quando tudo aconteceu? Quando aquela coisa começou? Sabia que algo maligno acontecia além das chamas negras, mas... transformar uma criatura forte e saudável naquilo?

Quem mais tinha sido infectado com aquela doença? Será que havia mais sobreviventes? Será que... sequer existia uma forma de reverter aquela transformação?

— Céus... Locke, o que foi que você fez, droga?

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