O corpo do Arquimago estava pesado e mole, cambaleante, a visão de seus próprios pés errantes e trôpegos no meio da floresta ficando embaçada, mas se forçou a continuar, a prosseguir. Sua montaria não resistiu, seu pobre e belo Entei, caindo duro e inerte no meio do caminho por culpa da doença estranha que se espalhava preocupantemente rápido, e já fazia horas que seguia a pé, o fôlego ficando cada vez mais pesado. E fraco.
Mas conseguiu chegar ao pé da grande montanha, tentando olhar para cima... mas seus músculos não aguentavam mais, suas forças completamente exauridas, e ele finalmente desabou, o chão duro de terra e cascalhos arranhando seu rosto.
Precisava levantar, precisava abrir os olhos, mas não conseguia. Sua consciência agora estava por um fio.
Locke..., a imagem do rosto contorcido de raiva do irmão mais novo ainda estava bem fresca na memória. Locke... o que foi que você fez?
O ar entrava com dificuldade nos pulmões, mas felizmente Kal sobrevoava em seu Backhast, um garanhão branco como a neve, naquele exato momento enquanto voltava para casa, e o avistou na base da montanha.
— Yan! — Correu até ele assim que aterrissou, agarrando seus ombros e o virando para cima. — Irmão! O que aconteceu? — Dava tapas em seu rosto, tentando fazê-lo acordar. — Yan!
— Locke... — foi tudo que conseguiu balbuciar, a voz fraca e rouca. — Locke...
— O que aconteceu com Locke? — Kal ofegava, as mãos geladas. — Onde ele está?
— No bosque... o Monte Élfico...
O irmão mais velho enrijeceu, o fôlego ficando preso na garganta.
— Não... não me diga que... o incêndio...
Kal tinha recebido a notícia de que o bosque estava em chamas e foi rapidamente averiguar por conta própria. No entanto, o que encontrou foi uma catástrofe além da compreensão: um incêndio imenso de chamas negras que crescia mais a cada segundo, devorando toda e qualquer coisa que encontrasse pela frente. Voou de volta para casa tão rápido quanto o vento para reunir os irmãos e tentar impedir o avanço das estranhas chamas, mas...
— O que Locke tem a ver? — insistiu, tentando a todo custo obter uma resposta antes que Yan, o segundo irmão, perdesse a consciência por completo. — O que foi que aconteceu? Por que ele está lá?
Mas Yan mal conseguia manter os olhos abertos, gelado e pálido feito um cadáver, e apenas sussurrou antes de finalmente mergulhar no vazio escuro e profundo da inconsciência:
— Freya.