39. Teste de paciência

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Aura encarava a enorme estante da biblioteca do Santuário, mordendo o lábio conforme corria os olhos pelos títulos nas lombadas, em busca de algo que pudesse ter as respostas que buscava.

Nymphas insuportáveis, era o que pensava com seus botões.

Se não fosse sua reclusão e completa aversão a humanos, teriam muito mais conhecimento sobre as espécies, suas habilidades e cultura. Mas, é claro, eram seres teimosos e temperamentais, e tinham que dificultar seu trabalho.

A sacerdotisa bufou, andando lentamente pelo corredor entre as estantes, sempre olhando para cima e procurando.

Gostava apenas dos considerados traidores. Esses, sim, ajudavam de alguma forma, não apenas procriando os famosos híbridos, mas também porque eram mais maleáveis. E, de vez em quando, aceitavam contar os segredos da espécie a um ou outro pesquisador. E era isso que procurava, um livro que tivesse o relato de algum Elfo desertor.

Se é que tal material existia, claro. Elfos eram extremamente leais ao clã, não se deixavam levar pela lábia dos humanos tão fácil quanto outras espécies.

— Vamos lá... — murmurou baixinho, quase na ponta dos pés enquanto procurava em todos os livros sobre nymphas que tinham à disposição, o que não era muito. — Só um Elfo que pulou a cerca. É só do que eu preciso.

Christa confirmou sua teoria de que as Silkies não se davam com os Elfos. E disse ainda que a desavença se deu por causa de uma Elfa específica, mas que não conviveu o suficiente com as nymphas aquáticas para ouvir a história completa e descobrir seu nome.

Silkies eram vaidosas e extremamente orgulhosas, então não seria nenhuma surpresa se o motivo da intriga com a tal Elfa tivesse algo a ver com um possível relacionamento proibido com um humano.

A pioneira do movimento dos traidores, talvez?

— Vamos lá... — Começou a esfregar a pulseira vermelha em seu pulso, cada vez mais ansiosa ao dispensar uma prateleira depois da outra. — Vamos lá...

— Procurando uma nympha para algum sacrifício, bruxa? — Velkan apareceu de trás de uma estante como se tivesse sido invocado, sorrindo todo cheio de si pela piada.

Aura bufou.

— Suma daqui. Estou ocupada.

— E eu estou apenas cumprindo ordens. Vim te buscar. O banquete já está para começar — acrescentou antes que pudesse enxotá-lo dali. — Só falta você, alba.

Sibilou, xingando baixinho. Tinha se esquecido do bendito banquete.

— Tudo bem — cedeu, dando uma última olhada ansiosa nas várias lombadas de livros. — Eu... acho que posso continuar depois.

— Procura algo específico? Não que importe, mas conheço a rotina de um Grande Sacerdote. Já li esses livros incontáveis vezes, é só perguntar.

Aura riu com desdém, passando pelo conselheiro e seguindo pelas fileiras de estantes até a saída.

— Não preciso de ajuda para desempenhar meu papel, mas obrigada pela preocupação. Sua tentativa foi adorável.

No entanto, o joguete da ignorância para desviar do assunto não deu certo. Não quando Velkan conseguia ser tão certeiro nos momentos mais inoportunos possíveis.

— Tem a ver com a descendência nympha da Princesa, não tem?

Aura estancou no lugar. E o olhou com cuidado por cima do ombro.

Velkan estava um passo atrás dela, tranquilo e despreocupado, as mãos nos bolsos da calça.

— Como sabe disso? Marshall queria que fosse segredo.

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