24. Eu confio em você

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Bati na porta do quarto alguns minutos depois, tentando manter os ombros eretos apesar do nervosismo.

"Mantenha a calma", Laríh falou antes de eu deixar o quarto. "Sei que está nervosa, mas ficar tensa só vai piorar tudo. Foque nas coisas boas que aconteceram entre vocês até agora, e não nos problemas. Pelo menos por enquanto. Tente relaxar."

Respirei fundo. Era mais fácil falar do que fazer, mas...

— Entre. — Veio a resposta abafada do outro lado, e fiquei arrepiada da cabeça aos pés.

Mas abri a porta com cuidado, a cabeça baixa, e voltei a fechá-la atrás de mim quando entrei.

O silêncio predominou por alguns segundos de pura tensão, e eu sabia que devia dizer alguma coisa, então me obriguei a erguer os olhos.

— Mandou me chamar? — Minha voz saiu baixa, mas prendi a respiração quando mirei seu rosto.

Ele usava uma calça marrom e camisa branca folgada, os pés descalços, e o cabelo estava úmido. E os olhos... me analisavam de cima a baixo lentamente, a boca entreaberta.

— Cacete... — murmurou, hipnotizado. — Não estava brincando quando falou das camisolas.

Mordi o lábio, certa de que todo o meu rosto estava vermelho.

Não entendia por que estar casada significava ter que usar aquele tipo de roupa para dormir, um pedaço de pano fino e quase transparente que mal cobria meu corpo, mas... era tudo que eu tinha.

Tente relaxar, repeti mentalmente, uma vez após a outra, como se fosse uma meditação. Tente relaxar, tente relaxar...

— Bom... — murmurei, contendo a vontade de fechar o robe de seda — estou aqui. O que... precisa que eu faça?

— O que eu preciso que faça? — repetiu com cautela, a voz baixa.

Me lembrei dos ensinamentos da minha mãe. Certo. Ele é quem... conduziria a coisa toda.

No entanto... esperei, mas ele nem se mexeu.

Avistei a cama pela visão periférica e obriguei meus pés a saírem do lugar, caminhando devagar e levemente hesitante até lá.

— Clarissa...

— O casamento precisa ser válido. — Parei diante do colchão e, com dedos trêmulos, comecei a despir o robe. — Eu disse que faria o que fosse preciso. Não se preocupe, milorde... sei qual é o meu papel nisso tudo.

No entanto, suas mãos quentes e calejadas me seguraram pelos ombros, impedindo que o tecido saísse do lugar.

— Não — falou, a voz rouca.

Pisquei.

— Não? — O olhei por cima do ombro, confusa. — Como assim não?

— Sei como está se sentindo, e que acredita que tudo não passa de uma obrigação. Mas não quero que pense assim. Não quero que se sinta assim.

— Milorde...

— Assim não, Clarissa. — Me soltou, relutante. — Você passou por muitas emoções de uma vez em um só dia. E ainda temos um tempo antes de chegar a Apóllon. Queria que tivéssemos mais, mas... — suspirou. — Por hoje, descanse.

Franzi o cenho, me virando para ele. Não parecia estar brincando, mas...

— Então... se não me chamou para isso... por que estou aqui?

Martynes... Marshall franziu as sobrancelhas, como se fosse óbvio.

— No seu quarto? — falou devagar.

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